sábado, 12 de setembro de 2015

À CONVERSA COM RUI COSTA CHEFE PASTELEIRO CAMPEÃO INTERNACIONAL DE PASTELARIA



RUI COSTA CHEFE PASTELEIRO ESPOSENDENSE É CAMPEÃO INTERNACIONAL DE PASTELARIA
PASTELARIA E BOMBONARIA MARBELA É HOJE UMA DAS MARCAS “DO ESPOSENDE MODERNO E VANGUARDISTA” E UM LOCAL DE CULTO DA CHOCOLATARIA
A cidade de Esposende é hoje conhecida por todo o país, por inúmeras razões. Pelo clima, pela harmonia do seu território, pelos seus equipamentos e património, pelas praias, pelas gentes, pelas muitas atividades e dinâmicas locais e pela… MARBELA.
Hoje, há muita gente que visita Esposende para desfrutar das delícias da pastelaria, confeitaria, bombonaria… MARBELA. Situada no início da Rua 1º de Dezembro, a partir do Largo Rodrigues Sampaio, está uma das imagens de marca, um símbolo de qualidade e bom gosto que atrai até nós muitos dos visitantes e dos turistas que por cá passam. Há aqueles que nos visitam para ir ao MARBELA e os que nos visitando por outras razões, não deixam de lá passar.
Estamos a falar de um espaço pequeno, mas recheado de história e de uma pastelaria que prima pela originalidade, pela arte, pelo bom gosto e pela excecional qualidade. De um negócio iniciado pelo Senhor António Costa, com a sua simpatia e profissionalismo, temos hoje uma dupla de sucesso, constituída pelo pai, no atendimento e na vertente comercial e pelo filho Rui, especialista na arte de criar e trabalhar o chocolate. A estes junta-se uma equipa dinâmica, tanto na fábrica como no atendimento ao público, onde no verão se junta a esplanada exterior. Na Marbela somos tratados pelo nome, há um carinho especial pelo cliente e isso é um fator diferenciador.
Rui Costa, Chefe pasteleiro, meu interlocutor de hoje foi-me confidenciando que começou a trabalhar bem cedo com o chocolate. Gostava de brincar, fazer carrinhos e casinhas de chocolate. Meteu-se na fábrica logo que pôde e depois foi sempre a trabalhar. É um artista da chocolataria e da pastelaria, autodidata, que cedo começou a ensinar outros e a procurar ensinamentos, percorrendo praticamente toda a europa à procura de novas técnicas e matéria-prima. Da sua mão saem autênticas obras de arte, muitas delas premiadas em vários concursos mundiais, a levar longe o nome de Portugal e de Esposende.
A Marbela habituou-nos a ter nas suas montras das mais bonitas e originais peças de arte da chocolataria. Guitarras, máscaras, ovos, bolos de aniversário, bombons e todo o tipo de produtos que deixam qualquer um de água na boca.
A aposta nos produtos internacionais é uma das principais razões de sucesso, onde Rui Costa assume um gosto especial pela pastelaria francesa e de outras origens, como Suíça. Todas as épocas festivas são lembradas; dia do Pai e da Mãe, da Mulher, dia dos Namorados, Páscoa, Natal e muitos outros. Aqui encontramos sempre algo original.
Vamos conhecer um pouco melhor o meu entrevistado de hoje.
António Rui Lima Veloso Costa é natural de Fão, mas desde sempre viveu em Esposende. Tem 39 anos de idade, é casado e tem dois filhos, uma com 19 anos e um com 13 anos.
UM CLUBE
”Sou simpatizante do Futebol Clube do Porto.”
TEMPOS LIVRES
”É trabalhar. Tenho muito poucos tempos livres.”
MÚSICA
”Gosto de música….”
LEITURA
”Leio muito mas sempre à base de livros e revistas de caráter técnico-profissional. Tenho muitos livros e faço muito pesquisa e leio muito, mas tudo técnico.”
FORMAÇÃO
“Frequentei a escola primária em Esposende, até ao 6º ano. Não gostava de estudar e cedo comecei a vir aqui para a fábrica do meu pai. O meu pai inicialmente trabalhou na Nélia.
HOBBY
”O meu hobby é descobrir e inventar sempre coisas novas.”
DA FÃO PARA A… CIDADE DE ESPOSENDE
“Moro em Esposende desde que me conheço, embora tenha nascido em Fão. Sinto-me muito bem nesta cidade, onde resido e trabalho.”
