sexta-feira, 8 de abril de 2016

À CONVERSA COM EMÍLIA VILARINHO PROVEDORA DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ESPOSENDE



EMÍLIA VILARINHO, PROFESSORA UNIVERSITÁRIA, É PROVEDORA DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ESPOSENDE DESDE 2003
A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ESPOSENDE DESENVOLVE A SUA ATIVIDADE NAS ÁREAS DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO E DA AÇÃO SOCIAL. O HOSPITAL VALENTIM RIBEIRO ESTÁ INTEGRADO NO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE E NA REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS. O JARDIM DE INFÂNCIA INTEGRA A REDE NACIONAL DE EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR.

“Sou humanista…. Olho para as pessoas e para o seu desenvolvimento humano… Com a educação podemos promover a democratização da sociedade… e a justiça social… A educação é instrumento fundamental para a emancipação das pessoas e para o desenvolvimento cultural, social e económico das sociedades…. A música erudita era só para as elites. Hoje temos esse privilégio em Esposende… já se justificava uma estrutura que abarcasse um projeto integrado de artes …. defendo a autonomização da Escola de Música de Esposende”…. temos um projeto para ampliação do hospital com um custo estimado de um milhão e meio de euros…  

Maria Emília Pinto Vilarinho Rodrigues de Barros Zão nasceu a 16 de maio de 1957 na freguesia de Esposende. É Filha de Augusto Vilarinho Rodrigues e de Maria Emília da Silva Areias Pinto, mãe de três filhos, o Diogo, o Joel e a Inês, e recentemente avó da Maria Clara.
Emília Vilarinho é licenciada e mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, e fez o doutoramento na mesma área, especialidade de Política Educativa, na Universidade do Minho.
Com apenas dois anos de idade segue para Moçambique, onde esteve com os pais até 1974. Frequentou a escola primária e o colégio no Luabo, no distrito da Zambézia. Frequentou o curso complementar dos liceus no Liceu Pêro de Anaia na Beira. Regressou a Portugal em finais de setembro de 1974. Concluiu o liceu na Póvoa de Varzim. Em 1978 concluiu o curso de Educação de Infância, na Escola Normal de Educadores de Infância de Viana do Castelo. Nesse ano, inicia a sua actividade profissional como educadora de infância e esteve na abertura do Jardim de Infância de Vila Chã, sendo este e o de Mar os primeiros jardins de infância do nosso concelho. Esteve dois anos em Vila Chã, no Jardim de Infância da Paróquia, e de seguida ingressa na rede pública de educação pré-escolar, onde efetivou. Começou pelo Jardim de Infância de Chavão. “Aqui foi desenvolvido um trabalho muito importante ao nível da intervenção educativa e cultural. Realizei um projeto de defesa do património, em articulação com a escola do 1º ciclo e junta de freguesia local, que deu origem ao Museu local de Chavão.” A partir de 1982 inicia um outro percurso profissional, ligado à formação inicial, contínua e pós-graduada de professores. Neste ano, entrou na Escola Magistério Primário de Braga, onde exerce funções de professora no curso de formação de educadores de infância. Em 1984 é convidada pelo Ministério da Educação – Direção Geral de Educação Básica, para a Delegação do Porto. Aqui desempenhou funções na coordenação e orientação pedagógica do distrito de Vila Real, e nos concelhos de Cabeceiras de Basto e de Esposende.
No ano de 1986 concorre à Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, onde lecionou várias disciplinas nos cursos de Formação de Professores e Educadores, assumindo ainda as funções de coordenação da Unidade Prática Pedagógica. Em 1991 assume a direção do Centro de Formação Contínua de Professores de Esposende, onde também foi formadora.
Em 1994 dá-se a entrada na Universidade do Minho, no Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional do Instituto de Educação e Psicologia.
Atualmente é professora do Departamento de Ciências Sociais da Educação do Instituto de Educação da Universidade do Minho, investigadora do Centro de Investigação em Educação da mesma universidade e é a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Esposende.

CARA DOUTORA EMÍLIA, VAMOS COMEÇAR ESTA CONVERSA A FALAR UM POUCO DE SI. DOS SEUS GOSTOS PESSOAIS E DO SEU PERCURSO PESSOAL E PROFISSIONAL
“Neste momento trabalho em projetos de ensino e de investigação. Sou professora em cursos de licenciatura, de mestrado e de doutoramento nos domínios da formação de professores, Políticas Educativas, Sociologia da Educação e Sociologia da Infância. Coordeno o Mestrado em Educação no ramo de especialização em Formação – Trabalho e Recursos Humanos. Estou a desenvolver projetos de investigação no domínio das Políticas Educativas.”

