Assembleia Municipal de Esposende de 28 de Abril de 2011, pelas 21 horas Fórum Municipal Rodrigues Sampaio em Esposende |
Intervenção de Mário Fernandes, no período de antes da ordem do dia:
"Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Esposende e demais membros da Mesa;
Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal;
Exmas Senhoras e Senhores Vereadores;
Prezadas e Prezados Colegas;
Minhas Senhoras e Meus Senhores;
Caríssima Comunicação Social;
Esta minha intervenção visa apresentar uma breve análise que faço quanto à actual situação Social, Económica e Política do nosso país;
Em Portugal, vivemos hoje uma realidade, que poucos ou ninguém mesmo desejaria, temos cá outros Senhores a governar por nós, e isto só acontece porque a governação falhou, não soube planear, prever, ou antecipar os interesses de Portugal e dos Portugueses em Portugal e no mundo.
Somos cada vez mais, um país com gritantes desigualdades sociais, com um brutal número de portugueses sem emprego, um país onde as oportunidades escasseiam, um país onde a interioridade persiste, um país que tem no desemprego o maior mal nacional da actualidade, pois está a levar à pobreza, deixando muitas pessoas e muitas famílias, sem qualquer rendimento ou com rendimentos tão baixos, que levam à falta de condições e meios de subsistência;
Um país onde as pessoas estão a perder a auto-estima e a confiança, e a não acreditar nos políticos, nem nos governantes. Mas permitam-me que lhe diga que os principais responsáveis por esta crescente desconfiança são os próprios políticos, de outra forma não veríamos políticos e governantes prometer o inconcretizável, afirmar hoje uma coisa e amanhã totalmente o seu contrário, transformar a verdade de hoje na maior mentira de amanhã, assim como afirmar que o que hoje é dado como seguro e garantido e no dia seguinte deixe de o ser;
Quer se esteja no poder ou na oposição, temos que encarar a vida política como um acto social de grande importância e responsabilidade – as decisões que os políticos tomam, ou não tomam, influenciam e de que maneira, as vidas e o futuro de milhões de pessoas.
Elogia-se o papel da Comunicação Social quando esta ataca os nossos opositores e quando ridiculariza aqueles que connosco concorrem, mas se nos criticam a nós próprios já falamos numa comunicação social parcial, facciosa ou menos séria.
Deixemos cada um fazer o seu trabalho, exigindo a nós próprios aquilo que tão prontamente sabemos exigir aos outros: Profissionalismo, competência, seriedade, empenho e imparcialidade, nas acções e nas decisões.
Como foi triste ver muito recentemente os grandes grupos financeiros, decidir, ou influenciar decisivamente as decisões dos nossos governantes, como aconteceu ainda há dias, com o pedido de ajuda externa a que o governo foi sujeito.
Alguns dos políticos portugueses são hoje gestores profissionais da sua própria imagem e carreira, dos números mágicos das estatísticas, que lamentavelmente tratam o ser humano, como mais, ou menos um número, num universo de milhões.
Os jovens, ou menos jovens, que se esforçam, que estudam e que se licenciam, são hoje preteridos na procura de emprego, por terem, não poucas habilitações, mas, habilitações em excesso;
Preocupa-ma o futuro, especialmente o dos meus filhos e o de todos os outros jovens, que se vêem sem perspectivas futuras de emprego, por isso deixo aqui algumas sugestões que entendo úteis e necessárias para a saída desta estagnação, como;
Investir na fiscalização, para sejamos todos a pagar os impostos devidos, pois pagando todos, cada um de nós pagará muito menos;
Combater a economia paralela, pois segundo dados do próprio INE, existe mais de 25%, ou seja um quarto da nossa economia não é declarada e por isso está livre de impostos, minando a concorrência entre empresas e instituições;
Atribuição de pensões e reformas, unicamente por incapacidade ou por limite de idade;
Defender a Escola Pública e os diversos serviços públicos;
Limitar o número de mandatos dos Senhores Deputados, até para credibilizar a politica;
Acabar com Institutos e Fundações públicas que se sobrepõe, sendo desnecessários e enormemente despesistas e gastadores;
Criar verdadeiros incentivos à inovação e à produtividade;
Proceder a uma profunda reforma no Serviço Nacional de Saúde; e no Sistema de Justiça, para que esta seja mais célere e julgue em tempo útil;
Premiar a eficiência e a produtividade, etc., etc. etc.;
Os “Mercados” esses monstros ao serviço de interesses muitas vezes obscuros, que ditam as regras, sem qualquer legitimidade (democrática) ou outra, levando os países que não souberam prepara-se nem defender-se, a pôr-se de cócoras e a pagar juros incomportáveis. Como sabemos, Portugal ainda ontem contraiu empréstimos com taxa de juro a 12%.
