RICARDO BRAGA É O MAIS
JOVEM ESCRITOR A EDITAR UM LIVRO DE POESIA
JOVEM ESPOSENDENSE PUBLICOU ESTE ANO O SEU
PRIMEIRO LIVRO DE POESIA «O ESPAÇO DO SER»
Mais
uma conversa, com um jovem esposendense que se destaca pelo seu dom poético.
Poético e não só. O dia e o local escolhido, não podiam ser melhores. O local, a
Casa da Juventude, em Esposende, foi excelente, pelo que significa e pelo
simbolismo que encerra e o dia foi o “Dia Nacional da Juventude”. Estando
perante um jovem, esta associação foi muito feliz e permitiu-nos alargar a
conversa aos jovens, à sociedade atual, aos seus objetivos e ao futuro.
Ricardo
Braga, esposendense nascido em Braga, em 10 de março de 1999, é filho dos meus
caros amigos, o poeta Jorge Braga e a professora Rosália Pereira e tem uma irmã
com 12 anos.
Com
residência em Esposende, frequentou a escola primária da cidade, transitando
depois para a Escola Básica António Correia de Oliveira. Desta passou para a
Escola Secundária Henrique Medina, onde se encontra atualmente a frequentar o 10º
ano – curso de ciências.
«O
Espaço do Ser» foi o pretexto que nos trouxe a este encontro e a esta conversa,
mas o meu interesse não se esgota neste livro. Sei que o Ricardo desde bem cedo
começou a dar nas vistas nesta arte nobre de juntar as letras e com isso construir
palavras, que acasaladas da forma que só ele sabe, nos dão uma luz digna de
registo. O meu jovem interlocutor de hoje tem-se notabilizado em inúmeros
concursos de escrita – jogos florais, tanto escolares como promovidos por
entidades exteriores às escolas, autarquias e associações. Os prémios esses,
segundo afirma, não são a sua prioridade, porque o seu principal objetivo é dar
largas à “caneta” e passar para o papel, muitas vezes para o telemóvel, aquilo
que a cada momento lhe vai na alma e no pensamento.
Estamos
diante de um jovem com uma postura sénior, com um pensamento muito bem
estruturado e com ideias e objetivos já muito claras. Sabe avaliar o que se
passa à sua volta e tem ideias, e muitas, que gostava de ver concretizadas. Tem
muitos sonhos e espera muito da sociedade. Acha, e ainda bem, que a geração
dele tem muito para dar a Esposende e à sociedade. Eu concordo, sou um acérrimo
defensor dos nossos jovens e dos seus valores.
A
conversa segue e coloco algumas questões bem concretas ao Ricardo: O primeiro
poema, os seus gostos pessoais, o seu dom para a escrita, a sua forma de
escrever, os seus ídolos, a família, a influência do seu pai e muitas outras
questões e, as respostas, sempre prontas não se fizeram esperar.
GOSTOS
PESSOAIS
Música: anos 80 e 90, rock n’rol, Bom Jovi, Guns n’Roses.
Cantor: Bon Jovi. As letras das suas canções trazem-lhe inspiração e uma
mentalidade que cultiva a esperança, do tipo “não desistas, tu consegues”.
Desporto: Gosta de futebol e de parkur, que também pratica, mas a nível amador…
risos!
Pintura: Gosta de pintura surrealista, porque esta obriga-o a puxar pela
imaginação. Aprecia o abstrato, porque isso lhe permite dar a sua própria
interpretação.
Género
literário: Gosta de literatura não
contemplativa, modernista e crónicas.
Ídolo: O escritor Mário de Sá Carneiro. Este é mesmo o seu principal ídolo,
“devorando” toda a literatura deste escritor que admira e lhe serve de exemplo
e de inspiração.
“O
ESPAÇO DO SER”
As
primeiras leituras que fez, bem novo, foi dos poemas do pai. Tinha-os lá por
casa e começou a lê-los. Escreveu o primeiro poema quando tinha apenas seis
anos de idade. Ditou-o ao pai, que lho escreveu numa folha de papel. Aos sete
anos sim, escreveu, pela própria mão um poema e não mais parou.
Os
poemas deste livro, que saíram de uma difícil seleção, datam de 2010 e vão até ao
ano de 2014.
O título
do livro foi escolhido pelo Ricardo, que se aconselhou em casa, com a família.