INÍCIO DE CARREIRA
“Deixei de estudar e comecei a trabalhar, quando tinha 14 anos de idade. Foi quando sai da escola. Enveredei por esta arte por iniciativa própria, não porque me obrigassem a trabalhar. Comecei a vir para a fábrica quando ainda estudava. Aproveitava sempre as férias grandes, do natal e da páscoa para vir para a fábrica. Era o que eu gostava de fazer.
FÁBRICA
A fábrica fica aqui por trás e por cima, no primeiro andar, neste prédio do estabelecimento.
“SONHAVA SER… COZINHEIRO”
“Em criança o meu sonho era ser… cozinheiro e gosto de cozinhar. Na escola quando era de irmos mascarados ia sempre de avental e chapéu.”
CHEFE DE PASTELARIA
Chocolataria, gelataria, bombonaria.
MARBELA DESDE 1987
O meu pai iniciou aqui com a MARBELA em 1987.
FORMADOR
“Fiz o curso de formadores e Já dei muita formação. Neste momento não estou a dar, simplesmente porque não tenho tempo. Estou sempre em contínua formação. Eu próprio tenho frequentado muita formação. Em Portugal, mas lá está, como quero sempre mais, já frequentei formação em vários países. França, Espanha, Bélgica, Suíça e outros países.
A sua ausência da fábrica como é colmatada?
“Faço algum stock e tenho aqui os meus colaboradores. Há vários tipos de trabalhos.”
EM ESPOSENDE, QUEM CONCORRE COM A MARBELA?
Quem concorre com a Marbela, em Esposende: Não há uma verdadeira concorrência porque estamos a falar de produtos diferentes. A LILI GOURMETT especializou-se naquela parte das clarinhas, o Rio Doce tem a pastelaria que nós também temos, a dita tradicional, a gente dá-se bem. Nós depois criamos foi um caminho diferente. Nós fomos em busca do internacional. Porque hoje em dia as pessoas viajam muito e conhecem mais.
O nosso produto é vendido exclusivamente aqui no Marbela. A nossa matéria-prima vem toda de fora. Principalmente de Paris, onde me desloco com frequência.
QUAL É O PRINCIPAL SEGREDO PARA O SUCESSO DA MARBELA?
“O nosso sucesso tem a ver com as referências que nós procuramos. Referencias estrangeiras. A criatividade e o fazer as coisas bem feitas. Criamos uma imagem de marca.
CAMPEÃO INTERNCIONAL E VÁRIOS PRÉMIOS MUNDIAIS
“Já estive em vários campeonatos internacionais”
Três Campeonatos do Mundo, em 2003, 2005 e 2013 e um Campeonato da Europa. Em 2012 fiquei em terceiro lugar no Campeonato da Europa.
Não tenho participado em mais concursos, apesar dos convites, porque não tenho tempo. Aquelas provas exigem muito tempo e muitos recursos financeiros. Ainda no último campeonato da europa tivemos que gastar mais de vinte mil euros e não houve patrocínios. O problema é mesmo a falta de tempo, os custos ainda se vão conseguindo controlar. Um apoio aqui, outro ali, lá se vai conseguindo.
E em Portugal não há concursos?
“Não, não, em Portugal não há.”
Depois dos resultados obtidos nestes concursos, já foi convidado para ir trabalhar para outro lado?
“Já fui convidado pelo Sheraton e outros hotéis e restaurantes de Lisboa. O facto de as pessoas saberem que também sou coproprietário deste espaço, faz com que respeitem mais e pensem que não estou disposto a sair, o que é totalmente verdade.
PROJETOS PARA O MARBELA?
“Gostava de crescer o espaço de montra. Este tipo de negócio e de atividade é muito exigente e não é aconselhável que se tenham espaços deslocalizados. Conheço muitas experiências que deram mau resultado. Penam que as pessoas vão, mas as pessoas não vão. Não é fácil crescer à distância. Gosto de estar perto, estar presente e ter a situação sob o meu controlo para garantir a qualidade do produto e investir na criação. Este tipo de produto que nós produzimos é muito rigoroso e exige muito.”
ESPOSENDE?
“Cidade maravilhosa. Gosto muito de Esposende. É uma cidade pequenina e pacata. Às vezes precisava de ter um pouco mais de gente. Fora do período de verão. O facto de haver menos gente no inverno, também me permite ter mais tempo para criar. Não se pode ter tudo e o que temos já é muito bom.
