domingo, 21 de setembro de 2014

CRÓNICA DE OPINIÃO NO «NOTÍCIAS DE ESPOSENDE» DE 20 DE SETEMBRO DE 2014


ESPOSENDE TEM QUE SE AFIRMAR PELA SUA «LITORALIDADE»

A realização conjunta dos municípios de Esposende e Braga da celebração do “Bimilenário de Augusto” tem para mim um significado que ultrapassa e muito o próprio evento.
Trata-se a meu ver de um “clic” importantíssimo para conjugar esforços entre a cidade capital do distrito a que pertencemos e a cidade de Esposende, a única que abre ao Mar o distrito de Braga.
Vejo assim com esperança a realização de iniciativas conjuntas, parcerias e um sem número de atividades e projetos que podem valorizar e muito ambas as cidades, os seus territórios e os próprios munícipes.
Uma sã convivência entre os Municípios de Esposende e de Braga pode trazer proveitos para ambas, salvaguardadas sempre as diferenças, que complementadas podem dar força, amplitude e uma outra projeção as estas duas lindíssimas cidades.
Apesar da dimensão, que nem sequer considero determinante estou convencido que esta junção de sinergias pode trazer até nós investidores e investimentos, bem como turistas e visitantes em número muitíssimo superior ao atual e em especial durante todo o ano se possível fora dos meses de veraneio, porque no verão não falta cá gente.
Aqui sim, podemos e devemos apresentar o rio, a foz e o mar como mais-valias únicas, com elevadíssimo potencial de ofertas para a prática desportiva e de lazer e atividades económicas impares. Talvez seja este o momento de Braga olhar para Esposende com outros olhos. Mas isto também depende muito de nós, daquilo que formos capazes de fazer e de lhes mostrar. Temos que saber cativar os nossos concidadãos de todo o distrito.
Não chega afirmarmos o nosso concelho com o bonito slogan de «Esposende, um Privilégio da Natureza”, porque belezas naturais são riquezas que abundam por todo o distrito. É importante que saibamos apresentar com mestria o rio e as atividades náuticas e fluviais, o mar e a pesca, a praia, a marina, a fauna e a flora, o nosso sol e a inconfundível brisa de Esposende, porque não a própria «nortada» tão admirada e desejada pelos habitantes do interior.
Voltando às nossas potencialidades e ao interesse que temos na realização de parcerias com as cidades do nosso distrito, é altura de mostrarmos a nossa força, as nossas capacidades e as competências que cá se desenvolvem. Braga pode trazer até nós a sua UM – Universidade do Minho, com a instalação de um campus vocacionado para temas relacionados com o mar, o turismo e a ciência.
Braga é, como sabemos, um dos principais destinos do turismo religioso de Portugal e da Europa, tanto pelo seu património edificado como pelas tradições religiosas e não me refiro só à Semana Santa, mas a todo um conjunto de realizações que coenvolvem a diocese, as universidades, principalmente a Católica e o Município.
Esposende tem que aproveitar este filão e fazer com que os nossos eventos entrem na agenda distrital e regional e se tornem destinos incontornáveis. Temos uma gastronomia de excelência, percursos naturais, fauna, flora, rio, praia, mar e monte. Temos origem milenar e património histórico único no nosso distrito, sem esquecer o nosso Parque Natural do Litoral Norte, exclusivamente situado no concelho de Esposende.
Ainda há dias em conversa com um amigo lhe referi 2 obras que a concretizarem-se podiam reforçar Esposende na rota das cidades de visita “obrigatória”, seja para eventos, seja para turismo. Falei num teleférico da cidade até ao Castro de S. Lourenço e na construção de um multiusos que permita a realização de eventos de dimensão regional, nacional e transfronteiriço.
Também precisamos de apostar mais em projetos com envolvam outros concelhos, replicando para o interior aquilo que tão bem feito tem sido com os vizinhos concelhos do litoral, essencialmente no âmbito do Polis Litoral. Barcelos é outra das apostas que devemos manter e com quem devemos reforçar parcerias, estabelecer protocolos e realizar projetos.