Quanto aos poemas, primeiramente ia-os mostrando lá em casa, aos pais, mas
hoje, já faz de forma diferente. Tornou-se autónomo e conforme vai escrevendo
vai mostrando alguns dos seus poemas a dois amigos, o “Guilherme Silva – um amigo muito sincero e que lhe dá bons conselhos e
o Diogo, que é um outro amigo que lhe dá muita força”. Lembra ainda uma das
professoras que mais o marcou, positivamente, que foi a sua professora da
primária, profª Eulália Pereira, que apercebendo-se do seu dom para a escrita,
sempre o incentivou a escrever. Assim como a Idiema Salgueiro, a prefaciadora
de “O Espaço do Ser”, que o apoiou num momento mais difícil, tornando-se assim
a sua “madrinha” literária.
Confidenciou-me
ainda que também vai escrevendo alguns poemas nas próprias aulas. Só o escrevo isto
aqui, porque estou certo que os seus professores não vão ler esta crónica, que
faço questão de dedicar ao Ricardo Braga.
Questionei
o Ricardo se o nome pai o condiciona: Foi perentório na resposta, tal como em
quase todas as respostas que me foi dando; No início condicionou, mas neste
momento acho que já não condiciona.
Agora, influenciar influencia, como é natural e influencia positivamente, até
porque sempre apreciei muito os poemas e os livros do meu pai”. Mostrou-se
convicto que o facto de ser filho de poeta lhe traz ainda mais
responsabilidades até porque como afirma, com pai poeta, mãe professora lhe
traz enormes responsabilidades, nada que o assuste, bem pelo contrário, gosta
de dar sempre o seu melhor e de superar as expectativas de todos aqueles que o
rodeiam. Família, amigos e conhecidos.
No
futuro espera continuar a escrever e talvez editar, sabe que é difícil viver da
escrita num país e num concelho como o nosso, mas espera ir satisfazendo este
gosto pela escrita e pela própria leitura.
Quanto
a uma profissão, aqui ainda se mostra muito indeciso, guardando para daqui por
cerca de ano e meio a decisão a tomar quanto à opção a seguir, no que toca ao
ensino superior.
Quanto
à edição deste seu primeiro livro «O Espaço do Ser», elogia a “Editora
Versbrava”, do grupo Seda Publicações que tanto o apoiou, pela aposta na sua
pessoa e nos seus textos e o desejo de que o município continue a apostar
seriamente na cultura e nos jovens valores.
Estive
na Casa da Juventude, com “casa” cheia na apresentação deste livro e gostei de
ver o “à vontade” com que o Ricardo se dirigiu à plateia. Foi uma sessão muito
interessante e animada a terminar com a tradicional sessão de autógrafos. Com a
conversa bem animada, pedi ao Ricardo que elegesse o poema que mais gosta neste
livro e ele aqui está;
SE OS MEUS OLHOS FOSSEM MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS
“Ai se
os meus olhos fossem máquinas fotográficas;
Registava
do mundo a sua beleza,
Sorrisos
e emoções,
Caras
e corações…
Vocês
sabem o que eu quero dizer…
Se os
meus olhos fossem máquinas fotográficas,
Registava
vidas inteiras,
Com
sentimentos e pensamentos;
O som
da chuva,
E o
silêncio dos ventos…
Vocês
sabem o que eu quero dizer…
Se os
meus olhos fossem máquinas fotográficas,
E o
sol me espreitasse à janela,
Registava-te
a ti, por seres a criatura mais bela…”
Perguntei ao Ricardo se também eu podia escolher um dos poemas para
transcrever aqui nesta crónica. O Ricardo ficou um pouco aflito, diz ele; “Mas, não me diga que vai publicar poemas
meus na entrevista a publicar no jornal? Claro, Ricardo.
Aqui fica o poema que mais gosto;
OS LIVROS
“Um
livro é um amigo,
Que
anda sempre contigo.
Leva-te
a cantar,
A rir
e a chorar,
Faz-te
viajar sem sair do lugar;
Leva-te
para lá do universo,
A um
mundo de imaginação.
Discute
política e desporto,
Física
e Ciência,
Medicina
e Português,
E
faz-te ler outra vez.
É um
companheiro de viagem;
Um na
mão e outro na bagagem.
Está
contigo antes de dormir,
Na
hora de estudar,
E de
manhã, ao levantar.
Há
melhor do que um bom livro
Para
acordar?
Uma
aventura cheia de ação,
Ou um
romance estranho
Para
ler na casa de banho.
Fiel
companheiro,
Ilustrado
em televisão?
Prefiro-te
em papel,
Mais
valioso que um anel.
