quarta-feira, 22 de abril de 2015

À CONVERSA COM O JOVEM COMPOSITOR, MÚSICO E MAESTRO ESPOSENDENSE DIOGO COSTA



DIOGO COSTA, COMPOSITOR, MÚSICO E MAESTRO NAS PRINCIPAIS ORQUESTRAS PORTUGUESAS

JOVEM ESPOSENDENSE A CAMINHO DO CONSERVATÓRIO DE AMSTERDÃO

No seguimento das conversas informais, do tipo “entrevistas”, mas intimista, traga aqui hoje, mais uma conversa com um jovem cujas credenciais já são bem conhecidas de uma boa parte dos esposendenses. Principalmente daqueles que gostam de música e que acompanham o trabalho das nossas bandas e orquestras.

Diogo Costa nasceu no ano de 1989 na cidade de Esposende. Pai de Antas e mãe de Belinho, mora em Belinho mas não deixa de fazer vida em Antas. Percebi que o Diogo adora estas duas freguesias, pelo carinho com que fala de ambas e pela forma como gosta de se associar a elas, pelas raízes familiares e pelos amigos, muitos, que tem numa e na outra.

PERCURSO GENIAL
O Diogo iniciou os seus estudos musicais com 9 anos de idade na banda de música de Antas com os professores Gonçalo Jacques, Valdemar Sequeira e José Maciel na classe de Trombone, à qual pertence desde 2002. Neste ano ingressou na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, na classe de trombone com os professores Fernando Baptista e Gonçalo Dias, terminando o Curso de Instrumentista em 2007.

Prosseguiu a sua formação na Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de trombone com o professor Ismael Santos e música de câmara com José Augusto Carneiro e Hugo Assunção. Durante este período, trabalhou com grandes maestros, como, Erneste Schelle, Josep Vicent, Kevin Wauldron, Javier Viceiro, Miguel del Castillo, Cesário Costa, Osvaldo Ferreira, Julian Lombana, Roberto Perez, Alberto Roque, Vasco Pearce de Azevedo, Sandor Gyudi, Luis Carvalho, Jorge Salgueiro, Luís Cardoso, Paulo Martins, Francisco Ferreira, Martin André, Laurence Marks, Jean-Marc Burfin, Nicolae Lalov, José Rafael Pascual Vilaplana de entre outros.

Frequentou Master Classes de trombone com Ricardo Casero, Jarret Butler, Hugo Assunção, Petur Eiriksson, Alberto Urretxo Zubillaga, Severo Martinez, Jon Etterbeek e Master Classes de Música de Câmara com Spanish Brass, Olga Prats e Pierre Dutot.

PRIMEIROS PRÉMIOS
Em Abril 2007 participou nas 1.ª olimpíadas da música organizadas pela AMVC e EPMVC onde lhe é atribuído o 2ª Prémio ex aequo na modalidade de Formação Musical e História da Música e, em dezembro de 2013, participou, como maestro assistente do maestro Boris Gruzin, na produção do bailado “Cinderela” de S. Prokofiev com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Companhia Nacional de Bailado.

Tem colaborado com regularidade com importantíssimas orquestras, tais como: Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra de Câmara Cascais Oeiras, Banda Sinfónica Portuguesa, Orquestra Momentum Perpétum, Orquestra Académica Metropolitana de Lisboa, Lisbon Film Orchestra, West European Studio Orchestra, Orquestra Sinfónica de Jovens de St. Maria da Feira, Orquestra de sopros APROARTE e, respetivas orquestras das escolas que frequentou.

Na área do Jazz tem trabalhado regularmente com a Big Band do Hot Clube de Portugal, Claus Nymark Big Band, Orquestra de Jazz da ESML e é, desde 2008, trombonista baixo da REUNION BIG JAZZ BAND, dirigida por Johannes Krieger em Lisboa e com a qual gravou em 2011 o primeiro álbum “Ouija”.

No campo da direção de orquestra, tem feito Master Classes com Filipe Carvalheiro, Lluis Vila, Rafa Agulló Albors, Laurence Marks, José Rafael Pascual Vilaplana, Jean-Sébastien Béreau, Douglas Bostock e Emilio Pomarico. Como maestro convidado, dirigiu a Orquestra do Algarve – Orquestra Clássica do Sul, a Orquestra Académica Metropolitana de Lisboa, a West European Studio Orchestra, a Orquestra Sinfónica da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo e a Orquestra de Cordas dos alunos da Casa Pia de Lisboa (Colégios Nuno Álvares Pereira e D. Maria Pia – Lisboa).

PROFESSOR DE MÚSICA
Entre 2008 e 2011, ainda arranjou tempo para lecionar a disciplina de Formação Musical na escola de música da Banda de Antas, e a classe de trombone da escola de música da Banda Lanhelense.

Atualmente, Diogo Costa é licenciado em Direção de Orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra da Metropolitana, na qual estudou com o conceituado pedagogo Jean-Marc Burfin e é, desde outubro de 2012, diretor musical e artístico da Banda de Música de Antas.

