quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

MAIS UMA CRÓNICA DE OPINIÃO NO SEMANÁRIO «NOTÍCIAS DE ESPOSENDE»



CULTURA, VOLUNTARIADO, EMPREGO, JUSTIÇA E ORÇAMENTO!

«A IGREJA A TERRA E OS HOMENS»
Tal como havia prometido em anteriores crónicas, trago hoje aqui o 4º livro editado sobre a Freguesia de Curvos, no período em que presidi à Junta de Freguesia de Curvos e para o qual contei com a preciosa colaboração da investigadora Curvense Inês Faria. Este foi o primeiro de quatro livros editados pela então Junta de Freguesia de Curvos e foi publicado e apresentado ao público no mês de Dezembro do ano de 2003, ou seja, há 11 anos.

Curvos é uma Terra com História, uma História cheia de Histórias. Ao ler “A Igreja a Terra e os Homens – As visitas pastorais e outros achados em Curvos, Arcebispado de Braga”, estamos a enriquecer os nossos conhecimentos da História de Curvos, pois aqui encontramos parte importante do passado das gentes desta Terra.

Trabalhos de investigação de qualidade, como este, da historiadora Inês Faria, são de louvar e incentivar, porque nos ajudam a reconstruir o passado, com usos, costumes e tradições desta comunidade. Só podemos gostar de algo se verdadeiramente o conhecermos. Assim, para gostarmos mais de Curvos, melhor devemos conhecer o seu passado. Assim viveremos melhor e melhor projeção faremos para um futuro que nos dignifique a todos perante as gerações vindouras.

Da introdução do livro recordo; “Por entre as casas, os campos e as pessoas que os labutam e ocupam, desde meados do século XX e até aos nossos dias de hoje, semeámos um pouco da nossa vida. Nasceu assim o amor à terra e a quem a faz produzir e nela habita. Desenvolveu-se depois o gosto de colaborar para a sua dignificação. Construíram-se os alicerces de um caminho a percorrer. Chegámos aqui, mas não ao fim da meta.

Iniciamos, há cerca de cinco anos, este trabalho de procura, recolha e leitura de fontes de informação sobre a gente de Curvos. A ideia era e ainda é fazer um estudo demográfico da paróquia, com base nos registos paroquiais de batismos, casamentos e óbitos, enriquecê-los com o estudo dos processos de emigração e testamentos. No entanto, quanto mais se encontra mais se procura encontrar e, neste percurso, fomo-lo cruzando com imensas fontes de conhecimento histórico. Este trabalho resulta, essencialmente, da leitura e organização do conteúdo do livro das Visitas Pastorais realizadas, entre 1761 e 1833, a esta paróquia de Curvos do concelho de Esposende, em terras do Minho do Arcebispado de Braga.

Pelo que pudemos constatar, a generalidade das ordens, circulares, decretos, etc., circulavam de paróquia em paróquia, copiadas por cada pároco e enviadas ao pároco vizinho, segundo um roteiro previamente estabelecido. Disto se conclui que este estudo se poderia aplicar, de modo geral, a qualquer paróquia da mesma Arquidiocese. Por esta razão, este estudo pode ver-se como uma achega também à divulgação histórico-cultural das paróquias, mesmo que não sejam aqui nomeadas. O que fazia a particularidade de cada uma eram as vistorias feitas às diversas instalações e alfaias e demais objetos da Igreja, bem como todas as ordens no sentido de remediar o que não estava bem, assim como as advertências ou louvores a algum pároco.

Organizámos o conteúdo das Visitas Pastorais segundo nos pareceu melhor, para que a leitura se tornasse mais atraente do que a sequência cronológica dos assuntos a apresentar. Esta organização levou-nos a dividir os assuntos apresentados segundo os temas que apresentamos e que nos parecem sugestivos. Enriquecemos alguns capítulos com informações de outros documentos, o que fez alargar o período de observação da paróquia e das suas gentes, abrangendo, então, desde os finais do século XVI até à atualidade, ao sabor dos documentos históricos existentes. O Maior contributo é do Livro das Visitações, mas destacámos também o Livro de Usos e Costumes de S. Cláudio de Curvos (1757-1875), maioritariamente, o capítulo X – e os livros de registos de testamentos (1720-1935), de entre outros.

