sábado, 18 de fevereiro de 2017

À CONVERSA COM A DIREÇÃO DA RONDA DE VILA-CHÃ




RONDA DE VILA-CHÃ JÁ DISPÕE DE SEDE PRÓPRIA “UM SONHO TORNADO REALIDADE”

“…A ATUAL DIREÇÃO DA RONDA CONTA COM VÁRIOS EX.PRESIDENTES, E OUTROS MEMBROS, TUDO PESSOAS QUE TEM UMA ENORME PAIXÃO PELO FOLCLORE E POR ESTE GRUPO CENTENÁRIO”

“…A RONDA DE VILA-CHÃ TERÁ A SUA ORIGEM NOS “RONDEIROS”, A 
TRADIÇÃO DE RONDAR A FREGUESIA DE VILA-CHÃ, ZELANDO PELA SEGURANÇA DAS PESSOAS E BENS”

“…A FORMALIZAÇÃO DA “RONDA DE VILA-CHÔ SÓ ACONTECEU NO ANO DE 1989, ANO QUE FOI FEITA ESCRITURA DE CONSTITUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COM O FIM DE PROMOVER O FOLCLORE E O TEATRO AMADOR”

“…HOJE, O PRIINCIPAL PROJETO DA RONDA É FAZER OBRAS NA SEDE RECENTEMENTE COMPRADA PARA PASSAR PARA ESTA O SEU ESPÓLIO E AÍ COMEÇAR A DESENVOLVER TODAS AS SUAS ATIVIDADES”

“…AURÉLIO RAMOS CARATERIZA A RONDA DE VILA-CHÃ COMO O GRUPO QUE APRESENTA O FOLCLORE MAIS PURO E TRADICIONAL…”

Esta é uma das entrevistas mais emotivas que fiz para este semanário. A Freguesia de Vila-Chã e a sua Ronda dizem-me muito por duas razões muito especiais. A primeira tem a ver com ter nascido em Vila-Chã e aí ter vivido os primeiros 24 anos da minha vida e a segundo pelo facto de também eu ter sido um elemento ativo na Ronda que hoje entrevisto.

Falar de folclore no nosso concelho, logo nos vem ao pensamento a Ronda de Vila-Chã e isto acontece devido à sua existência, mais que centenária e às características singulares das suas danças e cantares. Este grupo, que tem levado o nome de Esposende por esse mundo fora, acaba de concretizar um dos seus principais sonhos de sempre. Ter uma sede própria, onde possa ter todo o seu espólio e aí desenvolver as suas (muitas) atividades. Gostava de escrever muito mais, tal é a história e o currículo deste grupo e dos seus dirigentes, mas apenas posso deixar aqui um resumo, que espero ajude a divulgar, ainda mais, o folclore, a Ronda, Vila-Chã e o nosso concelho de Esposende. Vamos a isso;

MANUEL BRANCO É O ATUAL PRESIDENTE DA DIREÇÃO
Manuel Silva Branco nasceu no dia quatro de abril do ano de mil novecentos e cinquenta na freguesia de Vila-Chã onde sempre residiu. Trabalhou nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, encontrando-se já aposentado. É casado com Irene Afonso e tem dois filhos, o “Rui” e a “Nelinha”. É presidente da Ronda há seis anos, ou seja, já vai no quarto mandato consecutivo.

MANUEL DE BOAVENTURA FOI O GRANDE DINAMIZADOR
Manuel de Boaventura foi uma figura importante pela sua mestria e gosto pela escrita e pelo folclore. A este insigne Vilachanense se deve o nome “Ronda de Vila-Chã”. Gostava muito de escrever mais sobre Manuel de Boaventura, mas não é este o local nem o momento, principalmente pela falta de espaço, mas um dia, num outro fórum não deixarei de lhe prestar uma justa homenagem.