AS PORTAGENS?
“São muito prejudiciais para Esposende e para quem vem até cá.”
OS EVENTOS DA 1º DE DEZEMBRO ANIMAM?
A rua tem vindo a perder comércios. É importante que surjam ideias e iniciativas. Houve a ideia de cobrir a rua, mas em não apoio. Isto nunca será um Shopping. Há em Milão e noutras partes do mundo, mas entendo que aqui não ia surtir efeito.
E A INFORMÁTICA ENTRA MUITO NA SUA ATIVIDADE?
Sim é verdade, Já existem muitos programas de apoio. Essencialmente para fazer o equilíbrio dos ingredientes de um determinado produto. Uso pouco, em especial para calcular os custos, muito menos para criar.
E O DESENHO?
Crio manualmente. Sou eu que desenho todas as peças e crio os respetivos moldes.
TRIBUTO A AMÁLIA RODRIGUES
Nas montras, apertadinhas do Marbela podemos encontrar uma guitarra portuguesa em homenagem a Amália Rodrigues e até réplicas de peças de Salvador Dalhi.
IMAGEM PRÓPRIA
“Em Portugal é muito complicado criar e ter uma marca própria.”
FUTURO?
“Espero dar seguimento ao negócio e à atividade, continuar a criar e a ser uma referência local e nacional. Espero ampliar a montra e melhorar cada vez mais o que se faz.”
PENSA ABRIR OUTROS ESPAÇOS, REPLICAR O NEGÓCIO?
“Expandir o negócio está fora de hipótese. Já me pediram para abrir franchising, mas não quis porque isso podia por em causa a nossa imagem e o nosso nome.”
Há muita coisa que podemos fazer. Eu estou permanentemente ocupado.
 JÁ PENSOU FAZER UMA NOVA FÁBRICA NOUTRO LOCAL?
“Sair daqui nunca. Foi aqui que nascemos e tenho muito gosto neste espaço. Estamos perto do cliente e da montra.”
A EQUIPA. QUANTOS SÃO?
“Somos quatro aqui na fábrica. Trabalhamos muito na linha internacional. Só é possível ter uma equipa com 4 pessoas porque temos a cafetaria enquadrada, onde fazemos muita venda. De outra forma isso não era possível.”
PRODUTOS DE QUALIDADE
“O que eu gosto é de fazer coisas novas, originais e bem feitas. Também não é para todas as carteiras!
“ESTIVEMOS NA FEIRA DE LISBOA NO CAMPO PEQUENO”
“Em janeiro do ano passado estivemos em Lisboa e tivemos muito sucesso. Realmente a nossa participação marcou a diferença. Já fomos novamente convidados para estarmos presentes. Localmente também costumas participar nas iniciativas do município. Sabores do Campo e outros. Nestas iniciativas levamos sempre novas criações.”
“LINHA INTERNACIONAL É A QUE TEM MAIS PROCURA”
“A linha internacional é a que tem mais procura e onde nos especializamos e temos grande sucesso.”
RUI COSTA NO LIVRO DE ODETE ESTÊVÃO «UM ANO DE CHOCOLATE»
“É verdade. Fui um dos 12 chefes selecionados para colaborar no livro desta especialista, com uma receita intitulada “LIMÃO E GIANDUJA DE AVELÃS”. É um prazer figurar numa publicação tão conceituada a nível nacional e poder levar aos leitores mais uma das minhas cirações.”
NOTA FINAL
Tal como é habitual, foi um prazer conversar com o meu amigo Rui Costa. Tomar um café no Marbela e saborear um dos seus pasteis ou bombons é sempre um exercício de puro prazer.
Rui Costa é um artista reconhecimento internacional, que procura saber sempre mais e fazer sempre melhor. Adora aquilo que faz e privilegia a originalidade e o requinte em tudo aquilo que faz e apresenta ao público.
Graças a Rui Costa, ao seu pai o Senhor António e toda a equipa, Esposende “sabe melhor” e atraia até nós durante todo o ano pessoas de todas as origens e paragens. É com empresas como esta que Esposende é mais competitivo e se constitui como um concelho atrativo de diferenciador dos demais concelhos do litoral norte.
Bem-haja amigo RUI COSTA e continue assim, a fazer as delícias dos esposendenses e dos seus visitantes. Um abraço.
Mário Fernandes
20-08-2015




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