Amigo,
Sei
que és fiel…”
E agora, um poema muito especial, um dos que o Ricardo declamou na
sessão de apresentação do seu livro, na Casa da Juventude, no passado dia 7 de
março.
MÃE
“Minha
mãe de cabelos aos caracóis
É
bonita para mim;
Reluzente como mil sóis,
Nunca vi ninguém assim!
Suas palavras doces de ternura
Caracterizam o seu ser,
E o seu passatempo predileto
É dar asas ao saber.
Ela tem olhos cor de chocolate
E seus lindos lábios
São vermelhos escarlate.
Quando está a escrever,
Suas mãos são pombas a voar
Sensação só comparada
Ao seu belo e suave andar.
Para mim é a pessoa
Sem a qual não posso viver;
É assim como ela
Que eu quero ser.
Ela é feliz,
É uma pessoa sem igual,
Ela é…
… a minha mãe de cabelo aos caracóis.”
“FILHO
DE POETA, SABE… ESCREVER”
Não
podia deixar de abordar um pouco a obra do pai do Ricardo, o meu caro amigo
Jorge Braga, até porque ao falar do Jorge ao seu filho Ricardo verifiquei uma
reação de grande respeito e admiração, como é natural, mas ao mesmo tempo de
alguma independência. Curiosa
a reação do Ricardo quando lhe digo: Ricardo sabes que acabas-te por roubar a
vez ao teu pai? A resposta do jovem foi bem elucidativa… uma forte… gargalhada,
oh. Ainda me disse que está no início, que escreve por puro prazer e que espera
continuar a fazê-lo da mesma forma no futuro.
Com
esta conversa com este jovem poeta, pretendo homenagear todas e todos os
esposendenses que se dedicam à escrita, seja de que tipo for, porque desta
forma estão a enriquecer o nosso património e a nossa cultura.
Do Jorge
Braga, que tão bem conheço aproveito para deixar uma pequena referência à já
sua grande obra, com vários livros editados e muitos saraus e exposições
realizadas. Não me esqueço que terei sido das primeiras pessoas a convidar o
Jorge a realizar uma exposição intitulada «Expoética, o Mundo em três tempos»
que associou a escrita aos valores ambientais e à defesa da sustentação do meio
ambiente e dos recursos naturais. Foi em curvos e contou com muita afluência e
a opinião generalizada foi muito positiva. Também tenho acompanhado quase todos
os lançamentos dos seus livros:
Em
1991, publicou o seu primeiro livro de poemas "Elos", abrindo assim
caminho a um novo percurso pelo mundo das letras. Em 1992, lança
"Paradoxia" e, dois anos mais tarde, edita um novo livro, intitulado
"Galarim", onde se afirma como poeta no mundo académico, sendo a sua
apresentação promovida pela Universidade Lusíada. Em 1997, publica
"Excitações da Razão" e dá início a uma forma de escrever poesia, a
Crónica Poética. Em 2005, edita o seu quinto livro, "Plectro Inato",
uma obra poética que versa a imaterialidade e o intemporal na sua essência em
contraste com os valores do mundo e, em 2014, surge com "Amenas
Tempestades".
Obrigado,
Ricardo. Gostei muito destes momentos passados contigo. Um jovem cheio de
energia e com muitos sonhos para concretizar. Continua a fazer o que gostas e
vais ter, estou certo, um futuro muito risonho. Um abraço.
NOTA
FINAL: O Dr. António Costa acaba de deixar,
a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, muito antes de completar metade do
mandato para o qual foi eleito. Isto significa que os lisboetas o elegeram, mas
quem efetivamente vai governar e durante mais tempo é o seu número dois de
então, o Dr. Fernando Medina. A isto, chamo BATOTA. Nunca gostei destes
esquemas, do tipo, eu encabeço, mas logo que surja um tacho aparentemente
melhor e mais apetecível, aqui vou eu.
Por isso,
proponho uma alteração à LEI no sentido de clarificar situações de abuso, como
esta. Sempre que um candidato abandone e ainda não esteja decorrido metade do
mandato, realizar-se-ão novas eleições, para eleger novos protagonistas. Esta
minha intervenção não se dirige em exclusivo a este caso, mas a todos os que se
tem verificado e venham a verificar.
Uma nota
muito positiva pelo programa da Semana Santa de Esposende deste ano, pela sua
diversidade e riqueza.
Na próxima semana vou estar à conversa com o jovem músico e maestro Diogo Costa. A não perder.
Mário
Fernandes;
11-04-2015
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