AURÉLIO RAMOS É HÁ VÁRIAS DÉCADAS O DIRETOR ARTÍSTICO
Aurélio de Sá Ramos. Um homem por todos conhecido e desde sempre ligado à Ronda, com uma passagem pelos órgãos autárquicos da freguesia. Tocador, ensaísta, compositor e tudo o mais que num grupo folclórico se possa ser. Com uma resistência louvável, nunca deixou de colaborar, independentemente dos momentos, por que todas as associações passam, de maior ou menor atividade. A ele se devem várias composições, arranjos e peças de teatro. Ainda hoje, fez questão de mostrar a todos os presentes uma peça acabadinha de escrever, intitulada “Tudo ao Desbarato”. Ficou aliás a promessa de em breve ma mostrar para que a mesma possa ser publicada à levada à cena. Lembrou uma peça em tempos por ele ensaiada “O Casamento do Patrocínio” que teve um grande acolhimento do público e que foi apresentada em Vila-Chã, em Celeirós, Braga e noutras localidades, sempre com sala cheia. O “Tio Aurélio” é um apaixonado do folclore, dos usos e costumes e da representação. Acha que a Ronda deve recentrar a sua aposta nas duas principais tarefas; O folclore e o teatro. Aurélio Ramos carateriza a Ronda de Vila-Chã como o grupo que apresenta o FOLCLORE MAIS PURO que conhece.

ORGÃOS SOCIAIS REELEITOS NO PASSADO DIA 04/02/2017
Presidente: Manuel Silva Branco
Vice-Presidente: Álvaro Miguel Coutinho Roças
Secretário: Manuel Boaventura Afonso
Tesoureiro: António Pires Boaventura
Vogal: Carlos Boaventura
Presidente da Assembleia-Geral: Sílvia Manuela Boaventura da Silva
Presidente do Conselho Fiscal: Delmiro Vieira da Silva

A ORIGEM DA RONDA E O PAPEL DE MANUEL DE BOAVENTURA
A Ronda deverá a sua origem aos “rondeiros“. Grupos que tinham a tradição de rondar a freguesia de Vila-Chã, para zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens, fazendo-o tocando e cantando. O principal responsável pela organização do Ronda foi Manuel de Boaventura. Conhecido Vilachanense, nascido em 15 de agosto de 1885 e falecido, num acidente de viação, em Esposende, no dia 25 de abril de 1973. Escritor, contista e regionalista foi o principal impulsionador do Grupo. Lembro que dos registos consultados no ano de 1957 faziam parte da direção da Ronda para além de Manuel de Boaventura que a presidia, Manuel Fortunato Boaventura e José Silva Couto.

VAMOS RECORDAR AQUI OS ÚLTIMOS PRESIDENTES DA RONDA?
Manuel de Boaventura
Manuel Fortunato de Boaventura (tio Flor)
Aurélio Ramos
Arlindo Santos Fernandes
António Fortunato Boaventura
Manuel Albino Penteado Neiva
Manuel Mariz Neiva
Carlos Boaventura
Manuel Boaventura Afonso
Carlos Boaventura
António Pires Boaventura
Álvaro Miguel Roças Coutinho
Manuel Boaventura Afonso
Manuel da Silva Branco

A RONDA DE VILA-CHÃ TEM UM HISTORIAL RIQUISSIMO
Fundação mais que centenária, que remonta aos anos de mil e oitocentos;
1845 – Aparecem primeiras referências no “Solar dos Vermelhos”
1903 – Já era formada por 20 elementos
1921 – Registada como Ronda Folclórica
1934 – Participa na Exposição do Mundo colonial Português
1936 – Participa no Concurso para a Seleção da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal
1957 – Obtém o 2º Lugar (1/2 libra de ouro) no Festival de Trajes em Barcelos
1957 – Filia-se na FNAT
Atuou em vários canais de televisão, como a RTI e em emissoras de rádio
Participou nos mais importantes Festivais Folclóricos em Portugal
1988 – Deslocação à Bélgica em representação do Município de Esposende
1989 – Deslocação ao Brasil. Participou no VIII festival Internacional do Rio de Janeiro
1997 – Deslocação a França. Participou na geminação das cidades de Esposende e Ozoir-La-Ferriere
2000 – Participação no programa da RTPI “Jardim das Estrelas”
2001 – Nova deslocação a França - Corse.
Participação regular em Festivais Folclóricos de norte a sul de Portugal. Anualmente organiza o Festival Folclórico de S. Lourenço e participa em eventos organizados pelo Município, objeto de um protocolo de colaboração.

