UM INIMIGO
A ABATER!
“LUTA
CONTRA O CANCRO DA MAMA”
O
mês de outubro, que ontem terminou, foi dedicado internacionalmente à Prevenção
do Cancro. Desenvolveram-se por todo o país inúmeras iniciativas, todas
de louvar, em prol da luta contra o cancro, tendo o seu ponto alto
ontem, dia 30, celebrado como o Dia da Prevenção do Cancro da Mama.
Em
Esposende também tivemos um conjunto muito significativo de ações, de onde
saliento; Rastreio em viatura da Liga Portuguesa Contra o Cancro da Mama,
estacionado em frente ao Centro de Saúde de Esposende. A afluência tem sido
considerável e a ação visa detetar precocemente algum sintoma da doença, para
que seja possível atuar numa fase inicial, tornando a cura mais fácil e menos
penosa.
Estou
convencido de que não deverá haver nenhuma família que direta ou indiretamente não
se veja atingida por esta terrível doença. Todos nós acabamos por ter, mais
cedo ou mais tarde, algum caso entre familiares, amigos ou conhecidos, que já
passaram ou estão a passar por uma doença do foro oncológico.
Felizmente
que o grau de fatalidade tem vindo a diminuir e muito, graças a vários fatores:
O avanço da medicina, através da aplicação de novas tecnologias, mais precisas
e mais rápidas, no rastreio e no diagnóstico, novas técnicas e terapias de
tratamento, investigação científica e ao aparecimento de novos fármacos. Todas
estas variáveis têm contribuído e muito para o sucesso que tem vindo a ser
conseguido, com a cura de muitos dos pacientes.
Não
faltam campanhas de alerta, tanto do Ministério da Saúde, Centros de Saúde,
Hospitais, Liga Portuguesa Contra o Cancro e outras organizações, que apelam a
uma especial atenção à prevenção e ao diagnóstico, sobretudo a partir e dentro
de determinada idade. O rastreio assume uma importância sem limites, uma vez
que sempre que o cancro seja detetado a tempo, a sua reversão e cura são
possíveis, evitando mesmo tratamentos custosos e terapias bem mais duras e
sofríveis.
Tal
como já referi, muitos de nós acabamos por viver de perto a experiência de
alguém a quem o “cancro” tenha batido à porta. Vou deixar aqui uma pouco das
muitas conversas que tenho tido com alguém que no último ano passou por uma
experiência destas e com final FELIZ!
Não
vou identificar a minha interlocutora, apesar de saber que as pessoas que nos
conheçam a acabam por identificar.
-
O dia 20 de outubro de 2013 fica na memória da Dona *.* para todo o sempre,
como aquele dia em que o azar lhe bateu realmente à porta. Após realizar exames
de rotina, devido á faixa etária, em boa hora receitados pela médica de
família, eis que surgem os resultados: Uma autêntica bomba a cair sobre a
cabeça de um qualquer ser humano. Lidos e relidos, o seu teor era inequívoco. «CANCRO
EVASOR». O CANCRO DA MAMA ERA UMA MALDITA REALIDADE. Haverá pior choque do que
este? Passados os momentos iniciais em que a pessoa pensa em tudo e mais alguma
coisa, há que cair na realidade. Fala-se com os familiares e dá-se a terrível
notícia, mas sem nunca falar em desistir e onde a palavra «morte» é proibida. A
reação é de lamento, mas logo se transforma numa onda de apoio e de incentivo.
É o momento de unir esforços, levantar a cabeça e olhar de frente para um
problema que sendo série quanto baste, deve merecer luta e muita resistência.
Este cancro vai ser vencido, foi sempre o meu próprio pensamento.
A
notícia vai chegando às pessoas mais próximas e as reações vão sendo as mesmas,
enquanto a visada vai questionando – Porquê a mim? A única resposta possível é
– Porque sim! Porque calhou; porque tinha que ser; porque sempre aparece a alguém.
Quantos mais foram sabendo, poucos ainda, maior foi sendo a onde se
solidariedade e apoio. Como é que aparece uma «coisa» destas a uma pessoa tão
saudável? A questão colocada pela maioria.