SEI QUE ESCREVE MUITO E QUE TEM INUMEROS ARTIGOS CIENTIFICOS E QUE É CONSULTORA DA UNICEF. COMO É ISSO?
“Tenho livros, capítulos em livros e artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Este é um trabalho habitual na academia. A convite da UNICEF, nos dois últimos anos, tenho trabalhado em São Tomé e Príncipe num projeto do Governo deste país. Juntamente com a minha colega da Universidade do Minho, a Professora Teresa Sarmento, elaborei a Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar e os Estatutos dos Jardins de Infância. Estamos a lançar as bases fundamentais para o enquadramento jurídico deste nível de educação e para o seu desenvolvimento. Colaborar neste projecto tem sido muito gratificante, pois estamos a contribuir para o alargamento dos direitos das crianças santomenses à educação”. Para além disso também tenho participado em vários congressos e conferências, tanto de nível nacional como internacional.”

JÁ FALAMOS DE MUITAS COISAS, MAS AINDA FALTA ABORDAR A SUA PASSAGEM PELA POLITICA ESPOSENDENSE. FOI VEREADORA DA EDUCAÇÃO, CULTURA, AÇÃO SOCIAL, TURISMO E JUVENTUDE DE 2005 A 2009. QUE BALANÇO FAZ DA SUA PASSAGEM PELA CÂMARA MUNICIPAL DE ESPOSENDE?
“Foi muito gratificante. Foi-me lançado um desafio, que aceitei, para colaborar no desenvolvimento do meu concelho. Fui como independente e sem interesses político-partidários. Vejo a política como algo muito nobre que tem que estar ao serviço das pessoas e das causas públicas.

COMO É QUE CORRERAM AS COISAS?
“Tentei pôr em ação os meus conhecimentos no domínio da educação, a minha experiência no campo da intervenção social e o conhecimento da realidade do nosso concelho. Em equipa com o executivo de então e com os colaboradores da Câmara Municipal, tentei interpretar as necessidades das pessoas, das comunidades. Procurei, de uma forma especial, articular educação, cultura e ação social. Através da entrada de Esposende na Rede Internacional de Cidades Educadoras, avançamos com a criação do projeto “Esposende, Município Educador”, onde foram envolvidos o Conselho Municipal de Educação, colaboradores de diferentes divisões e equipamentos da autarquia, por exemplo, Biblioteca Municipal, Museu Municipal, Museu d’Arte, Piscinas Municipais e a Esposende Ambiente, bem como os agrupamentos de escolas. Terminamos a Carta Educativa e procedeu-se à requalificação de muitos edifícios e espaços escolares, entre eles a Escola do 1º ciclo de Esposende. Demos continuidade ao projeto de consolidação da Rede Social e foi elaborado o Plano de Desenvolvimento Social. Um dos projectos do qual me orgulho bastante por ter contribuído para a sua formação é o Coro de Pequenos Cantores de Esposende. Sempre acreditei na mais-valia educativa e cultural do projecto, para as crianças, e na qualidade dos que artisticamente o dirigem, desde então. A abertura da Casa da Juventude permitiu ampliar valências de apoio psico-social e saúde, por exemplo, o “Zona Jovem”, de inserção no mercado de trabalho. No Turismo, consolidamos e ampliamos programas já existentes e realizamos a primeira edição da Galaicofolia. Neste mandato, foram lançadas as bases para a criação do Centro Interpretativo de S. Lourenço e desenvolvidos vários outros projetos culturais, como foram os casos da exposição e publicação evocativas do Arquiteto Ventura Terra, e das comemorações e Seminário do nascimento de António Rodrigues Sampaio.

ACHA QUE FEZ TUDO O QUE QUERIA OU PODIA TER SIDO FEITO MAIS? FORAM-LHE DADAS CONDIÇÕES?
“Dificilmente naquelas funções, e num curto período de tempo como é um mandato autárquico, se faz tudo o que se pretende. Contudo, fui tendo as condições que precisava, claro que dentro do quadro geral de limitações com que se debate qualquer pequeno município, como o nosso.

O BALANÇO É PORTANTO POSITIVO?
“Em termos pessoais, sem dúvidas que é. Olhando para trás, faço um balanço muito positivo. Foi uma experiência muito enriquecedora.”

