segunda-feira, 4 de julho de 2016

À CONVERSA COM LAURENTINA TORRES PRESIDENTE DO GRUPO DE SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA



LAURENTINA TORRES, PRESIDENTE DO “GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”, UM DOS GRUPOS FOLCLÓRICOS MAIS ANTIGO E TRADICIONAL DO PAÍS

“…Este Grupo foi fundado em Agosto de 1937 por António Fernandes Torres, à época Presidente da Junta de Freguesia de Apúlia. Era, então, Presidente da Câmara de Esposende o Padre Sá Pereira que recebeu do Governo português ordem para mandar ao Palácio de Cristal, no Porto, uma delegação representativa deste Concelho…”

“…Ser Presidente de Câmara foi uma experiência extraordinária que me ajudou a conhecer melhor as pessoas, a aprofundar o sentir de cada um, e a ajuizar do cinismo e da falsidade de alguns. Foi algo que influenciou drasticamente a minha vida, gostei de ter passado por tal vivência… mas por nada voltaria, agora, a repeti-la…”

“…Ainda ninguém explicou por que razão o Casino da Póvoa continua a contribuir para aquela cidade… e nunca mais veio nada para Esposende…”

“…Gosto francamente deste semanário, sobretudo pela diversidade de informação que nos traz, e também pelos artigos de opinião. Sempre admirei as pessoas que se dispõem a escrever, tantas vezes focando algo que se desconhecia, e que nos esclarece. Os artigos de opinião ajudam-nos, muitas vezes, a olhar com mais atenção os problemas e as atitudes que poderão alterar situações ou factos condicionantes da vida de cada um. Parabéns por isso.”

Laurentina Veloso Fernandes Torres Losa Faria nasceu no dia cinco de junho do ano de 1937. É natural da Vila de Apúlia, onde sempre residiu. É professora, já aposentada. O seu percurso profissional levou-a a várias paragens, tendo passado por escolas de vários pontos do país e mesmo uma ida, de 2 anos a França, onde esteve a lecionar.
Foi vereadora e presidente da Câmara Municipal de Esposende. Está há mais de 20 anos ligada aos Sargaceiros de Apúlia, sendo presidente há… 3 anos.

CARA PROF. LAURENTINA TORRES, VAMOS FALAR UM POUCO DO SEU PERCURSO E DOS SEUS GOSTOS PESSOAIS. PRIMEIRO TIROU O MAGISTÉRIO PRIMÁRIO E MAIS TARDE LICENCIOU-SE EM ESTUDOS SUPERIORES ESPECIALIZADOS, ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR. A SUA FORMAÇÃO ESCOLAR E ACADÉMICA POR ONDE PASSOU?
“Escola primária em Apúlia; Liceu Eça de Queiroz, Póvoa de Varzim; Liceu Sá de Miranda, Braga; Escola do Magistério Primário, Braga; Escola Superior de Educação, Fafe.”

O QUE É QUE GOSTA MAIS DE FAZER?
“Tanta coisa!... mas gosto, essencialmente, do convívio com amigos verdadeiros e leais, que se preocupam comigo, querem o meu bem estar, e me ajudam a ultrapassar momentos difíceis sem nada pedirem em troca.”

E OS SEUS TEMPOS LIVRES, EM QUE É QUE OS OCUPA?
“ São muito poucos os meus tempos livres mas, mesmo assim, leio, ponho em dia a minha correspondência, visito familiares e amigos.”

E AO NÍVEL DA ESCRITA E DA LEITURA. QUAIS SÃO AS SUAS PREFERÊNCIAS?
“Os clássicos: poesia, romance e narrativa – Ruy Belo, Pedro Homem de Melo, Fernando Pessoa, Camilo, Alexandre Dumas.”

E HOBBYS?
“Gosto muito de fazer experiências de culinária, nomeadamente sobremesas.”

COMO CLASSIFICA A VILA DE APÚLIA?
“Apúlia é uma terra com caraterísticas muito específicas: uma parte urbana, outra rural. Não se confundem, nem se chocam. A população é pacífica, ordeira e calma. Por vezes até demais, ao ponto de não reagir, mesmo quando prejudicada. Em suma, Apúlia é uma vila tranquila e  acolhedora onde todos se conhecem e se respeitam. É muito bom aqui viver.”