Ouvidos
especialistas, cirurgiões, amigos e familiares logo se iniciou uma corrida
contra o tempo. A ida ao IPO do Porto concretizou-se com alguma rapidez e
depois de avaliada a situação, houve que começar a pensar nas formas de atacar
o cancro. Da parte da paciente viu-se uma coragem sem limites, uma enorme força
de viver e uma prontidão para dar luta à doença. As forças, que fisicamente
podiam por vezes ir fraquejando como é normal, não o demonstrava nunca, nem
eram exteriorizados. A fé ia aumentando e a confiança nos médicos e nas suas
equipas sempre persistiu.
O
acompanhamento no IPO do Porto começou a ser feito com regularidade e os
exames, de todo o tipo, foram-se sucedendo até que chegou o momento da verdade.
A paciente foi colocada perante um dilema bem cruel. Retirar parte e arriscar,
ou retirar o todo, situação que teoricamente garantiria maior sucesso em termos
de irradicação do tumor. Decidida, como sempre, acabou por tomar aquela que foi
a melhor das decisões e que contou com todo o apoio da equipa médica, do marido
e demais familiares. Registe-se o que representa para uma pessoa, o dilema de
ter que optar por algo, que tanto pode dar certo como manifestar-se errado ou
insuficiente. O futuro o viria a dizer.
Decisão
tomada, há que ir em frente. No dia 29 de novembro deu-se a intervenção, tal
como combinado, com tudo preparado, com uma paciente cheia de esperança, onde
nunca vi qualquer desistência ou menor vontade de viver. Bem pelo contrário.
Correu muito bem e os 4 dias de hospitalização correram lindamente, com os
familiares a acompanhar em permanência e a dar todo o apoio. Força, era coisa
que ali não faltava e a doente correspondeu com enorme coragem, nunca
exteriorizando o seu sofrimento, que tinha, como é natural, mas que fazia
questão de não deixar que transparecesse em demasia. A equipa do IPO do Porto foi
fantástica, desde os cirurgiões, enfermeiros, auxiliares e demais pessoal. Os
próprios vizinhos de quarto encarregavam-se de dar ânimo reciproco aos seus
parceiros de luta e de fazer companhia, onde se criaram laços de amizade que
ainda perduram. O Contacto ainda hoje se mantém, cada um com a sua sorte, mas
todas com a mesma coragem e esperança, que essa nunca pode morrer.
O
regresso a casa foi bom e a adaptação acabou por acontecer de uma forma
natural, onde não faltou apoio e carinho de familiares e amigos. Depois
iniciam-se os tratamentos de quimioterapia, de 9 de janeiro a 28 de abril, com
periocidade quinzenal, sempre realizados no IPO do Porto. Destes tratamentos
veio uma das maiores mágoas: A queda do cabelo! Bom, mas houve que substitui-lo
temporariamente por originais e bonitos lenços, chapéus e toucas. A adaptação
acabou por se verificar com alguma naturalidade e hoje o cabelo branco até lhe
fica muito bem.
Vou
deixar aqui algumas das frases e pensamentos marcantes, desta paciente a quem o
“azar” bateu à porta, mas também a SORTE de acreditar numa equipa médica de
excelência e porque não, na fé que professa e lhe dá força.
«Custou-me
muito decidir daquela forma, mas senti que era a única que me ia manter viva;
Aqueles médicos tiveram mãos de ouro; O que mais desejo a todos a quem esta
doença bate à porta é que tenham a mesma sorte que eu tive. Agradeço a todos
que me trataram com tanta atenção, desde a médica de família, ao médico que me
operou, a todos os outros médicos, enfermeiros e auxiliares do instituto
Português de Oncologia do Porto, às minhas amigas e como os últimos são sempre
os primeiros, os meus familiares, pelo apoio e carinho».
Trouxe
aqui este exemplo, que vivi de perto, para lembrar que a cura do cancro é
possível, e para que a todos quantos tem o azar de se cruzar com um inimigo
destes, nunca desistam, porque é possível dar luta ao cancro e vencê-lo.
A
prevenção está na sua mão! Dê o primeiro passo e faço o rastreio. A Luta ao
cancro está nas mãos de todos nós! Vamos abater este inimigo!
Mário Fernandes
01.11.2014
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