GOSTOS PESSOAIS
Música: adora o Jazz e agora, desde que se instalou em Lisboa, aprendeu a gostar de Fado. Gosta de correr e não dispensa o seu Benfica. Gosta de ler e acima de tudo, gosta de escrever… música. Sim porque o Diogo compõe muitas das suas músicas e músicas para outros músicos.

PRÓXIMAS REALIZAÇÕES
Em abril, vai dirigir o Ensemble MPMP – Movimento Patrimonial para a Música Portuguesa, em Lisboa;

Em maio, vai estar – de entre apenas dez músicos selecionados, no Royal Northern College of Music de Manchester, a frequentar um curso de direção para maestros;

No dia 30 de julho vai realizar-se um espetáculo no Largo dos bombeiros em Esposende, resultado de uma interessante parceria entre a Banda de Antas e o Coro dos Pequenos Cantores de Esposende;

“NESTE MOMENTO O MEU SONHO É INGRESSAR NO CONSERVATÓRIO DE AMSTERDÃO”
O Diogo conta ir já em setembro para o Conservatório de Haia - Holanda, para depois e logo que possível possa ver o seu sonho concretizar-se, com o ingresso no Conservatório de Amsterdão, na Holanda, para mais uma dura etapa no mestrado de 2 anos.

“Amsterdão está no top mundial, por isso trata-se de um destino de sonho para qualquer música jovem, ou menos jovem”.

ORQUESTRA JOVEM DE ESPOSENDE
Lembra-se com enorme gosto do concerto dado em Curvos, a meu convite, inserido num riquíssimo programa cultural que sempre desenvolvi, na apresentação da Orquestra Jovem de Esposende. Quando em tom de provocação anunciei ali mesmo a estreia da orquestra, que efetivamente se estreou nesse dia, com 2 atuações, referindo que de tarde tinha sido um ensaio geral em Belinho e a verdadeira estreia à noite em Curvos. Tive resposta pronta, “O ensaio geral desta tarde correu muito bem, tivemos a igreja paroquial de Belinho a abarrotar, tal como temos aqui em Curvos”, respondeu o maestro Diogo.

BANDA DE MÚSICA DE ANTAS
A Banda de Música de Antas é presidida, desde setembro passado por Jorge Neiva, tendo como maestro, há cerca de 3 anos o meu interlocutor de hoje, Diogo Costa, que já pertence à Banda há mais de 10 anos.

Trata-se de uma Banda histórica, com origem que se pensa remontar a 1870 e tal, pelo menos é o que nos dizem alguns dos estudiosos do tema. De qualquer forma, mais ano, menos ano, fica claro que se trata de uma agremiação musical que terá cerca de 150 anos, passando de geração em geração.
Atualmente o diretor artístico e maestro da Banda é o meu interlocutor, Diogo Costa, que com o seu profissionalismo, competência e dedicação dos músicos, tem levado a Banda à ribalta da sua longa história.

Desta escola nasceu a Orquestra de Sopros ABBVE, que participa em diversos eventos culturais e é a promissora garantia de que à Banda de Antas não vai faltar a frescura e a revitalização contínua de novos músicos.

A Banda dos Bombeiros Voluntários de Esposende, Antas, conta já com quatro gravações de C.D. e um D.V.D. Em 2011 editou o livro monográfico “Banda de Música de Antas – 140 anos de História” da autoria de Raul de Azevedo Saleiro, que é uma referência para as Bandas que existem ou existiram na região. Com cerca de 25 a 30 concertos anuais, lado a lado com as melhores bandas do país, conta no seu currículo com várias atuações além-fronteiras, nomeadamente em terras de França e Espanha.

A Banda é constituída por 78 elementos. A grande maioria são de Antas e de terras vizinhas, em especial de Belinho, São Romão de Neiva e de Forjães. Neste momento surgiu-me uma dúvida: Diogo há elementos que atuam em simultâneo na Banda de Antas e noutras Bandas? É verdade. “Há músicos que atuam na Banda de Antas, na de Belinho e em outras bandas da região como Vila nova de Anha, entre outras. As bandas acabam por ser a única fonte de dinheiro para alguns jovens músicos e esta é uma forma de poderem ir juntando alguns trocos durante o verão”.

NECESSIDADES DA BANDA DE ANTAS
Esta Banda vai sendo autossuficiente, uma vez que vive do seu trabalho e dos recursos que angaria nas suas atuações e no protocolo celebrado com o Município. Este protocolo permite-nos um encaixe anual de cerca de 12.500 euros por ano para a escola de música e, como contrapartida garantimos a realização de 2 a 3 espetáculos por ano, onde se incluem a Semana Santa e o 19 de agosto.