QUAIS FORAM, PARA VOCÊS, OS MOMENTOS MAIS IMPORTANTES?
Atuação em Miranda do Douro, no Largo do Castelo, no ano de 1959;
A ida ao Brasil, no ano de 1989;
A atuação em Ozoir-La-Ferriere, em França, por ocasião da geminação desta cidade com a cidade de Esposende;
A atuação na televisão, no programa de Júlio Isidro, Jardim das Estrelas;
A edição dos dois discos com as músicas da Ronda;
E o atual momento com a concretização deste sonho antigo, de podermos ter uma sede própria.

SEI QUE JÁ REALIZARAM INUMERAS SAÍDAS AO EXTERIOR. QUE DESTINOS TIVERAM ESSAS SAÍDAS?
Espanha, Brasil, França, Bélgica.

ONDE É QUE ENSAIAM ATUALMENTE E ONDE É QUE GUARDAM O VOSSO ESPÓLIO?
Tem sido na sede da Junta de Freguesia, mas logo que tenhamos condições de passar para esta nova casa, passará a ser aqui mesmo.

E MUSEU. COM TANTO ESPÓLIO JÁ PENSARAM EM CONSTRUIR UM MUSEU?
O Museu vai ser aqui, no primeiro andar, depois de criadas as condições.

O TRAJE QUE UTILIZAM FOI SEMPRE O MESMO OU TEM SOFRIDO EVOLUÇÃO?
Os nossos trajes têm mantido o padrão original, apenas a forma de os confecionar terá mudado.
Traje masculino: De trabalho e de festa.
Traje feminino: De trabalho e de festa.

E CONDECORAÇÕES?
A Ronda de Vila-Chã foi condecorada pelo Município de Esposende com a Medalha de Mérito Cultural – Grau Prata.

A RONDA JÁ GRAVOU PELO MENOS TRÊS DISCOS E DOIS CD’S. QUE OUTRAS EDIÇÕES FORAM FEITAS?
3 Discos, 2 cassete, 1 poster, 1 desdobrável informativo, 1 coleção de 5 postais ilustrados com os trajes e alguns cartazes.
O primeiro CD foi apresentado no ano de 1997, em Ozoir-La-Ferriere, em França. O segundo CD, em homenagem ao Diretor Artístico, Aurélio Ramos, o mais antigo elemento em atividade na Ronda, e aqui presente nesta mesa. Todas as músicas deste segundo
CD tem arranjo de Aurélio Ramos e mesmo no primeiro, cerca de metade das músicas também contaram com o arranjo do Sr. Aurélio.

QUAL É A VOSSA MAIS RECENTE DANÇA/MÚSICA E QUANDO FOI INTRODUZIDA?
É a “Senhora da Bonança”. Contou com a coreografia e o arranjo musical de Aurélio Ramos e faz parte do repertório da Ronda há cerca de 9 anos.

QUAIS SÃO AS VOSSAS DANÇAS MAIS CARATERISTICAS?
CHULA; VAREIRA DE VILA-CHÃ; VIRA DAS ESPADELADAS; BATUQUINHA (exclusiva); S. LOURENÇO (exclusiva), com letra de Martinho Boaventura e música de Aurélio Ramos.

QUANTOS ELEMENTOS É QUE O GRUPO TEM O ATUALMENTE?
Cerca de 55. A dançar são em média 10 pares.

QUAL É O VALOR DO VOSSO ORÇAMENTO ANUAL?
São cerca de 10 mil euros.

COMO TEM SIDO O RELACIONAMENTO COM A AUTARQUIA LOCAL E O MUNICIPIO?
Temos um relacionamento excelente. Com a Câmara Municipal de Esposende temos um protocolo anual que contempla um subsídio de 750€ e a realização de 2 atuações.

RECENTEMENTE ANDARAM A CANAR AS JANEIRAS PELAS PORTAS PARA MANTER UMA BONITA TRADIÇÃO E AO MESMO TEMPO ANGARIAR FUNDOS. QUANTO RENDERAM ESTE ANO AS JANEIRAS?
Cerca de 3.360€.

