DIOGO COSTA, COMPOSITOR, MÚSICO E
MAESTRO NAS PRINCIPAIS ORQUESTRAS PORTUGUESAS
JOVEM ESPOSENDENSE A CAMINHO DO
CONSERVATÓRIO DE AMSTERDÃO
No seguimento das conversas informais, do tipo “entrevistas”, mas
intimista, traga aqui hoje, mais uma conversa com um jovem cujas credenciais já
são bem conhecidas de uma boa parte dos esposendenses. Principalmente daqueles
que gostam de música e que acompanham o trabalho das nossas bandas e
orquestras.
Diogo Costa nasceu no ano de 1989 na
cidade de Esposende. Pai de Antas e mãe de Belinho, mora em Belinho mas não
deixa de fazer vida em Antas. Percebi que o Diogo adora estas duas freguesias,
pelo carinho com que fala de ambas e pela forma como gosta de se associar a
elas, pelas raízes familiares e pelos amigos, muitos, que tem numa e na outra.
PERCURSO
GENIAL
O Diogo iniciou os seus estudos
musicais com 9 anos de idade na banda de música de Antas com os professores
Gonçalo Jacques, Valdemar Sequeira e José Maciel na classe de Trombone, à qual
pertence desde 2002. Neste ano ingressou na Escola Profissional de Música de
Viana do Castelo, na classe de trombone com os professores Fernando Baptista e
Gonçalo Dias, terminando o Curso de Instrumentista em 2007.
Prosseguiu a sua formação na Escola
Superior de Música de Lisboa, na classe de trombone com o professor Ismael
Santos e música de câmara com José Augusto Carneiro e Hugo Assunção. Durante
este período, trabalhou com grandes maestros, como, Erneste Schelle, Josep
Vicent, Kevin Wauldron, Javier Viceiro, Miguel del Castillo, Cesário Costa,
Osvaldo Ferreira, Julian Lombana, Roberto Perez, Alberto Roque, Vasco Pearce de
Azevedo, Sandor Gyudi, Luis Carvalho, Jorge Salgueiro, Luís Cardoso, Paulo
Martins, Francisco Ferreira, Martin André, Laurence Marks, Jean-Marc Burfin,
Nicolae Lalov, José Rafael Pascual Vilaplana de entre outros.
Frequentou Master Classes de trombone
com Ricardo Casero, Jarret Butler, Hugo Assunção, Petur Eiriksson, Alberto
Urretxo Zubillaga, Severo Martinez, Jon Etterbeek e Master Classes de Música de
Câmara com Spanish Brass, Olga Prats e Pierre Dutot.
PRIMEIROS
PRÉMIOS
Em Abril 2007 participou nas 1.ª
olimpíadas da música organizadas pela AMVC e EPMVC onde lhe é atribuído o 2ª
Prémio ex aequo na modalidade de Formação Musical e História da Música e, em
dezembro de 2013, participou, como maestro assistente do maestro Boris Gruzin,
na produção do bailado “Cinderela” de S. Prokofiev com a Orquestra Sinfónica
Portuguesa e a Companhia Nacional de Bailado.
Tem colaborado com regularidade com
importantíssimas orquestras, tais como: Orquestra Clássica da Madeira,
Orquestra de Câmara Cascais Oeiras, Banda Sinfónica Portuguesa, Orquestra
Momentum Perpétum, Orquestra Académica Metropolitana de Lisboa, Lisbon Film
Orchestra, West European Studio Orchestra, Orquestra Sinfónica de Jovens de St.
Maria da Feira, Orquestra de sopros APROARTE e, respetivas orquestras das
escolas que frequentou.
Na área do Jazz tem trabalhado
regularmente com a Big Band do Hot Clube de Portugal, Claus Nymark Big Band,
Orquestra de Jazz da ESML e é, desde 2008, trombonista baixo da REUNION BIG
JAZZ BAND, dirigida por Johannes Krieger em Lisboa e com a qual gravou em 2011
o primeiro álbum “Ouija”.