“A Banda tem necessidade de com alguma regularidade, digamos que anual, de ir adquirindo novos instrumentos. A percussão e as tubas foram renovadas recentemente. Neste momento temos a necessidade de adquirir um novo fardamento, porque o atual está a ficar muito gasto e isso começa a prejudicar a imagem da Banda. Temos atualmente cerca de 200 associados que pagam sensivelmente 20 euros por ano, mas que usufruem das regalias que isso lhes proporciona, embora quem sinta que é sócio, não o é para vir a lucrar financeiramente com isso, mas pelo prazer de pertencer a uma instituição centenária. Em termos de frota automóvel possuímos 2 viaturas, uma pesada, para o transporte dos instrumentos e uma ligeira para o transporte de músicos em pequenas deslocações. O transporte dos músicos em grandes deslocações é habitualmente feito em autocarro, alugado para o efeito, regra geral fornecido pelas comissões de festas ou organização dos eventos”.

A CONCORRÊNCIA É MAIS QUE MUITA
Aqui chegados notei alguma tristeza na face o Diogo. É que segundo afirma, também aqui a concorrência é mais que muita e há quase que um «salve-se quem puder». Segundo o Diogo “Há hoje uma feroz concorrência entre as Bandas e com a chegada ao Minho de bandas como as da zona de Aveiro, o mercado começou a ficar desequilibrado. Quer isto dizer que estas bandas começaram a baixar os preços de uma forma incompreensível, ponde mesmo em causa a sua própria sobrevivência. Só compreendo estes comportamentos, como sendo o resultado de algum desespero, levado a cabo essencialmente por bandas com outros patrocínios, pois de outra forma não sobreviveriam. A Banda da Trofa, a título de exemplo, perdeu o seu principal mecenas e logo se notou, pois deixou de ser aquela Banda com um prestígio inabalável. Outras há a quem aconteceu situação semelhante como e caso disso a Banda de Revelhe”.
“Noutros tempos, as comissões de festas procuravam as Bandas, para as contratar e incluir nos seus programas, hoje, são as Bandas que procuram as comissões de festas, para se oferecer para participar nas festividades e ao melhor preço”. A sociedade também está fortemente concorrencial, a música não foge à regra, digo eu.

BANDA DE ANTAS REALIZA TODOS OS ANOS UM JANTAR CONVÍVIO COM MAIS DE 400 CONVIDADOS.
Este jantar é um dos pontos altos, porque junta músicos, organização, associados, entidades e amigos da Banda. O convívio é uma mais-valia.

CASA DA MÚSICA DE… ANTAS
A Casa da Música de Antas é um importante ativo da Banda, permitindo-lhe trabalhar com condições de excelência. Ai funcionam os ensaios, uma escola de música e atuações diversos ensembles. A Escola de música conta atualmente com 60 alunos, repartidos pelos vários escalões. As idades estão compreendidas entre os 7 e os 18 anos de idade. A propina ronda os vinte e cinco euros por mês.

ESCOLA DE MÚSICA
Da escola de música nasceu a Orquestra de Sopros ABBVE, que participa em diversos eventos culturais e é a promissora garantia de que à Banda de Antas não vai faltar a frescura e a revitalização contínua de novos músicos.

A principal mais-valia desta escola prende-se precisamente do facto de, com a formação musical de jovens, ficar garantido o reforço de músicos e a renovação dos músicos da banda.
É com orgulho que ouço o Diogo afirmar “A Banda de Antas tem atualmente um dos melhores trompetistas do país – Marco Silva, que gravou a solo com a banda. Está na ópera de Zurich e no verão vai estar cá de novo. Assim como um grande tubista – Jorge Viana, natural de Antas e que também tem vindo a trabalhar com os melhores músicos e orquestras nacionais.

POR LISBOA HÁ 8 ANOS, COMO VÊ ESPOSENDE?
“Esposende é a minha terra, onde volto sempre que posso, é este cantinho magnífico, que nos permite desfrutar da natureza e do encanto das suas gentes. Posso também trazer aqui o que pensam de Esposende, os Lisboetas, com quem convivo; Veem Esposende como uma terra que fica no norte, encostada ao litoral, com boas praias e excelente gastronomia. Esposende também é muito conhecida pelas suas Bandas Filarmónicas”.

Obrigado, maestro Diogo Costa, pela simpatia com que sempre conversamos, nós que já nos conhecemos há vários anos. A presente “entrevista” confirma na íntegra as expetativas sobre si, com que fiquei mal o conheci e vi atuar. É inequívoco que este jovem nasceu para a música e que a música com músicos assim vai continuar a tocar belas melodias e a animar os nossos dias. Afinal, quem não gosta de uma boa sinfonia?

LIVRO DE «CRÓNICAS DE MÁRIO FERNANDES»
Sessão pública de lançamento do livro realizar-se-á no próximo dia 23, pelas 21 horas, no fórum Municipal Rodrigues Sampaio
O convite a todas e a todos os leitores, amigas e amigos, para participarem no lançamento do meu livro «CRÓNICAS DE MÁRIO FERNANDES», resultado da compilação das primeiras 60 crónicas escritas neste semanário esposendense. Para além das crónicas ainda vão poder ler textos de 8 ilustres esposendenses que aceitaram o desafio para se associarem a esta publicação de 430 páginas. A Vossa presença será para mim uma honra. Apareçam!
Mário Fernandes;
18-04-2015



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