QUAIS SÃO AS PRÓXIMAS ATUAÇÕES?
A próxima atuação está agendada para o dia 11 de março na Escola Profissional de Esposende, em Fão.

É PUBLICO QUE ACABAM DE SER CONTEMPLADOS COM 100 MIL EUROS PARA A AQUISIÇÃO PRECISAMENTE DESTA CASA ONDE NOS ENCONTRAMOS NESTE MOMENTO PARA SEDE DA RONDA.
A Câmara Municipal deu 100 mil euros e a Ronda deu 50 mil. Foi com estes 150 mil euros que esta nova sede foi comprada. Ficou em nome da Junta de Freguesia, que fez connosco um contrato de comodato por 50 anos.

QUAIS SÃO OS VOSSOS PROJETOS PARA ESTA NOVA SEDE PARA O FUTURO PRÓXIMO?
Contamos atuar em 2 fases. Na primeira fase vamos fazer obras de adaptação e melhoria por forma a tornar estas instalações utilizáveis, adaptadas às nossas necessidades, contemplando uma sala para as reuniões dos órgãos sociais, um espaço para atuações e uma sala de convívio para receber todos os que nos visitarem. Será criada também uma sala museu.
Numa segunda fase será para o espaço exterior, construir uma eira, um fontenário, um coberto com palanque e um cruzeiro.

SENHORES DIRETORES, ACHAM QUE A JUVENTUDE DÁ VALOR AO FOLCLORE?
Sim. A própria Ronda contam com muitos elementos jovens, a começar pelos próprios tocadores. Felizmente o folclore já vem atraindo a atenção da juventude, que começa a participar cada vez mais e a assistir.

QUAL É O SONHO DO PRESIDENTE DA RONDA?
É por esta sede em funcionamento, que me parece aliás um sonho de todos nós e é que a Ronda continue a atrair os jovens e a levar, através do folclore, os usos e as tradições da nossa Vila-Chã a todos os palcos pelo país fora“.

E UM APELO AOS VILACHANENSES E A TODOS OS QUE GOSTAM DE FOLCLORE?
Vamos precisar da ajuda de todos para levar por diante este projeto, por isso o nosso apelo é que se juntem a nós para engrandecermos ainda mais a Ronda e assim honrar todos quantos já por aqui passaram.

CONHECE ESTE JORNAL? QUAL É A SUA OPINIÃO ACERCA DESTE SEMANÁRIO “NOTÍCIAS DE ESPOSENDE”?
Com estas entrevistas divulga as instituições e as associações concelhias o que é de louvar.

NOTA FINAL
Conheço O Sr. Manuel Branco e todos os demais elementos que fazem parte da direção e dos outros órgãos sociais, bem como a maior parte dos próprios elementos da Ronda. A casa do Sr. Branco fica na mesma rua da casa onde eu nasci e onde morei. Trata-se de uma pessoa bastante reservada e discreta, mas que sempre fez questão de pertencer às associações locais, bem como às comissões de festas e de estar na organização da dinâmica da freguesia.

A conversa com a direção da "RONDA DE VILA-CHÃ" nesta sua nova casa foi para mim um enorme prazer. Estar ao lado do bom e estimado amigo Sr. Aurélio Ramos", um Homem que pertence ao grupo há mais de oito décadas, fez-me recordar um passado cheio de “coisas” boas. Obrigado ao presidente, Manuel Branco e aos demais diretores presentes; Manuel Afonso, António Boaventura e Carlos Boaventura pela receção e visita guiada. Regressar a uma instituição tão distinta, que também já foi minha, como o "Ti Aurélio" fez questão de lembrar é gratificante. Como referi na introdução regressar a Vila-Chã é sempre muito gratificante, porque se trata da terra onde nasci e reunir com os responsáveis da Ronda ainda acrescenta mais valor porque efetivamente recordo os bons tempos da minha juventude num período em que fui um elemento ativo deste magnifico grupo folclórico. Que bem que me lembro das atuações em Mirandela, em S. Lourenço e em vários outros palcos por todo o país. Tocava… cavaquinho. Hoje a música é outra. Um abraço, forte a todos os Vilachanenses e claro, aos meus leitores.
Mário Fernandes

10-02-2017






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