No campo da direção de orquestra, tem
feito Master Classes com Filipe Carvalheiro, Lluis Vila, Rafa Agulló Albors,
Laurence Marks, José Rafael Pascual Vilaplana, Jean-Sébastien Béreau, Douglas
Bostock e Emilio Pomarico. Como maestro convidado, dirigiu a Orquestra do
Algarve – Orquestra Clássica do Sul, a Orquestra Académica Metropolitana de
Lisboa, a West European Studio Orchestra, a Orquestra Sinfónica da Escola
Profissional de Música de Viana do Castelo e a Orquestra de Cordas dos alunos
da Casa Pia de Lisboa (Colégios Nuno Álvares Pereira e D. Maria Pia – Lisboa).
PROFESSOR
DE MÚSICA
Entre 2008 e 2011, ainda arranjou tempo
para lecionar a disciplina de Formação Musical na escola de música da Banda de
Antas, e a classe de trombone da escola de música da Banda Lanhelense.
Atualmente, Diogo Costa é licenciado em
Direção de Orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra da
Metropolitana, na qual estudou com o conceituado pedagogo Jean-Marc Burfin e é,
desde outubro de 2012, diretor musical e artístico da Banda de Música de Antas.
GOSTOS
PESSOAIS
Música: adora o Jazz e agora, desde que
se instalou em Lisboa, aprendeu a gostar de Fado. Gosta de correr e não
dispensa o seu Benfica. Gosta de ler e acima de tudo, gosta de escrever…
música. Sim porque o Diogo compõe muitas das suas músicas e músicas para outros
músicos.
PRÓXIMAS
REALIZAÇÕES
Em abril, vai dirigir o Ensemble MPMP –
Movimento Patrimonial para a Música Portuguesa, em Lisboa;
Em maio, vai estar – de entre apenas
dez músicos selecionados, no Royal Northern College of Music de Manchester, a frequentar um curso de
direção para maestros;
No dia 30 de julho vai realizar-se um
espetáculo no Largo dos bombeiros em Esposende, resultado de uma interessante
parceria entre a Banda de Antas e o Coro dos Pequenos Cantores de Esposende;
“NESTE MOMENTO O MEU SONHO É
INGRESSAR NO CONSERVATÓRIO DE AMSTERDÃO”
O Diogo conta ir já em setembro para o
Conservatório de Haia - Holanda, para depois e logo que possível possa ver o seu
sonho concretizar-se, com o ingresso no Conservatório de Amsterdão, na Holanda,
para mais uma dura etapa no mestrado de 2 anos.
“Amsterdão
está no top mundial, por isso trata-se de um destino de sonho para qualquer
música jovem, ou menos jovem”.
ORQUESTRA
JOVEM DE ESPOSENDE
Lembra-se com enorme gosto do concerto
dado em Curvos, a meu convite, inserido num riquíssimo programa cultural que
sempre desenvolvi, na apresentação da Orquestra Jovem de Esposende. Quando em
tom de provocação anunciei ali mesmo a estreia da orquestra, que efetivamente
se estreou nesse dia, com 2 atuações, referindo que de tarde tinha sido um
ensaio geral em Belinho e a verdadeira estreia à noite em Curvos. Tive resposta
pronta, “O ensaio geral desta tarde
correu muito bem, tivemos a igreja paroquial de Belinho a abarrotar, tal como
temos aqui em Curvos”, respondeu o maestro Diogo.
BANDA
DE MÚSICA DE ANTAS
A Banda de Música de Antas é presidida,
desde setembro passado por Jorge Neiva, tendo como maestro, há cerca de 3 anos
o meu interlocutor de hoje, Diogo Costa, que já pertence à Banda há mais de 10
anos.