Os políticos têm que falar verdade aos portugueses e deixar de iludir as pessoas, prometendo-lhes soluções antagónicas e inconciliáveis. Urge actuar na criação de igualdade de oportunidades, em políticas sociais e fiscais, justas e solidárias, que protejam os mais vulneráveis e os mais desprotegidos.
É importante cativar novas pessoas para a vida e causa públicas.
Entendo que a Democracia só existe realmente quando assegura a todos, sem excepção, a possibilidade de exercerem, em absoluta plenitude, os seus direitos e deveres.
Enquanto políticos, autarcas, ou responsáveis de Instituições, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para proporcionar aos nossos munícipes e fregueses, todas as condições para o exercício da sua cidadania.
E a Cidadania pode exerce-se com eficácia se os poderes instituídos disponibilizarem os instrumentos capazes para o seu exercício.
Para mim, a melhor forma de comemorar e respeitar a democracia, é criar mecanismos de consolidação de uma democracia verdadeiramente participativa.
Por isso considero que não devemos deixar cair a ideia da realização de Assembleias Municipais descentralizadas, a realizar nas várias Freguesias do nosso concelho, com o objectivo de nos aproximarmos das pessoas, para que elas venham até nós e se interessem pela causa pública.
Quero terminar esta minha intervenção com uma palavra que tem neste momento um especial significado para o nosso futuro:
Esperança!
Esperança, porque acredito sinceramente que a nação há-de encontrar políticos capazes, competentes e realistas, que falem verdade e que ponham o interesse do país à frente de todo e qualquer outro interesse, ao contrário do que tem acontecido e se tem verificado.
É altura de sermos exigentes convosco próprios e também com os que nos rodeiam, especialmente com aqueles que se propõem governar e liderar o país, pois a concorrência e a competitividade europeia e mundial não se compadecem com a política do “deixa andar que um dia alguém há-de resolver”.
É certo e sabido, que esse dia acaba de chegar!
A responsabilidade tem que ser assumida por todos, como um desígnio nacional. E isso deve ser feito tanto na nossa acção como nas nossas opções onde se inclui a escolha daqueles que nos vão governar, usando o nosso voto como forma de premiar ou sancionar aqueles que livremente se apresentam a sufrágio. Aproveito para desejar as maiores felicidades aos vários candidatos a deputados nas próximas eleições legislativas, presentes nesta sala, a saber o Senhor engenheiro Couto dos Santos, Doutor Penteado Neiva, Doutora Ana Morgado, Doutor Manuel Carvoeiro, pedindo-lhes que defendam sempre o interesse das portuguesas e dos portugueses, nunca esquecendo as suas origens e as suas comunidades locais.
Portugal tem que se concentrar no presente, para se poder virar para o futuro, investindo na produção nacional, retomando actividades onde outrora fomos referência, aproveitar as nossas potencialidades e recursos naturais, valorizar as nossas competências e recursos humanos, retomar a confiança dos portugueses e nos portugueses.
Mário Ferreira Fernandes
Presidente da Junta de Freguesia de Curvos
Membro da Assembleia Municipal de Esposende"
MF
Sem comentários:
Enviar um comentário