A EDUCAÇÃO ESTÁ NA SUA GÉNESE, NÃO É VERDADE?
“É verdade. Sabe, sou humanista. Olho para as pessoas e para o seu desenvolvimento humano. Com a educação podemos promover a democratização da sociedade e conseguir a justiça social. A educação é um instrumento fundamental para a emancipação das pessoas do desenvolvimento cultural, social e económico das sociedades.”

VAMOS AGORA FALAR UM POUCO DO SEU LADO MAIS PESSOAL, MAIS INTIMISTA
O QUE É QUE GOSTA MAIS DE FAZER?

“De estar próxima das pessoas, de intervir social e politicamente. De ser professora.”

QUAIS SÃO OS SEUS HOBBIS?
“A leitura. Gosto de ler Mia Couto, que é o meu autor de referência, de Lídia Jorge, João Tordo, Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares e vários outros.”

JÁ FALOU DA LEITURA QUE GOSTA, MAS E AO NÍVEL DA ESCRITA?
“Nunca me aventurei na escrita de pendor literário. Essencialmente escrevo textos científicos sobre Políticas Educativas, Sociologia da Educação e Sociologia da Infância.”

EM QUE É QUE OCUPA OS SEUS, POUQUISSIMOS, ESTOU CERTO, TEMPOS LIVRES?
“São efetivamente muito poucos. Gosto de estar com a minha família, de ir ao cinema, ao teatro e a concertos. Tento acompanhar ao máximo a atividade artística dos músicos que felizmente tenho na família. É claro que adoro “apanhar” sol, olhar o mar e de fazer uma boa caminhada na nossa bela marginal”.

FALE-ME AGORA DA NOSSA CIDADE. COMO CLASSIFICA ESPOSENDE?
“É uma cidade com qualidade de vida. Valorizo o planeamento urbanístico. Tivemos a sorte de, no tempo certo, ter havido um planeamento urbanístico da cidade que impediu, por exemplo, a construção em altura. As requalificações dos espaços realizadas na última década ainda a tornaram mais bonita.”

MAS O QUE É QUE FALTA EM ESPOSENDE?
“Falta mais dinâmica cultural. Era importante que Esposende pudesse articular mais a sua atividade com o rio e com o mar. Precisamos de uma aposta na relação turismo/cultura e considero ainda que faz falta alargar o parque industrial para potenciar o emprego e um espaço para as artes.

E A, ULTIMAMENTE TÃO FALADA ESCOLA DE MÚSICA?
“A Escola de Música de Esposende foi criada em 1986, salvo erro, pela Câmara Municipal. Desde aí, e particularmente nos últimos anos, temos observado o seu crescimento quer ao nível do número de alunos, quer ao nível da qualidade artística. O trabalho desenvolvido tem dado excelentes resultados, como é o caso da formação de jovens músicos que hoje estão inseridos em projectos nacionais e internacionais de muita qualidade e o Coro dos Pequenos Cantores de Esposende que fez a sua primeira audição no ano de 2010.

DEFENDE A AUTONOMIA DA ESCOLA E A SUA SAÍDA DA ZENDENSINO?
“Creio que essa não é a questão de base, embora possa ser uma consequência positiva que, neste momento, me parece ter toda a pertinência. De uma pequena Escola de Música inicial, hoje temos uma grande escola, que desenvolve um excelente trabalho e envolve centenas de alunos e professores. Uma escola com grande dinâmica, com excelentes projetos. Para além da Escola de Música, há outras instituições do nosso concelho que têm feito um trabalho muito sério e consistente no âmbito das artes e creio que já se justificava uma estrutura que abarcasse um projeto integrado de artes. E temos no nosso concelho pessoas da área muito competentes e com capacidade para desenvolver e gerir um projeto desta natureza, com o necessário apoio da Câmara Municipal e da comunidade.”

A ESCOLA DE MÚSICA DE ESPOSENDE E OS SEUS COROS TEM PROJETADO ESPOSENDE PARA ALÉM-FRONTEIRAS. ACHA QUE A MUSICA DEVE TER UM LUGAR DE DESTAQUE NA NOSSA SOCIEDADE?
“Sem dúvida. Não só a música, mas as artes e a Cultura em geral, uma vez que podem exercer, quando bem conduzidas – como é o caso que refere – um efectivo papel transformador das pessoas. E os benefícios são inúmeros, desde os cognitivos aos emocionais. A música erudita era, no passado, só para as elites. Hoje temos uma verdadeira democratização no acesso a este bem, fruto de algum investimento público nacional, mas também do trabalho de parceria entre a Escola de Música/Zendesino, a Câmara Municipal, os Agrupamentos de Escolas e outros parceiros locais.”