Trata-se de uma Banda histórica, com origem
que se pensa remontar a 1870 e tal, pelo menos é o que nos dizem alguns dos
estudiosos do tema. De qualquer forma, mais ano, menos ano, fica claro que se
trata de uma agremiação musical que terá cerca de 150 anos, passando de geração
em geração.
Atualmente o diretor artístico e
maestro da Banda é o meu interlocutor, Diogo Costa, que com o seu
profissionalismo, competência e dedicação dos músicos, tem levado a Banda à
ribalta da sua longa história.
Desta escola nasceu a Orquestra de Sopros ABBVE, que
participa em diversos eventos culturais e é a promissora garantia de que à
Banda de Antas não vai faltar a frescura e a revitalização contínua de novos
músicos.
A Banda dos Bombeiros Voluntários de
Esposende, Antas, conta já com quatro gravações de C.D. e um D.V.D. Em 2011
editou o livro monográfico “Banda de Música de Antas – 140 anos de História” da
autoria de Raul de Azevedo Saleiro, que é uma referência para as Bandas que
existem ou existiram na região. Com cerca de 25 a 30 concertos anuais, lado a
lado com as melhores bandas do país, conta no seu currículo com várias atuações
além-fronteiras, nomeadamente em terras de França e Espanha.
A Banda é constituída por 78 elementos.
A grande maioria são de Antas e de terras vizinhas, em especial de Belinho, São
Romão de Neiva e de Forjães. Neste momento surgiu-me uma dúvida: Diogo há
elementos que atuam em simultâneo na Banda de Antas e noutras Bandas? É
verdade. “Há músicos que atuam na Banda
de Antas, na de Belinho e em outras bandas da região como Vila nova de Anha, entre
outras. As bandas acabam por ser a única fonte de dinheiro para alguns jovens
músicos e esta é uma forma de poderem ir juntando alguns trocos durante o verão”.
NECESSIDADES
DA BANDA DE ANTAS
Esta Banda vai sendo autossuficiente,
uma vez que vive do seu trabalho e dos recursos que angaria nas suas atuações e
no protocolo celebrado com o Município. Este protocolo permite-nos um encaixe
anual de cerca de 12.500 euros por ano para a escola de música e, como
contrapartida garantimos a realização de 2 a 3 espetáculos por ano, onde se
incluem a Semana Santa e o 19 de agosto.
“A Banda tem necessidade de com alguma regularidade, digamos que anual, de ir adquirindo novos instrumentos. A percussão e as tubas foram renovadas recentemente. Neste momento temos a necessidade de adquirir um novo fardamento, porque o atual está a ficar muito gasto e isso começa a prejudicar a imagem da Banda. Temos atualmente cerca de 200 associados que pagam sensivelmente 20 euros por ano, mas que usufruem das regalias que isso lhes proporciona, embora quem sinta que é sócio, não o é para vir a lucrar financeiramente com isso, mas pelo prazer de pertencer a uma instituição centenária. Em termos de frota automóvel possuímos 2 viaturas, uma pesada, para o transporte dos instrumentos e uma ligeira para o transporte de músicos em pequenas deslocações. O transporte dos músicos em grandes deslocações é habitualmente feito em autocarro, alugado para o efeito, regra geral fornecido pelas comissões de festas ou organização dos eventos”.
A
CONCORRÊNCIA É MAIS QUE MUITA
Aqui chegados notei alguma tristeza na
face o Diogo. É que segundo afirma, também aqui a concorrência é mais que muita
e há quase que um «salve-se quem puder». Segundo o Diogo “Há hoje uma feroz concorrência entre as Bandas e com a chegada ao Minho
de bandas como as da zona de Aveiro, o mercado começou a ficar desequilibrado.
Quer isto dizer que estas bandas começaram a baixar os preços de uma forma
incompreensível, ponde mesmo em causa a sua própria sobrevivência. Só
compreendo estes comportamentos, como sendo o resultado de algum desespero,
levado a cabo essencialmente por bandas com outros patrocínios, pois de outra
forma não sobreviveriam. A Banda da Trofa, a título de exemplo, perdeu o seu
principal mecenas e logo se notou, pois deixou de ser aquela Banda com um
prestígio inabalável. Outras há a quem aconteceu situação semelhante como e
caso disso a Banda de Revelhe”.