E O CONCELHO DE ESPOSENDE, O MESMO QUE A SENHORA CHEGOU A PRESIDIR?
“Do concelho de Esposende, no seu todo, guardo a melhor e mais gratificante das recordações. Ainda agora, ao fim de tantos anos, sinto e vivo o carinho e o respeito de todos, e note que a amizade que me manifestam não tem rigorosamente nada a ver com qualquer conotação política ou partidária. São pessoas simples como eu e que sabem distinguir o trigo do joio. É admirável o carinho que me dispensam! Estou muito grata por isso.”

QUAL FOI A SUA OBRA MAIS IMPORTANTE À FRENTE DA CÂMARA?
“Foram várias, mas todas à custa de muito sacrifício, de muito ouvir, saber e calar… As lutas e os interesses partidários no seio de qualquer município são prejudiciais ao mesmo já que projetos há que, por força de influências várias, levam muito mais tempo a serem concretizados e, por vezes, até passam para mandatos seguintes. Enfim… é a política que temos! Veja-se, por exemplo, a Área de Paisagem Protegida que levou um ano a ser concretizada e, no próprio dia da sua instalação, verificou-se a tentativa de persuadirem o Secretário de Estado a fazer meia volta e faltar ao ato de posse. Tive conhecimento imediato do encontro que estava a realizar-se no restaurante Marinheiro, concelho da Póvoa de Varzim onde, para além de vereadores, estava também o Governador Civil de Braga. O Secretário de Estado chegou, explicou-me o que se passou, porque não cedeu, então, à pressão, e agradeceu a compreensão. Mais uma vez ouvi, soube e calei… para bem de Esposende.”

O QUE É QUE FICOU POR FAZER?
“Todos os projetos que candidatei ao Fundo do Turismo, por força da nossa proximidade com o casino da Póvoa de Varzim… e que também levaram um ano a ser aprovados, depois de muita persistência. Foram cerca de um milhão e quinhentos mil euros – obras a executar no mandato seguinte. Ainda ninguém explicou por que razão o Casino da Póvoa continua a contribuir para aquela cidade… e nunca mais veio nada para Esposende.”

COMO AVALIA A SUA PASSAGEM PELA POLITICA AUTÁRQUICA?
“Experiência extraordinária que me ajudou a conhecer melhor as pessoas, a aprofundar o sentir de cada um, e a ajuizar do cinismo e da falsidade de alguns. Foi algo que influenciou drasticamente a minha vida, gostei de ter passado por tal vivência… mas por nada voltaria, agora, a repeti-la.”

O QUE ACHA DA ATUAL CRISE QUE SE VIVE EM PORTUGAL E EM VÁRIOS OUTROS PAÍSES?
“À medida que os tempos vão passando, cada vez se torna mais corrente a ambição daqueles que fazem carreira da política, e fazem-no não para servirem a sociedade que os elegeu,  mas para se servirem dela. Por sua vez a maior parte das famílias vive, atualmente, para além das possibilidades reais de cada um, e a crise vai-se instalando. É assim em Portugal, é assim em quase todo o mundo. Primeiro, há necessidade de se exigir aos governantes honestidade e rigor, seja a nível nacional, seja a nível local; depois escolham-se para os cargos respetivos pessoas de caráter, com provas dadas, e não protegidos deste ou daquele partido. Quando assim for, então os resultados serão bem diferentes, e os enriquecimentos repentinos e surpreendentes deixarão de existir.”

VAMOS AGORA FALAR DO “GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”

QUEM FORAM OS FUNDADORES DESTE GRUPO FOLCLÓRICO?
“Este Grupo foi fundado em Agosto de 1937 por António Fernandes Torres, à época Presidente da Junta de Freguesia de Apúlia. Era, então, Presidente da Câmara de Esposende o Padre Sá Pereira que recebeu do Governo português ordem para mandar ao Palácio de Cristal, no Porto, uma delegação representativa deste Concelho. E o Presidente da Câmara encarregou António Torres de organizar aquela mesma delegação. Realizava-se, então, no Porto a Primeira Grande Exposição do Mundo Colonial Português. A delegação de Esposende foi, assim, composta por 30 agricultores, com o seu traje caraterístico de sargaceiros, e 30 mulheres, também elas vestidas com o traje de ir ao mar ao sargaço, para além dos utensílios que cada um utilizava na “Mareada” – galhapão, graveta e carrela.
O sucesso daquela delegação foi tal, que daí resultou o Grupo dos Sargaceiros, nunca mais parando até aos dias de hoje.”

