A nova
Vida que nos espera.
Estou,
por estes dias, como muitos de vós, a tentar resguardar-me e assim resguardando
as outras pessoas e a evitar deslocações, pelo menos aquelas que são
prescindíveis – embora a minha condição de cidadão e de empresário, assim como
as funções de autarca que exerço me obriguem a sair para realizar determinadas
tarefas, o certo é que, como o maior parte de vós, também tenho vindo a mudar
as minhas rotinas e tenho passado mais tempo em casa, com a família, em
tele-trabalho…
As
notícias que nos vão chegando, a todo o momento, não são as melhores, bem pelo
contrário, trazem-nos, minuto a minuto, números, situações, relatos e
realidades desesperantes.
Esta
pandemia veio lembrar-nos que afinal o controlo que julgávamos ter sobre tudo e
sobre todos, ruiu como um castelo na areia. O brutal desenvolvimento
informático e tecnológico das últimas décadas teve muito de positivo, mas
fez-nos pensar que o poder do homem era ilimitado, que tinhamos o mundo nas
mãos. Não é verdade. Sabemo-lo agora, de uma forma bem dura e cruel.
Ficamos
ainda a saber que há factores, elementos e acontecimentos impossíveis de
controlar, muitos deles por nossa própria culta e responsabilidade. Vejam-se as
questões ambientais, a poluição, o abate de floresta, os incêndios e muitos
outros exemplos de má gestão…
Os sinais
não tem faltado, mas andávamos todos ocupados com o desenvolvimento da
tecnologia, com as redes sociais, com o diz que diz, com os mercados, com os
bancos… deixando para trás a fome e a pobreza que afetam uma parte
significativa da população mundial…
Os
terramotos e os maremotos, a destruição dos glaciares, os ciclones, enfim,
enfim…
Muitos de
nós, demitindo-nos das nossas responsabilidades, permitimos a eleição de
medíocres, de políticos impreparados e de dirigentes sem escrúpulos, onde o
futuro da humanidade e do planeta são insignificâncias. Assim perde-se a
legitimidade para exigir e para criticar. O futuro depende de todos, como tal,
temos a responsabilidade de participar ativamente nas instituições. Quando tal
não nos for possível, que participemos nos atos electivos, para que os nossos
governantes não sejam eleitos por omissão e apenas por uma parte minoritária da
população…
Acredito
que Portugal vai conseguir mitigar esta pandemia e que daqui por uns meses
possamos estar a reerguer-nos e a reinventar-nos. Os portugueses são um povo de
coragem e de iniciativa, por isso capazes de dar a volta por cima e de tocar a
vida para a frente. Que daqui por uns meses possamos ver este momento da nossa
vida colectiva como um pesadelo e tomemos medidas para ajustar a nossa vida e
as nossas vivências a uma nova realidade…
Não vale
a pena atribuir culpas à China. Tivemos vários meses para nos prepararmos e
aqui refiro-me a todos os demais países e não o fizemos. Desvalorizamos aquilo
que estava a olhos vistos e não fomos capazes de, desde logo, pôr-mos em
prática um plano de defesa que nos preparasse a todos e em especial ao nosso
sistema nacional de saúde, dando-lhe meios e recursos, que hoje escasseiam e
são essenciais para o sucesso do combate ao Covid-19. Não fomos capazes de nos
equiparmos, porque estivemos distraídos e entretidos a discutir aeroportos,
terminais de contentores, ajudas aos bancos, cativações, Marcelos, Costas,
Centenos e Rios, eutanásias e futebóis…
Notou-se
uma inexistência total de uma União Europeia atenta, atuante e solidária. Não
tivemos "estadistas" à altura dos acontecimentos. Resta-nos agora
correr atrás dos prejuízos… de derramar lágrimas de lamentar, de
desesperadamente esperar que não nos toque a nós nem aos nossos…
Para que
servem afinal as instituições europeias, cheias de burocratas, máquinas que
lutam por interesses políticos e partidários e que ficam sem tempo e se
esquecem da razão de ser, que são as pessoas, os europeus e a sua qualidade de
vida.
Por estes
dias vê-se a UE a falar em injectar dinheiro na economia e por cá o governo a
falar no apoio às empresas… nas linhas de crédito, como se isso vá resolver
alguma coisa.
Por favor
parem. Estamos a ir por maus caminhos. As soluções que estão a ser apresentadas
pelo Governo não vão resolver coisa nenhuma. Neste caso, em Portugal, penso que
o que devia ser privilegiado era o apoio direto aos trabalhadores, do tipo,
pagar-lhes 75 a 80% dos seus vencimentos, durante este período de inactividade
involuntária, porque este apoio direto garantia a todos, um mínimo de
subsistência e desta forma havia a certeza de que o dinheiro chegava às
famílias portuguesas, para que todos fossem sobrevivendo e cumprindo com as
suas responsabilidades. O apoio às empresas podia passar antes pelo
financiamento e por um alívio da carga fiscal. Se for injectado dinheiro
directamente nas empresas, que já por si viveu com parca saúde financeira, vai
significar que o dinheiro não vai resolver nada, porque apenas vai tapar
buracos já existentes e nunca chegará aos trabalhadores.
Sobre
futebol, desculpem-me este aparte, porque já estou farto do que vou lendo e
ouvindo, é claro (e fala-vos um benfiquista) que o título deve ser entrega à
equipa que se encontra em primeiro lugar, assim como toda a classificação deve
ser homologada de acordo com a classificação geral, aquando da paragem.
Deixem-se de tretas e de clubites agudas e doentias e sejamos justos, vence
quem vai à frente.
As
escolas só deverão reabri em Setembro, também aqui contarão as notas deste
segundo período, porque situações anómalas exegem soluções excepcionais.
E já
agora, que depois desta pandemia, que a todos nos atingiu a vários níveis; Ao
nível da saúde, enquanto bem mais precioso que podemos ambicionar, a nível
social e económico, que saiamos todos cientes de que nos vamos deparar com uma
nova realidade, que tenhamos uma outra atitude face à família e à própria
sociedade, que saibamos priorizar e dar importância às coisas simples da vide,
como o convívio e a solidariedade.
A minha
homenagem vai não só para todos os profissionais de saúde (embora estes mereçam
uma referência e um agradecimento muito especial), como para todos os demais
trabalhadores, sem exceção, porque se há coisa que ficou clara é que todas (ou
quase todas) as profissões, são vitais, porque se complementam e nos permitem
usufruir dos produtos e serviços que todos os dias consumimos ou dos quais
desfrutamos.
Que
depois de tudo isto… saibamos…
Aprender
com os erros do passado,
Que não
somos donos do mundo,
Que o
mais importante é a família e os amigos,
Que a
experiência e o saber dos mais velhos é importante,
Que o
trabalho não é tudo,
Que
dependemos uns dos outros, porque nos complementámos,
Que todas
as profissões são dignas e merecedoras do nosso respeito,
Que o
dinheiro, fazendo falta, não é tudo,
Que
devemos amar todos os dias e a toda a hora,
Que a
Vida volte à (a uma nova) normalidade,
E que a
felicidade, muitas vezes, está nas pequenas coisas.
E sigamos
em frente, porque apesar de todo o mal, ainda não é este vírus que nos vai
derrotar.
E porque
a vida são momentos, uns bons, outros nem tanto, lutemos por sermos felizes,
porque a felicidade está em nós!
Mário