sexta-feira, 15 de julho de 2016

AMANHÃ, NAS BANCAS, MAIS UMA EDIÇÃO DO JNE, COM UMA CONVERSA COM CRISTINA LEITES


Amanhã, nas bancas, mais uma Grande Entrevista no «Notícias de Esposende». À conversa com Cristina Leites, cega de nascente, licenciada, é desde 2001 a telefonista da Câmara Municipal de Esposende.

É UMA ENTREVISTA SURPREENDENTE.

VALE A PENA LER.

“…Nasci cega total, e segundo o meu oftalmologista, o nome da minha cegueira é denominada de hipoplasia nervosa dos nervos óticos…

…Apesar de ser cega dou muito valor às cores. Interpreto-as, tendo em conta alguns aspetos sensitivos que considero cruciais para cada uma delas…

…As tarefas domésticas são todas realizadas por mim, e para tal, tenho de recorrer aos outros sentidos: tato, olfato, audição, e mesmo ao paladar quando estou a cozinhar. Como não sou dotada de visão tenho de ser rigorosa, metódica, para que as tarefas saiam bem…

…Alguns munícipes pedem para falar com um certo colega mas não sabem o nome… Sabem apenas que é muito cheiinho, sorridente, de cabelo e olhos com uma determinada cor…

…No nosso local de trabalho somos todos solidários uns com os outros, e colaboramos sempre em tudo o que é necessário…

…Dei aulas durante alguns anos, sempre com horários incompletos, chamavam-me a meio do ano para cumprir horários de colegas que metiam atestados, e isso não me deixava segura profissionalmente…

…Os meus pais estiveram sempre presentes nos bons e maus momentos da minha vida...

…Seria bom que a maioria das pessoas nos respeitassem, nos integrassem, mas não é verdade. Sem se aperceberem, excluem-nos muito no dia-a-dia. Falam muito em pessoas normais, perfeitas, e em pessoas que não nasceram perfeitas – os deficientes. Não concordo. As pessoas que veem não são normais, mas sim “ditas normais”, porque todos nós temos limitações, umas mais notáveis do que outras…

…No meu entender, é necessário lutar a sério contra a exclusão social. Esta luta deverá ser feita diariamente, sempre que se justifique, e a maior parte das vezes isso não acontece. A sociedade lembra-se muito dos deficientes quando se aproximam determinadas datas marcantes, e se os órgãos de Comunicação Social estiverem presentes, melhor…

…Tenho tantos sonhos… Viajar pelo mundo, andar de parapente, de balão… O parapente é algo que me atrai, porque gostava de me desvincular da terra durante uns minutos, e sentir o céu mais perto de mim, de me sentir “pássaro”, de sentir o vento de uma maneira diferente…

…Leio todas as notícias “online” e considero-as enriquecedoras… O “JNE” dá-me a possibilidade de aceder a assuntos diversificados, e isso é gratificante para mim…”



Um magnífico exemplo de superação e de querer, numa sociedade, por vezes, tão injusta e cruel, onde contam mais os números do que as pessoas. Apenas é publicada uma parte da entrevista, mas em breve será publicada completa. Um abraço, forte, deste amigo e obrigado pela conversa tão agradável e surpreendente que tivemos. Vai surpreender e muito, todas os leitores.

MF


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