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ESPOSENDE
A Santa Casa da Misericórdia de Esposende foi fundada em 15 de julho de 1579. Os seus principais objetivos passavam por “Curar os enfermos, que é uma das obras de misericórdia que integram os estatutos desta instituição e foi, sem dúvida, uma das obras mais praticadas pela Misericórdia de Esposende desde a sua fundação. A Santa Casa da Misericórdia de Esposende, desde finais do séc. XVI, possuía uma infraestrutura para poder praticar esta obra de misericórdia corporal. Deliberações da Mesa da Santa e Real Casa da Misericórdia de Esposende, relativas a obras de conserto ou reparação para conforto dos doentes, fazem referência à existência de um hospital. Este espaço serviria, para além dos cuidados médicos indispensáveis, para a recolha de mendigos e peregrinos.” 

A Doutora Emília está na Santa Casa da Misericórdia de Esposende desde 1997. Inicialmente esteve na Mesa Administrativa com a área da educação, sendo a mesária responsável pela creche e pelo jardim-de-infância. É Provedora desde o ano de 2003 e tem como vice-presidente desde essa data Agostinho Neiva.
O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE SE POSSA ENTRAR PARA A IMANDADE?
“Preencher uma ficha de adesão, ser proposto por dos dois “irmãos” e professar a fé católica.”

MAS HÁ JOIA DE ENTRADA E QUOTA AUAL?
“Há una joia inicial de 7,5€. Para além disso não há mais nenhum custo. Não temos quotas.”

E OS UTENTES? DESCULPE COLOCAR-LHE ESTA QUESTÃO, MAS, PARA ENTAR PARA O LAR HÁ ALGUMA DESCRIMINAÇÃO? SÓ ENTRA QUEM TIVER MAIS DINHEIRO OU HÁ REGRAS QUE GARANTEM O ACESSO A QUEM MAIS PRECISA?
“Aqui não há nem favores, nem privilégios para ninguém. Nem para quem oferecer mais, nem menos. As comparticipações são reguladas pelo estado e têm como base os rendimentos.”

QUANTOS IRMÃOS TEM ATUALMENTE A SANTA CASA?
“Somos cerca de 2000.”

DESTES 2000 EM MÉDIA QUANTOS PARTICIPAM NAS ASSEMBLEIAS GERAIS?
“Não chega a meia centena. Só excecionalmente é que aparecem mais. Nas assembleias eleitorais, aqui sim, a Irmandade participa de forma muito elevada.”

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ÁREAS COM QUE TRABALHAM?
“Saúde, educação, ação social e emergência social.”

O ATUAL HOSPITAL FAZ ESTE ANO 100 ANOS. HOUVE UM PERÍODO EM QUE FOI NACIONALIZADO E MAIS TARDE DEVOLVIDO À MISERICÓRDIA.
“O atual hospital faz 100 anos no próximo dia 2 de julho. Foi nacionalizado em 1975 e em 1995 foi-nos devolvido pelo Estado.”

QUAIS SÃO ENTÃO AS VOSSAS VALÊNCIAS?
Hospital Valentim Ribeiro: Funcionam o serviço de atendimento médico permanente, serviço de consulta de diferentes especialidades médico-cirúrgicas com internamento, unidade cuidados continuados de convalescença, unidade cuidados continuados de média duração e reabilitação, unidade de medicina física e reabilitação de apoio aos Cuidados Continuados Integrados e meios auxiliares de diagnóstico.
Unidade de Medicina Física e de Reabilitação: integra a consulta e os tratamentos desta especialidade.
Centro de Apoio Social Ernestino Miranda: Funcionam as respostas sociais da terceira idade, nomeadamente a Estrutura Residencial para pessoas idosas (Lar), o Centro de Dia, o Centro de Convívio e o Serviço de Apoio Domiciliário. Funciona ainda o Centro de Atividades de Tempos Livres para crianças e adolescentes a frequentar os 1º e 2º ciclos do ensino básico e a Cantina Social.
Creche e Jardim de Infância Stª Isabel: Neste edifício funcionam duas creches e um jardim de infância.
Desde 2015 que integramos a Rede Nacional de Saúde e o CTH. Consulta a tempo e horas.

QUANTOS TRABALHADORES TEM?
“Temos 130 trabalhadores contratados e mais cerca de 150 em prestação de serviços.”

