O PAPEL DAS AUTARQUIAS
LOCAIS
A atividade de uma
Junta de Freguesia deve, obrigatoriamente, ir muito para além da simples
limpeza pública das suas vias de comunicação, da iluminação pública, da emissão
de atestados, ou do licenciamento de arrumadores, apesar de mesmo aqui haver
ainda muitas que não mostram capacidade para resolver situações banais, mas que
muitas vezes são de grande importância para os fregueses.
As Juntas têm que
reinventar o seu papel, ir ao encontro de novas competências, sentir o pulsar
da comunidade, das suas ânsias, das suas necessidades e das prioridades locais
como um todo. A cultura, o lazer, o recreio e o desporto potenciam a qualidade
de vida dos fregueses e proporcionam-lhes conhecimento, convívio e saúde.
Órgãos das autarquias locais têm que estar atentos à evolução da sociedade, das
novas tecnologias e da forma de comunicar, para fazer chegar a sua mensagem.
É
importante que haja uma divulgação séria das iniciativas a realizar, tornar
públicos programas e orçamentos, responder àquilo que é procurado pelas
pessoas. Ouvi-las e dar satisfação às suas muitas vezes simples reivindicações.
Existem iniciativas capazes de unir e mobilizar a sociedade, de a fazer vibrar
e sentir o orgulho de ser freguês de uma determinada terra, ou lugar, de uma
Freguesia.
Apenas
quero abordar neste momento a vertente cultural que deve ser uma das
prioridades de qualquer Junta. Em Curvos, nos doze anos que presidida às minhas
equipas e à Junta de Freguesia editei 4 livros, quer da autoria de autores
locais – Dr.ª Inês Faria, quer de autores de outras paragens, todos eles
versando sobre a Freguesia de Curvos.
“A
Igreja a Terra e os Homens – As Visitas Pastorais e outros Achados de Curvos,
Arcebispado de Braga”; “Gente da Minha Terra. Curvos. Análise demográfica e
social: 1596-1998” ;
“Perto do Fim”, e “Curvos Encantos e Letras Soltas”.
As
3 Juntas de Freguesia a que tive o prazer e o privilégio de presidir, tiveram
sempre, e nisso os meus pares sempre me acompanharam incondicionalmente, na
prossecução de objetivos de âmbito cultural, social e patrimonial histórico,
iniciativas para pôr a sua população perante a sua “rica” história e o seu
património civilizacional. Assim, nasceram os 4 livros já referidos.
Como
dizia o poeta José Afonso “só
se lembra dos caminhos velhos quem tem saudades da terra”. É destes
caminhos, desta gente e da riqueza das suas tradições e do seu património que
nos falam todos estes livros.
Hoje
vou escrever um pouco sobre o último dos 4 livros editados: “CURVOS ENCANTOS E
LETRAS SOLTAS” foi o tema do Concurso de Escrita, realizado pela então Junta de
Freguesia de Curvos, no ano de 2012. Foi uma forma de promover a criatividade e
a originalidade e de incentivar o aparecimento de novos valores nesta área tão
importante do conhecimento.
Cada participante
pode escolher um tema da sua preferência, embora se valorizassem os trabalhos
que tivessem Curvos, a sua origem, a sua história, as tradições, os usos e
costumes, o património material e imaterial e as suas gentes como fontes de
inspiração. Ao participarem neste concurso, os autores dos trabalhos assumiram
a cedência de autorização de publicação dos mesmos à Junta de Freguesia.
A apreciação dos
trabalhos coube a um Júri constituído por mim, enquanto Presidente da Junta de
Freguesia de Curvos, pela Vereadora da Educação da Câmara Municipal de
Esposende – Dr.ª Jaqueline Areias, e pelo escritor e historiador Dr. Penteado
Neiva.
A participação dos
Curvenses e simpatizantes de Curvos foi de tal ordem, que o Júri teve
dificuldades em cumprir com o calendário relativo à publicitação dos resultados
e mais ainda no que respeita à escolha dos três trabalhos a serem premiados.
Alias não foram três os prémios, mas seis, uma vez que se optou por criar duas
categorias a premiar: Prosa e poesia. Assim, tivemos três primeiros prémios em
prosa e outros três em
poesia. O júri também atribuiu seis menções honrosas, a
trabalhos de excelente qualidade.
Perante a
quantidade e a qualidade da generalidade dos trabalhos apresentados e perante a
grande diversidade de autores, a Junta de Freguesia decidiu premiar todos os
concorrentes, com a publicação dos seus trabalhos ou de parte deles.
Foi assim que
surgiu “CURVOS ENCANTOS E LETRAS SOLTAS”, de que todos os Curvenses se
orgulham, disso tenho a certeza, pois aqui se retratam história reias vividas
em Curvos, em que muitos se poderão reconhecer como atores. Outras histórias
são fictícias, apelando à imaginação e criatividade. Os poemas que permeiam
estas histórias tiveram Curvos e a sua gente como fatores inspiradores.
Este livro
ajuda-nos a perceber o quão importantes são este tipo de iniciativas, para a
dinâmica de uma Freguesia e para o seu enriquecimento. Tal como já havia
acontecido, com concursos de objetivos semelhantes, como, «Fotografar Curvos»,
«Pintar Curvos», «Potenciar o Ambiente em Curvos» e vários outros concursos, ficamos
com a Freguesia mais rica no seu património e na sua história.
Assim se enriquece a cultura e o património
de uma Freguesia.
ESPOSENDE MEDIEVAL
Felicito a
organização da Feira Medieval de Esposende, realizada no passado fim-de-semana,
por mais este evento que trouxe até nós milhares de pessoas. Foi bonito e a
afluência durante os 4 dias e sempre em crescendo. Notou-se também um certo
enraizamento desta tradição que começa a efetivar-se como um dos marcos
importantes a enriquecer a agenda de atividades do nosso concelho.
Como aspetos a
melhorar apenas registo aquilo que deve ser a ligação, com mais stands, da Rua
1 de Dezembro à Rua Conde de Castro, pelo Largo Rodrigues Sampaio, bem como a
criação de mais incentivos aos comerciantes locais e quando digo locais não me
refiro apenas aos da cidade de Esposende, mas a todos, de todo o concelho e das
mais variadas áreas de negócio.
Esta começa a ser
uma das montras privilegiadas para o nosso comércio, por isso é de todo o
interesse o envolvimento do tecido empresarial, para que de uma forma criativa
mostre os seus produtos e serviços e os comercializem, divulgando o nosso
concelho.
SEMPRE A CORTAR!
Desta semana
foram-nos chegando notícias e imagens daquilo que dizem ser um certo
esvaziamento, com a requalificação de dezenas de Tribunais, onde parece
incluir-se o de Esposende, o que só nos pode deixar tristes e apreensivos.
Nada para o qual
não estivéssemos há muito avisados, basta ver a prometida reforma do poder
local que mais não foi do que o encerramento de Freguesias e o seu
esvaziamento. Causa-me alguma estranheza, a passividade com que a comunidade
parece ir aceitando esta desertificação de serviços de proximidade a que temos
vindo a ser votados.
Por este caminho
não me espanta nada que a seguir venham a liquidar os concelhos com menos de
50.000 habitantes. Isto preocupa-me, sabendo que o meu se inclui nesta
categoria.
Custa-me ver esta
falta de cidadania a que vou assistindo!
Mário Fernandes
06-09-2014
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