quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

CRÓNICA DE OPINIÃO NO SEMANÁRIO «NOTÍCIAS DE ESPOSENDE»




DEZEMBRO É POR EXCELÊNCIA SINÓNIMO DE SOLIDARIEDADE

O BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME E A REDE SOCIAL DE ESPOSENDE REALIZAM CAMPANHAS DE SOLIDARIEDADE

Hoje quero aqui destacar uma das instituições não-governamentais que em Portugal desenvolve um importantíssimo papel na ajuda às pessoas e às famílias mais carenciadas, mais desfavorecidas e mais necessitadas.

É que passar fome, parece-nos uma expressão de outros tempos mas infelizmente é um termo que tem aplicação nos dias que correm. Bem diziam os “antigos”; Deus queira que um dia, isto não ande ao para trás!”. Pois, mas ao contrário daquilo que já todos estávamos a ficar convencidos, está a andar e não é pouco. Para trás vão ficando tempos de facilitismo, de consumismo e de desgoverno. A atual situação de Portugal está a fazer-nos cair na dura realidade, fazendo-nos lembrar que nem tudo é fácil e que nem tudo é garantido. Neste e noutros casos era bom que fosse mas está à vista de todos que não o é.

A crise mundial de 2008, com origem na crise financeira e do imobiliário nos EUA, que rapidamente chegou à Europa e a Portugal, um país sem as mínimas defesas, graças a políticas despesistas, injustificadas e sem qualquer controlo, fizeram de nós um alvo frágil que nos obrigou ao pedido de resgate da troika. Uma “ajuda” que trouxe consigo uma palavra que haveria de entrar no nosso léxico diário: Austeridade, austeridade, austeridade. Hoje, todos sabemos bem o seu significado e o alcance da sua aplicação. Pudera!

Esta intervenção forçada por parte das instâncias internacional [FMI, BCE e EU] obrigou à tomada de duras medidas de contenção que provocaram um fortíssimo corte no estado social e no apoio aos mais desprotegidos. A dita classe média acabou por ser, mais uma vez, a mais afetada com graves consequências na vida das pessoas, a grande maioria com compromissos assumidos a ver os seus rendimentos fortemente reduzidos e por outro lado as despesas sempre em crescendo. Os empréstimos para a compra de casa própria, para compra de carro e bens de consumo asfixiou as famílias, deixando-as no limite do praticável.

A conjugação de todas estas situações, o aumento do desemprego e a degradação das condições de vida resultou em situações de grande vulnerabilidade social. A falta de estabilidade no emprego, o aumento do custo de vida e a degradação familiar e social vieram criar uma quase que insuportável falta de recursos, que acaba por se fazer refletir naquilo que um ser humano tem de mais essencial: A alimentação!

E já que falo na alimentação, um bem essencial, logo seguido da saúde e da habitação, quero prestar a minha homenagem ao «Banco Alimentar Contra a Fome», uma organização não-governamental sem fins lucrativos que, como todos sabemos, desenvolve um trabalho altruísta, ou seja, em prol dos outros. Daqueles que num determinado período precisam de ser ajudados, amparados e apoiados.

Uma organização que conta com o apoio de milhares de voluntários, várias centenas do nosso concelho, como é exemplo o Banco Local do Voluntariado de Esposende, na realização de campanhas de angariação de alimentos, do seu transporte e armazenamento e mesmo na sua distribuição.

Sendo uma resposta necessária, a mesma deve, sempre que possível ser provisória, porque “toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família, a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários", tal como consta do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem. É verdade, é esta a redação de tal artigo, amplamente subscrito pela quase totalidade dos países do mundo inteiro. O problema é que apesar de subscrito, este texto e a sua aplicação tem sido muito esquecidos.

Os Bancos Alimentares são equiparados a “Instituições Particulares de Solidariedade Social” e lutam contra o desperdício de produtos alimentares, encaminhando-os para distribuição gratuita às pessoas carenciadas, bem como pela angariação e recolha de dádivas de pessoas e instituições. Esta ação baseia-se na gratuidade, na dádiva e na partilha, no mecenato e no voluntariado.