ESTE GRUPO NASCE COMO “GRUPO DOS SARGACEIROS DE APÚLIA” E MAIS TARDE É INTEGRADO NA CASA DO POVO DE APÚLIA, PASSANDO A TER A DESIGNAÇÃO QUE AINDA HOJE OSTENTA “GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”. FALE-ME UM POUCO DESTE PERÍODO E DA PRÓPRIA HISTÓRIA DO GRUPO.
“Em 1940 António Torres funda, também, a Casa do Povo e nela integra o Grupo de Folclore que passa, assim, a designar-se Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia. Até ao 25 de Abril os grupos de folclore existentes no país eram tutelados pelo SNI – Secretariado Nacional de Informação. Os convites e as atuações de cada grupo eram controlados por aquele organismo do Estado. Lembro-me, como exemplo, a iniciativa do dono do Hotel Ofir, eng. Sousa Martins, que decidiu criar um grupo folclórico de sargaceiros do Ofir. Foi de imediato proibido de o fazer, justamente pelo SNI.”

QUAIS FORAM OS MOMENTOS MAIS IMPORTANTES, DESDE A FUNDAÇÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE?
“Foram muitos os momentos altos por que passou o Grupo dos Sargaceiros, pelo que referirei apena alguns, desde o apuramento para a Primeira Olimpíada Europeia de Folclore em Lisboa, em 1958, com Grupos de vários países, e que manteve o Grupo dos Sargaceiros até à final; A Taça “Abril em Portugal”, 1.º prémio, em Lisboa, no ano de 1968; os Troféus de Qualidade do Inatel em 1999/2000, e novamente em 2007, por ter sido considerado, a nível nacional, o melhor agrupamento etnográfico.”

SEI QUE JÁ REALIZARAM INUMERAS SAÍDAS AO EXTERIOR. QUE DESTINOS TIVERAM ESSAS SAÍDAS?
“Na verdade desde o Brasil, Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Suíça, até Madeira e Açores, o Grupo é requisitado constantemente para outras deslocações a que condicionantes de vária ordem nos impedem de corresponder, nomeadamente de caráter económico. Infelizmente todos os anos rejeitamos convites que nos chegam através da Federação do Folclore Português para Hungria, República Checa, Polónia, Áustria, Croácia, Eslovénia. Na verdade, enquanto neste país a cultura tradicional do seu povo for considerada como algo menor, os Grupos de Folclore terão que continuar a bastar-se a si próprios ou, eventualmente, a viver de pequenas doações de algumas pessoas que se vão sacrificando por amor à tradição das terras que os viram nascer. Vamos continuar a esperar por dias melhores.”

COMO SÃO CONSTITUIDOS, HOJE, OS ORGÃOS SOCIAIS?
“No caso específico deste Grupo, os Órgãos Sociais que o regem são os da Casa do Povo de Apúlia, já que o Grupo dos Sargaceiros, bem como o Grupo Infantil, integram a Secção de Folclore da Casa do Povo e são tutelados por esta. Assim, a sua sede é a Casa do Povo, onde ensaiam todas as sextas-feiras à noite; por sua vez o Grupo Infantil ensaia às segundas-feiras, pelas 19:30h.”

É AÍ QUE ENSAIAM E ATUAM E ONDE GUARDAM O ESPÓLIO DO GRUPO?
“Quanto ao espólio do Grupo, e é muito, está guardado em casa de confiança, até que tenhamos condições para o expor. Temos espaço, numa sala excelente, construída para o efeito, falta-nos, apenas, mobiliário para se organizar a necessária exposição. Contudo é justo que se diga – o Grupo não tem qualquer capacidade económica para dar início a esse trabalho, todas as suas atividades, bem como da Casa do Povo, são sem fins lucrativos, não há quaisquer rendimentos, e só com muito esforço se vai pagando o consumo mensal de água e luz. Assim, vamos esperar por melhores dias.”

E MUSEU. COM TANTO ESPÓLIO JÁ PENSARAM EM CONSTRUIR UM MUSEU?
“Na verdade o espólio dos Sargaceiros daria um museu extraordinário, tal como possuem já muitos grupos ao longo do país, nomeadamente nas Beiras e mais a sul. A visão que se verifica por parte das entidades competentes das diversas regiões, no que se refere aos grupos de folclore, diverge muito de norte a sul e, em cada região impera o gosto, a sensibilidade, o conhecimento, e até a visão de futuro – só assim se poderá atribuir aos grupos de folclore deste país, verdadeiros embaixadores da região que representam, o lugar e a dignidade a que os mesmos têm, de facto, direito.”