E O ORÇAMENTO ANUAL ANDA EM QUE VALOR?
4.780.000,00€

A PROVEDORA E A RESTANTE MESA ADMINISTRATIVA SÃO PAGOS PELO TRABALHO QUE DESENVOLVEM?
“Não. Absolutamente nada. Os órgãos sociais trabalham em regime de voluntariado.”
A DIREÇÃO CLINICA DO HOSPITAL ESTÁ A CARGO DE QUEM?
A direção clínica foi assumida desde 1995 até o ano passado pelo Dr. Juvenal Silva. Presentemente, o cargo é exercido pelo Dr. Jorge Costa Lima, sendo ainda coadjuvado pelo Dr. Juvenal. A direcção de enfermagem é, desde 1995, assumida pela Enfermeira Madalena Filgueiras.

E A NÍVEL DE UTENTES. QUE UTENTES TEM POR VALÊNCIAS/ÁREAS?
Na Estrutura Residencial para pessoas idosas (vulgo, LAR) – RESIDENTES: 25
CENTRO DE DIA: 25
Serviço APOIO DOMICILIÁRIO: 30
CANTINA SOCIAL: 45
ATL: 40
CRECHE: 48
JARDIM-DE-INFÂNCIA: 92
DE TODAS ESTAS QUAIS SÃO AS VALÊNCIAS MAIS IMPORTANTES, AQUELAS QUE GARANTEM A SUSTENTBILIDADE DA INSTITUIÇÃO E QUE LHE DÃO MAIS PRESTIGIO?
“As Unidades de Cuidados Continuados integrados continuam com taxas de ocupação muito elevadas, 91%na Convalescença e 95% na Média Duração e Reabilitação, sendo das unidades com maior procura na zona Norte. As cirurgias e a partir de 2012 o programa Consulta a Tempo e Horas, são as mais importantes para a sustentabilidade financeira da Santa Casa. Claro que cada uma das demais têm a sua própria importância e o serviço de qualidade prestado prestigia a nossa Instituição e as pessoas que nelas trabalham.”

HOSPITAL VALENTIM RIBEIRO
O Hospital Valentim Ribeiro é, em termos arquitetónicos uma das mais belas obras do nosso concelho. É um projeto do arquiteto Ventura Terra e comemora este ano o centésimo aniversário.

QUAIS SÃO AS ESPECIALIDADES E AS CONSULTAS QUE TEMOS NO HOSPITAL DE ESPOSENDE, ASSIM CONHECIDO?

E UTENTES DO HOSPITAL. POR ANO, QUANTAS PESSOAS SÃO ATENDIDAS?
É difícil responder a esta pergunta com exatidão, dado que uma pessoa pode ter sido atendida em um ou vários serviços. Tendo em conta os dados do Relatório de Atividades de 2015, realizaram-se 10.978 consultas externas nas diferentes especialidades, no âmbito do Acordo CTH fizeram-se 1.543 consultas e 1.189 cirurgias, no serviço médico permanente foram realizadas 9.542 consultas. Na Unidade de Medicina Física e de Reabilitação foram realizadas 1. 505 consultas que geraram 24. 358 sessões de fisioterapia. A Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença teve uma taxa média de ocupação de 91% e a de Média Duração e Reabilitação de 95%.

AS INSTALAÇÕES DA SANTA CASA DE ESPOSENDE SÃO DA PRÓPRIA INSTITUIÇÃO?
“Sim, ainda que arrendamos dois espaços para apoio às actividades.”

QUAIS SÃO OS VOSSOS PRINCIPAIS PARCEIROS?
“O Estado, através dos Ministérios da Saúde, da Segurança Social e da Educação, a Câmara Municipal de Esposende, as Universidades do Minho e Fernando Pessoa, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, a ACICE, a Zendensino, a Escola de Música de Esposende, a Escola Secundária Henrique Medina e o Núcleo de Intervenção Cultural de Esposende.”

E AS PRINCIPAIS RECEITAS?
“Provenientes do Estado, através dos acordos de cooperação e do pagamento dos serviços prestados através das comparticipações individuais e familiares.”

E PARA AS OBRAS?
“Temos contado com o apoio da Câmara Municipal de Esposende e de programas comunitários e nacionais, como o URBI, entre outros.”

PARA ALÉM DAS INSTALAÇÕES QUE JÁ FOMOS REFERINDO HÁ AINDA A COMPONENTE RELIGIOSA QUE TEM UMA ESPECIAL IMPORTÂNCIA
“Sim, temos a Igreja da Misericórdia que é um edifício classificado com grande valor arquitectónico e artístico.”