As campanhas de recolha de alimentos, como a que se desenvolve este fim-de-semana de 29 e 30 de novembro contempla a recolha e na distribuição de alimentos. Os alimentos recolhidos são posteriormente distribuídos, de acordo com os pedidos que existem a nível nacional. Esta distribuição é feita de várias formas, podendo contemplar a distribuição de refeições confecionadas ou cabazes de alimentos por famílias necessitadas e previamente sinalizadas e identificadas pelas instituições locais de solidariedade social, redes sociais, autarquias e outros parceiros das redes sociais de cada concelho. No concelho de Esposende este trabalho é desenvolvido pela Rede Social que identifica os beneficiários e os serve através da Loja Social.

Este trabalho solidário desenvolvido em rede, com base em parcerias locais pretende por um lado evitar e eliminar o desperdício, fazendo-o chegar às pessoas que passam enormes dificuldade e até fome. Isto é algo que a todos nos deve envergonhar. Pertencer a uma sociedade consumista, fortemente despesista, tendo ao lado alguém que nem sequer tem recursos para o mais essencial que é a sua alimentação e a alimentação dos seus filhos e demais familiares.

Mais, deve envergonhar todo o governante que convive com o desperdício, os excedentes a produção da indústria agrícola e agroalimentar, onde são pagos subsídios para não produzir e onde são deitados fora alimentos simplesmente para não estragar preços nem prejudicar as margens de comercialização e os lucros de muitas multinacionais.

A luta contra a exclusão social deve ser uma das bandeiras de qualquer governo e governante, a justiça social e a solidariedade devem andar de mãos dadas e caminhar lado a lado na busca pela igualdade e pela qualidade de vida.

O Banco Alimentar Contra a Fome realiza assim este fim-de-semana a sua grande campanha de recolha de alimentos, contando em todo o país com um total aproximado de 42 mil voluntários que deverão estar à entrada de mais de 1.900 lojas, para recolher a minha, a sua e a nossa doação. Ajudar não custa nada e pode valer muito para quem quase nada tem.

Esta campanha, segundo foi noticiado vai contar pela primeira vez com sacos de papel, em substituição dos tradicionais sacos de plástico [a olhar pelo ambiente, pois então] e conta ainda com uma nova forma de ajudar através da “Ajuda Vale”. Para tal basta pedir um código de barras específico para poder doar produtos ao Banco Alimentar Contra a Fome nas caixas dos supermercados e nos postos de abastecimento de combustíveis.

NÃO PODEMOS FICAR INDIFERENTES ÀS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE MUITOS PORTUGUESES VIVEM HOJE NO QUE TOCA A CARÊNCIAS ALIMENTARES. QUE ESTA QUADRA NATALÍCIA SIRVA PARA UMA GRANDE MANIFESTAÇÃO DE SOLIDARIEDADE.

A Rede Social de Esposende também se associou a esta grande campanha nacional através do Banco Local do Voluntariado, associando-se desta forma à ajuda às famílias, aos desempregados, às crianças e aos idosos, tradicionalmente os mais necessitados.

A Loja Social de Esposende que no próximo dia 11 de dezembro celebra mais um aniversário tem desempenhado um papel de extrema importância na ajuda às famílias Esposendenses e tem contado com o apoio dos parceiros da Rede Social, de empresas e de pessoas.

Já aqui dediquei uma crónica a esta temática da solidariedade, à qual dei o título de «ESPOSENDE, UM CONCELHO SOLIDÁRIO». Que assim continue a ser.

Um referência para a nossa fadista “FILIPA MENINA” que tão bem representou o nosso concelho na grande final do concurso «BragaFado’2014» realizado em Braga e no qual obteve um honroso segundo lugar. Parabéns e continue a cantar e a encantar, com essa excelente voz!

HOJE PELA RENATA, AMANHÃ PODE SER POR UM DE NÓS

Um apelo para que participem na Colheita de Sangue e Registo de Dadores de Medula Óssea, a realizar no próximo dia 9 de dezembro, das 16h às 19h30, na Delegação de Marinhas da Cruz Vermelha Portuguesa. A Renata merece. Sejamos solidários!

MF

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