O TRAJE DO SARGACEIRO UTILIZADO PELO GRUPO FOI SEMPRE O MESMO, OU TEM SOFRIDO EVOLUÇÃO?
“O traje do sargaceiro é, desde tempos imemoriais, o mesmo, sem a mínima alteração. A comprová-lo guardamos, e podemos apresentar fotos dos séculos XVIII e XIX que mostram, sem qualquer dúvida, o sargaceiro na atividade da apanha do sargaço sempre com branqueta tal como o Grupo a apresenta.”

CONTINUAM A DANÇAR DESCALÇOS, SENDO UMA DAS PRINCIPAIS MARCAS DO GRUPO?
“Na verdade nem de outro modo se compreende um sargaceiro na areia da praia ou a entrar na onda do mar com tamancos ou com botas. No Grupo dos Sargaceiros, quer chova ou faça sol, quer seja frio ou calor, quando se está trajado é dos pés à cabeça, e não se admitem quaisquer outros elementos que abastardem a tradição.”

E A ATIVIDADE DOS SARGACEIROS AINDA PERSISTE EM APÚLIA, OU AGORA É MAIS SIMBÓLICA?
“Em Apúlia a atividade da apanha do sargaço mantém-se, desde que o mar o dê. Não já com galhapão ou graveta mas, de uma forma mais prosaica embora nada tradicional, com o uso dos tratores. O agricultor de Apúlia sabe bem quanto o sargaço é benéfico para as suas culturas por isso entra no mar com a cesta do trator, enche-a de sargaço, e leva-o diretamente para os campos. Decorrido um mês lavra a terra, grada-a e faz a sementeira, ou a plantação. Não é por acaso que os legumes de Apúlia são tão procurados nas feiras das imediações, nomeadamente em Barcelos. Pensando bem, quando tanto se defende a agricultura biológica, pois em Apúlia desde sempre a mesma se praticou e pratica, assim continue a haver sargaço no mar.”

QUAIS SÃO AS VOSSAS PRINCIPAIS NECESSIDADES?
“Apoios oficiais que permitam manter o Grupo dos Sargaceiros com a dignidade que se lhe exige de forma a continuar a corresponder ao que dele se espera.”

E A AUTARQUIA LOCAL E O MUNICIPIO AJUDAM? COMO É O RELACIONAMENTO COM ESTAS ENTIDADES?
“Tanto a autarquia local como o município procuram ajudar, dentro das condicionantes que os regem. É muito difícil gerir situações que vão surgindo sem um regulamento rigoroso que permita tomar decisões sobre esta matéria. Enquanto não for redigido e aprovado tal regulamento compreende-se as dificuldades que surgem perante a enorme diversidade de interpretações do que é, de facto, o folclore e a etnografia de cada localidade. Naturalmente que algo será necessário fazer…mas não nos cabe a nós essa iniciativa.”

QUANTOS ELEMENTOS É QUE O GRUPO TEM O ATUALMENTE?
“Atualmente o Grupo rem inscritos 57 elementos, mas nem todos têm igual disponibilidade para participarem regularmente quer nos ensaios, quer nas atuações. Assim, uma média de 40 elementos satisfazem perfeitamente as ações exigidas ao Grupo.”

SÃO TODOS DE APÚLIA?
“Todos de Apúlia, ou com família aqui constituída, até porque neste Grupo, dadas as suas caraterísticas específicas, é essencial que cada um dos componentes se orgulhe do que representa. Reconhecemos que nem sempre é fácil um homem despir-se, envergar uma branqueta de lã, que o pica nas costas, e fazê-lo desfilar descalço, quantas vezes por ruas empedradas, outras vezes por alcatrão a ferver. O mesmo se passa com meninas, normalmente estudantes, de pés sensíveis, que são também sujeitas a igual sacrifício.”