Nada se trata de nenhuma submissão, nem à capital nem a nenhum dos outros concelhos, bem pelo contrário, afirmar a nossa importância estratégica perante todo o distrito, de Esposende a Cabeceiras de Basto, mostrando aquilo que sendo único é só nosso: Mar e praia e já agora o Parque Natural. Precisamos de fidelizar os visitantes, turistas e de verão para o restante período do ano e de nos diferenciarmos de concelhos como a Póvoa de Varzim e Viana do Castelo, diversificando a nossa oferta e a sua originalidade, veja-se o exemplo do estuário do Cávado de riqueza impar, como tão bem está retratado no recente livro de Carlos Rio.
O distrito de Braga é reconhecidamente um dos mais importantes do país, indo desde o Oceano Atlântico – AQUI ESTÁ ESPOSENDE - até à fronteira com Espanha. Coisa de que nem sempre nos lembramos. É delimitado a norte pelo distrito de Viana do Castelo, a sul pelo distrito do Porto, a ocidente pelo mar - ESPOSENDE, a leste pelo distrito de Vila Real e a nordeste, numa área estreita, pela Espanha. Não podemos esquecer a importância do distrito na fundação da Nacionalidade, com Guimarães a ser conhecida como a “Cidade berço da Nacionalidade Portuguesa”. A própria cidade de Braga, hoje considerada a terceira maior cidade logo a seguir a Lisboa e ao Porto, com cerca de 900 mil habitantes.
Estamos a falar de um distrito milenar, com uma área de 2.673 quilómetros quadrados, constituído por 14 concelhos. Amares, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, ESPOSENDE, Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão, Vila Verde e Vizela. Todos com ricas tradições, património, eventos e as suas gentes, mas isto é o que todos têm, porque mar só nós a que temos. Esposende é a porta de entrada e saída para o oceano atlântico, bem como para a praia e para a foz quer do Cávado, quer do Neiva. Esposende tem um litoral único com atividades de excelência que vale a pena visitar.
REVISÃO DO «PDM» DE ESPOSENDE DESENCALHOU ESTA SEMANA
Sempre parece que vai ser desta que a revisão do “pdm” do nosso município se vai concretizar. Em vigor deste 1994, portanto há precisamente 20 anos, o mesmo teve um período de adaptação. Devido à sua importância e alcance, cedo se verificou a necessidade de proceder a correções que operacionalizassem e dinamizassem o crescimento harmonioso e sustentável do concelho. A atual revisão teve o seu início há cerca de 10 anos e terá passado por formalismos vários, muitas vezes de difícil resolução, com o envolvimento de inúmeras entidades públicas, muitas vezes com agendas desencontradas.
Vou dar aqui o meu contributo sobre uma das realidades que tão bem conheço, que é o caso da freguesia de Curvos. No ano de 2001 quando tomei posse como presidente da Junta, logo encetei um processo de auscultação junto da população e Assembleia de Freguesia que culminou na elaboração de uma proposta de alteração ao “pdm”, com sugestões para a reclassificação de solo em vários locais da Freguesia. É que do “pdm” original a freguesia de Curvos parece ter sido escolhida para ser uma freguesia “agroflorestal”. Por outro lado aconteceu que grande parte da área com capacidade construtiva se encontrava localizada em quintas com vinha e agricultura. Esta situação deixou a freguesia totalmente limitada e condicionada, chegando-se ao cúmulo de perder muitos jovens, que apesar dos seus pais possuírem terrenos inaptos para a agricultura, mas assim classificados e aptos para a edificação de vivendas unifamiliares não permitem a construção.
Com pena minha vi partir muitos jovens para Freguesias vizinhas, onde praticamente é possível construir em todo lado, salvo raríssimas exceções. Senti uma grande tristeza em muitos momentos destes por não poder ver satisfeito o desejo de muitos Curvenses em construir na sua própria terra e ai ficar a residir, bem como de um considerável número de pessoas de outras paragens que cá gostavam de se fixar, atraídas pela excelência das infra-estruturas e pela qualidade de vida. Bem, mas como mais vale tarde que nunca, espero que o “pdm” entre rapidamente em vigor de forma a corrigir muitas das situações de injustiça.
Na semana do «perdoa-me» com vários ministros a penitenciarem-se, com a justiça em estado de «citius» e a educação em estado de «descolocação», termino com a canção de Paulo de Carvalho, “…desculpem qualquer coisinha”.
Mário Fernandes,
20-09-2014

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