“Noutros
tempos, as comissões de festas procuravam as Bandas, para as contratar e
incluir nos seus programas, hoje, são as Bandas que procuram as comissões de
festas, para se oferecer para participar nas festividades e ao melhor preço”. A sociedade
também está fortemente concorrencial, a música não foge à regra, digo eu.
BANDA
DE ANTAS REALIZA TODOS OS ANOS UM JANTAR CONVÍVIO COM MAIS DE 400 CONVIDADOS.
Este jantar é um dos pontos altos,
porque junta músicos, organização, associados, entidades e amigos da Banda. O
convívio é uma mais-valia.
CASA
DA MÚSICA DE… ANTAS
A Casa da Música de Antas é um
importante ativo da Banda, permitindo-lhe trabalhar com condições de
excelência. Ai funcionam os ensaios, uma escola de música e atuações diversos
ensembles. A Escola de música conta atualmente com 60 alunos, repartidos pelos
vários escalões. As idades estão compreendidas entre os 7 e os 18 anos de
idade. A propina ronda os vinte e cinco euros por mês.
ESCOLA
DE MÚSICA
Da escola de música nasceu a Orquestra de Sopros ABBVE, que
participa em diversos eventos culturais e é a promissora garantia de que à
Banda de Antas não vai faltar a frescura e a revitalização contínua de novos
músicos.
A principal mais-valia desta escola
prende-se precisamente do facto de, com a formação musical de jovens, ficar
garantido o reforço de músicos e a renovação dos músicos da banda.
É com orgulho que ouço o Diogo afirmar
“A Banda de Antas tem atualmente um dos melhores trompetistas do país – Marco
Silva, que gravou a solo com a banda. Está na ópera de Zurich e no verão vai
estar cá de novo. Assim como um grande tubista – Jorge Viana, natural de Antas
e que também tem vindo a trabalhar com os melhores músicos e orquestras
nacionais.
POR
LISBOA HÁ 8 ANOS, COMO VÊ ESPOSENDE?
“Esposende
é a minha terra, onde volto sempre que posso, é este cantinho magnífico, que
nos permite desfrutar da natureza e do encanto das suas gentes. Posso também
trazer aqui o que pensam de Esposende, os Lisboetas, com quem convivo; Veem
Esposende como uma terra que fica no norte, encostada ao litoral, com boas
praias e excelente gastronomia. Esposende também é muito conhecida pelas suas
Bandas Filarmónicas”.
Obrigado,
maestro Diogo Costa, pela simpatia com que sempre conversamos, nós que já nos
conhecemos há vários anos. A presente “entrevista” confirma na íntegra as
expetativas sobre si, com que fiquei mal o conheci e vi atuar. É inequívoco que
este jovem nasceu para a música e que a música com músicos assim vai continuar
a tocar belas melodias e a animar os nossos dias. Afinal, quem não gosta de uma
boa sinfonia?
LIVRO
DE «CRÓNICAS DE MÁRIO FERNANDES»
Sessão pública de lançamento do livro realizar-se-á no próximo dia
23, pelas 21 horas, no fórum Municipal Rodrigues Sampaio
O convite a todas e a todos os
leitores, amigas e amigos, para participarem no lançamento do meu livro
«CRÓNICAS DE MÁRIO FERNANDES», resultado da compilação das primeiras 60
crónicas escritas neste semanário esposendense. Para além das crónicas ainda
vão poder ler textos de 8 ilustres esposendenses que aceitaram o desafio para
se associarem a esta publicação de 430 páginas. A Vossa presença será para mim
uma honra. Apareçam!
Mário Fernandes;
18-04-2015
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