QUAL É O VALOR DO VOSSO ORÇAMENTO ANUAL?
“O orçamento deste ano é de 18.000,00€ o que se torna, para nós, numa grande dor de cabeça. As atuações a efetuar são por projetos de intercâmbio o que significa que a deslocação do Grupo é da sua responsabilidade. Constata-se que, por todo o país, grande número de grupos de folclore estão a parar as suas atividades ou até mesmo a desistir. Não é o caso dos “Sargaceiros”. Vamos continuar, vamos fazer os sacrifícios que forem necessários, vamos desenvolver outras atividade…e haveremos de chegar ao fim do ano de cabeça levantada, e orgulhosos da nossa própria identidade. Como costumam dizer alguns dos componentes mais corajosos “Um sargaceiro nunca dá parte de fraco.”

QUAIS SÃO AS PRÓXIMAS ATUAÇÕES. JÁ ME DISSE QUE NO DIA 25 DE AGOSTO VÃO ATUAR À MADEIRA. QUAL É O PROGRAMA DESSA SAÍDA?
“A partida está prevista para o dia 25 de Agosto e o regresso a 31 do mesmo mês. Na verdade os nossos amigos do Grupo Folclórico da Ponta do Sol gostariam que alargássemos um pouco mais a nossa estada com eles mas não podemos esquecer que alguns dos nossos elementos trabalham. Ainda não dispomos do programa que para nós fizeram, mas sabemos já que atuaremos a 27 de Agosto na Ponta do Sol, a 28 no Funchal, a 29 na Camacha e talvez a 30 em S. Vicente. Estivemos na Madeira há dez anos, e já todos estão com vontade de nos receberem novamente. É assim o verdadeiro folclore, amizades que ficam para toda a vida.”

SENHORA PRESIDENTE, ACHA QUE A JUVENTUDE DÁ VALOR AO FOLCLORE? E OS ESPOSENDENSES?
“Atualmente as muitas solicitações a que a juventude está exposta confunde-a e, por vezes, desorienta-a. Contudo verifica-se que, quando os jovens se compenetram da sua própria responsabilidade, vêem o exemplo dos mais velhos, e vivem a alegria de serem reconhecidos e aclamados pelo que representam, ficam empolgados e assumem-se como continuadores da tradição da sua terra. Em Esposende é diferente. Dado tratar-se de uma cidade, há dois tipos de residentes – aqueles que se identificam com a sua terra e que, por isso, dão valor e gostam do folclore, e os que, embora residindo em Esposende, não estão ali ligados por laços de afeição ou de família, mas sim porque ali é o seu trabalho, e a esses, de facto, o folclore local não lhes diz nada.”

QUAIS SÃO OS SEUS OBJETIVOS PARA O FUTURO PRÓXIMO?
E O SEU SONHO, SENHORA PRESIDENTE?
“Procurar criar as condições necessárias para que o  Grupo dos Sargaceiros se mantenha fiel à tradição que lhe deu origem há 82 anos. O meu pai foi o fundador, eu estou a dar-lhe continuidade. O mesmo se passa com a própria Casa do Povo.”
Agora, o meu sonho é conseguir que os elementos do Grupo se assumam como continuadores, e ter a certeza de que, com o meu afastamento, o Grupo se manterá unido e pronto a levar, como até aqui, o nome de Apúlia e de Esposende por todo o país e pelo estrangeiro.“

JÁ ME DISSE QUE É NOSSA LEITORA, QUAL É A SUA OPINIÃO ACERCA DESTE SEMANÁRIO “NOTÍCIAS DE ESPOSENDE”?
“Gosto francamente deste semanário, sobretudo pela diversidade de informação que nos traz, e também pelos artigos de opinião. Sempre admirei as pessoas que se dispõem a escrever, tantas vezes focando algo que se desconhecia, e que nos esclarece. Os artigos de opinião ajudam-nos, muitas vezes, a olhar com mais atenção os problemas e as atitudes que poderão alterar situações ou factos condicionantes da vida de cada um. Parabéns por isso.”

NOTA FINAL
Conheço a prof.ª Laurentina Torres desde o período em que foi vereadora e depois presidente da Câmara Municipal de Esposende. Também a conheço, tal como a maior parte dos esposendenses, da sua ligação ao Grupo Folclórico dos Sargaceiros de Apúlia, ao qual está ligada há mais de duas décadas, dando continuidade ao legado do seu pai. Despeço-me, agradecendo a simpatia e a amizade e desejando os maiores sucessos aos Sargaceiros de Apúlia.

Mário Fernandes
25-06-2016






MF


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