quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CRÓNICA NO SEMANÁRIO «NOTÍCIAS DE ESPOSENDE» DE 23 DE AGOSTO DE 2013





GERAÇÃO "NETDEPENDENTE"
NÃO DÁ FÉRIAS AO «TÉLÉLÉ»!

Este mês de Agosto é tradicionalmente aproveitado por uma grande parte da população para fazer férias, seja cá dentro seja lá fora. Grande parte das empresas e das instituições ou param, aquelas que podem fazem-no, ou reduzem a sua actividade, de forma a proporcionar férias aos seus colaboradores e aos próprios patrões. Olha-se o mundo, observa-se o mercado, afina-se a máquina, repensam-se estratégias, aprofundam-se ou redireccionam-se as políticas, definem-se metas e objetivos. Isto no que toca à gestão.

Em muitos dos casos trata-se de uma paragem ao fim de onze meses de dura labuta, ansiosamente à espera de um interregno para mudar de ares, para aliviar e relaxar, para reflectir e para descansar. É certo que muitas pessoas aproveitam este período de verão não para parar mas para desenvolver outras actividades, graças à necessidade de realizar alguns «patacos» extras, para fazer face aos muitos compromissos assumidos e assim manter algumas tradições e para satisfazer os desejos e os pedidos dos seus filhos e familiares.

As férias, enquanto direito inalienável de todos os trabalhadores, uma das garantias da Constituição da Republica, são por excelência momentos de alívio, ainda mais na atualidade, onde a concorrência e a competitividade das empresas se mostra da maior importância para a sobrevivência das organizações e para a manutenção dos postos de trabalho.

Ter férias, só por si já é positivo pois significa que temos um posto de trabalho onde desenvolvemos a nossa atividade mais ao menos de forma continuada. É ter um momento, ou vários, durante o ano em que podemos quebrar rotinas e fazer coisas diferentes, estar mais em família, acompanhar os filhos, visitar amigos, improvisar, descansar, passear, enfim, desanuviar do stress do dia-a-dia, das ordens rígidas de chefes e patrões, da insensibilidade do relógio e das metas e objetivos que permanentemente nos perseguem e nos atazanam o corpo e a mente.

Dependendo do período do ano e da duração das férias podemos sempre optar por diferentes modalidades, sendo que na atualidade e devido à crise que se vai vivendo, com o desemprego e as dificuldades de muitos, o lema «Vá de férias cá dentro» vai ganhando adeptos, não tanto por opção mas e muito enquanto recurso.

Preocupam-me as prioridades dos jovens de hoje, sejam estudantes ou trabalhadores, a quem as oportunidades profissionais escasseiam. Apesar disso e graças às facilidades concedidas pela sociedade e pelos pais, grande parte deles ainda está convencida que o futuro são só facilidades, que acham que só têm direitos e que as obrigações não são para eles.

Isto muito a propósito daquilo que tenho observado nestas férias, quanto a comportamentos e atitudes da nossa juventude. É praticamente impossível encontrarmos um jovem sem que esteja “amarrado” ao telemóvel. E isto independentemente de se encontrar na praia, no café, ou no restaurante, junto à namorada, a familiares ou a amigos. É o vicio do «télélé»! Se noutros tempos jovens havia que para se afirmar bem cedo começavam a fumar, hoje, jovem que é jovem tem que ter telemóvel e de preferência topo de gama. Sem Internet e câmara fotográfica então já nem falar. Jovem que é jovem tem que estar ligado ao mundo dos seus amigos, dar a conhecer na hora aquilo que faz ou vai fazer, saber onde estão os nossos e o que estão a fazer. Jovem que é jovem faz «likes» comenta manda "bitaites", exagera ou deforma naquilo que lhe interessa e que possa passar uma boa imagem.

Ainda ontem assisti a um jantar entre dois jovens, uma rapariga e um rapaz, penso que namorados, que passaram todo o jantar amarados aos télélés, que se iam rindo e teclando sem tempo para se falarem. Parece que a presença deixou de ser importante, porque importante mesmo é ver ao longe, mostrar-se e se possível impressionar. Como quem diz; Eu estou aqui e tu?

O telemóvel veio proporcionar uma das maiores revoluções tecnológicas e culturais de sempre. É que se no inicio servia para comunicar, o que já não era nada pouco, para as pessoas falarem umas com as outras, independentemente da distância e local onde se encontravam [desde que tivessem «rede» é claro], a permanente evolução tem vindo a permitir um sem número de novas funções que fazem com que os telemóveis possuam um conjunto de novas funcionalidades que vai desde as chamadas, às mensagens, e-mail’s e claro está o acesso massivo à Internet e assim a todas as redes sociais e app’s,

É frequente vermos hoje pessoas que estando lado a lado, fisicamente, mais não fazem do que estar on-line, a comunicar com quem está longe. Quem está ao pé de nós, fica muitas vezes para segundo e terceiro plano. Podemos esquecer a carteira, seja o que for, o telemóvel a que não. Se saímos de casa à pressa e nos apercebemos que não temos o telemóvel no bolso, somos bem capazes de voltar para trás buscá-lo, independentemente dos quilómetros a fazer e do tempo a perder. Se deixarmos a carteira é somenos importante, porque achamos que até podemos nem vir a precisar, agora o telemóvel, isso a que não. Sentimo-nos irremediavelmente isolados, fora de tudo e longe do mundo.

Estamos totalmente dependentes deste aparelhinho mágico e parece que já não sabemos viver sem ele. Também não estou para aqui a afirmar que são só coisas más. Nada disso, com o telemóvel podemos fazer tudo, desde comunicar, gerir atividades, aceder ao mundo em tempo real, receber e dar boas e más noticias, enfim, com ele sentimo-nos ligados a tudo e a todos. O problema surge quando lhe damos uma utilização irracional, descuidada ou excessiva.

A respeito do facebook vou aproveitar para deixar aqui uma pequena anedota que uns amigos contaram estas férias num momento de descontração e alegre convívio: Diz uma rapariga para o seu namorado: Amas-me muito? Claro, amor! Então prova-o! Faço tudo que quiseres!!! Então luta com um leão. Oh, mas lutar com um leão, sabes que ele me pode matar! Está bem, então dá-me a senha do teu facebook! Oh pá, onde está o raio do leão!
A brincar a brincar percebemos a importância da Internet na vida e no relacionamento entre as pessoas.

Já agora aproveito para informar que tal como sempre tenho feito, durante as férias dei férias ao facebook, ao meu blogue e a todas as redes sociais. Setembro está logo ai, por isso preparem-se para me ter de volta à rede.

Mário Fernandes
23-08-2014



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