Para que as palavras difíceis, muitas das quais hoje em desuso, pudessem ser compreendidas, inserimos um glossário no final da obra. Fazemos votos para que este trabalho contribua para desencadear nos leitores uma grande vontade de contribuir para a sua história, de aldeia, vila ou cidade, região ou país, porque o conhecimento é infinito e só espera quem o promova e nunca está tudo descoberto. Todos somos capazes”. Vale a pena ler. Aventure-se, estou certo que vai dar o tempo por bem empregue.

POETA «JORGE BRAGA» APRESENTA “AMENAS TEMPESTADES”
Parabéns ao meu caro amigo Jorge Braga, pela publicação de mais esta obra poética, engrandecendo desta forma a sua já vasta obra. Ainda há dias em conversa falávamos do excelente panorama concelhio no campo das letras, com inúmeras pessoas, umas já consagradas e muitas outras a aventurarem-se na escrita e em vários géneros literários. Bem-haja a todos e o desejo de que muitos mais escrevam e publiquem os seus escritos. Escrever é enriquecer e perpetuar, já aqui o escrevi enquanto título de uma das perto de 50 crónicas. Mais um apelo ao Município para que a semelhança daquilo que já faz na vertente desportiva, também nesta área da escrita distinga anualmente os melhores.

LISBOA ELEITA “CAPITAL EUROPEIA DO VOLUNTARIADO 2015”
A cidade de Lisboa foi eleita esta 5ª feira a Capital Europeia do Voluntariado para o ano de 2015, sucedendo à cidade de Barcelona. De acordo com o que acaba de ser divulgado foram analisados os níveis de aplicação, por cada município concorrente, das políticas incluídas no “Policy Agenda for Volunteering in Europe” (PAVE), como "a dinâmica global do voluntariado, as qualidades do trabalho desenvolvido no âmbito deste setor, a relevância do seu papel na comunidade e o reconhecimento conferido ao papel do voluntário".

Gostava de ver instituído um reconhecimento similar, a nível nacional, pois estou certo que Esposende se destacaria das demais cidades, pela excelente dinâmica no voluntariado e das políticas sociais e do envolvimento de parceiros e organizações de voluntários nas suas estratégias e intervenção.

TODOS OS DIAS HÁ CENTENAS DE OFERTAS DE EMPREGOS PARA O… ESTRANGEIRO
Ainda esta semana ficamos a saber que “Ontário vai criar 2,5 milhões de empregos em dez anos e precisa de imigrantes”. Que excelente oportunidade para as elites portuguesas, a começar pelos nossos governantes, para emigrarem para o Canadá, em estágio, a ver se aprendem como se potencia e cria emprego, como se põe a economia a crescer e a criar riqueza.

São recorrentes os anúncios de emprego, mas para o… estrangeiro: Reino Unido precisa de tantos e tantos médicos e enfermeiros, Alemanha de tantos e tantos engenheiros [apesar da senhora afirmar que temos licenciados a mais, não se coíbe de vir cá recrutar], Brasil de uns tantos arquitetos, Angola de técnicos disto e daquilo. Etc., etc., etc...

Pois, mas será que já paramos para pensar no que isto representa? Estou convencido que uma das maiores tristezas de uns pais deve ser ver um filho a ter que partir à procura de trabalho. Depois de o "criar”, educar e ver formado e em idade de trabalhar, ver que o não vai poder fazer no seu próprio pais, não por não querer, mas por falta de oportunidades. Observação: Havendo muitos que o fazem por opção, a grande maioria fá-lo por obrigação e isso a que é de lamentar.

Notas finais:
1) Sobre os recentes casos mediáticos da Justiça portuguesa apenas uma referência para comentar o que se diz por ai: “À política o que é da política e à justiça o que é da justiça”; Concordo e ainda acrescento que não devemos esquecer que na fase de inquérito não existem provas, mas indícios, nem culpados, mas suspeitos; e “Perante a Lei todos somos iguais. Ninguém é mais do que ninguém”. Excelente, desde que também ninguém seja menos. Não me refiro a ninguém em concreto, apenas faço observações genéricas.

2) Vale sempre a pena reclamar e protestar. Eu próprio o fiz neste espaço, sobre inúmeras questões do OE’2015, com as quais discordava. Gostei de ver as quarenta e tal propostas apresentadas esta semana pela maioria, na reforma à reforma da “reforma fiscal”. Afinal as despesas dos encargos com habitação e com seguros, de entre muitas outras, sempre vão contar. Vale sempre a pena!

Mário Fernandes
05-12-2014

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