A DOUTORA EMÍLIA JÁ TEM DESEMPENHADO CARGOS NA UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS. NESTE MOMENTO DESEMPENHA ALGUM CARGO A ESSE NÍVEL?
“Sou a primeira secretária do Secretariado Regional de Braga da União das Misericórdias Portuguesas.”

ESTANDO PRECISAMENTE NO FIM-DE-SEMANA DA PÁSCOA E SABENDO DA GRANDE INTERVENÇÃO DA IRMANDADE NA ORGANIZAÇÃO DAS CELEBRAÇÕES NA CIDADE, COMO AS PROCISSÕES DA QUINTA-FEIRA SANTA E DA SEXTA, QUAL É AFINAL A VOSSA ENVOLVÊNCIA?
“Nós colaboramos no programa e na sua concretização. As procissões são o momento alto, onde a nossa Irmandade expressa de forma muito participada a sua fé e mantém a tradição que já tem séculos.”

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O ANO DE 2016?
“Vamos iniciar agora a requalificação do Serviço de Atendimento Médico Permanente e requalificar e aumentar o espaço das consultas externas. Também esperamos construir, tão breve quanto possível, um novo bloco operatório.”

E EM TERMOS DE GRANDES PROJETOS?
“A ampliação do hospital. Já temos projeto para esta ampliação com um custo estimado de um milhão e meio de euros.”

DE QUE OBRA SE TRATA. VAI AMPLIAR PARA QUE LADO?
“Para o lado norte. Queremos construir um novo espaço para os Cuidados Continuados e alargar o internamento. Aguardamos pela abertura de algum programa de apoio financeiro, no âmbito do Portugal 2020.”

COM O ATUAL MANDATO A TERMINAR NO PRÓXIMO ANO, NÃO PODIA DEIXAR DE LHE COLOCAR A SEGUINTE QUESTÃO; É RECANDIDATA AO CARGO DE PROVEDORA?
Este mandato só termina daqui a dois anos. Ainda não penso nessa questão.

SENHORA PROVEDORA, QUAL É O SEU SONHO?
“Ter uma sociedade mais justa, mais humana e com respeito pela diferença. E ver paz no mundo. Para a Misericórdia sonho com a ampliação do hospital e da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas.”

NOTA FINAL
Conheço a Doutora Emília Vilarinho há muitos anos. Conheço-a de Esposende. Conheço o seu pai, os seus tios e demais familiares. A minha entrevistada de hoje pertence a uma família esposendense de renome. Lembro-me da doutora Emília, de quando era Educadora de Infância, da sua passagem pela Escola Henrique Medina, do movimento associativo de pais e encarregados de educação, de ter sido vereadora da educação na Câmara Municipal de Esposende, num período em que fui presidente de Junta de Freguesia e claro está enquanto provedora desta grande instituição concelhia que é a Santa Casa da Misericórdia de Esposende.
Diz-se humanista e tem toda a razão. Sempre que com ela trabalhei, na autarquia, no Conselho Local de Ação social e na mais variadas funções, notei-lhe essa qualidade nobre que a carateriza.
Uma mulher empenhada que leva sempre muito a sério os projetos que abraça. Confirmei-o nas Associações de Pais, por onde ambos andamos, em defesa de uma escola de excelência, na Vereação Municipal, com os pelouros da Educação e da Ação Social, sempre atenta e colaborante.
A sua chegada à Santa Casa fez-se notar pela forma organizada e perspicaz com que logo fez pautar a sua gestão. Estando numa instituição secular, não se coibiu de lhe imprimir uma gestão do tipo empresarial, fazendo-a crescer, modernizando-a e dotando-a dos meios e recursos necessários à prestação de um bom serviço aos seus utentes e à comunidade.
Cara Doutora Emília, obrigado por ser minha amiga, por me receber sempre com elevada estima e consideração e por ter acedido tão prontamente a ter esta conversa comigo. Gostei. Sempre igual a si própria. Clara nas respostas, conhecedora dos dossiers, frontal nas afirmações e com uma visão muito pragmática da sociedade e do mundo. Desejo as maiores felicidades, bem como a toda a equipa da Santa Casa.
A feliz coincidência de esta entrevista “sair” no sábado de Páscoa, permite-me desejar a todos uma Santa Páscoa.
Um abraço,
Mário Fernandes
26-03-2016







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