PUBLICAR É PERPETUAR MEMÓRIA E ENRIQUECER PATRIMÓNIO
«PERTO DO FIM»
A
divulgação do património da Freguesia de Curvos, nomeadamente o cultural,
sempre foi uma das minhas preocupações e uma das prioridades da Junta de
Freguesia de Curvos a que tive o prazer e a honra de presidir.
Sempre
vi na publicação de livros, como este, sobre uma determinada comunidade uma
forma de divulgar para dar a conhecer, divulgar para enriquecer e divulgar para
ensinar.
Esta
segunda publicação da Junta de Freguesia de Curvos, da autoria da investigadora
e escritora Curvense, Inês Martins de Faria, visou dar a conhecer os usos e
costumes de muitas famílias de Curvos, de um período concreto, compreendido
entre 1720 e 1936. Trata-se de um livro de leitura extremamente fácil e muito
agradável, com base na pesquisa e estudo, sobretudo de testamentos, mas também
de registos paroquiais – nascimentos, casamentos e óbitos – de passaportes e de
documentos particulares.
É
um livro com base científica, com um excelente “casamento” entre a história
verídica e um suave toque de romance, composto por onze capítulos, com uma ou
duas histórias no final de cada um deles. A historiadora consegue
motivar-nos e cativar-nos, quer pela investigação, quer pelo romance, e
falando-nos de lugares bem concretos, famílias bem conhecidas e de
acontecimentos e histórias curiosas, que nos tocam e nos marcam.
É
interessante ler histórias de casas e famílias nossas conhecidas como, a Casa
do Casal, a Casa do Souto, a Casa do Rio, a Casa dos Adrianos, a Casa da Quinta
da Rateira e muitas outras. Das magníficas histórias que este livro nos
conta, aproveito para salientar uma das mais curiosas, intitulada ‘’Solteira e
virgem a crédito’’, que se terá passado na segunda metade do séc. XVIII, em
Vilar, em que ficou combinado, entre pais e filha, que esta ficasse solteira e
virgem, a troco de setenta e quatro mil reis... Era natural, numa família, que
os filhos acabassem por sair e os pais preparavam a velhice deles, garantindo,
assim, a companhia daquela filha no fim da vida… É
isto! São histórias interessantíssimas como esta, que nos fizeram, a mim e a
muitas outras pessoas, ler e, um dia, reler este livro, para assim recordarmos
um pouco da história e do passado das gentes de Curvos e porque não de famílias
de Curvos que se encontram ramificadas por todo o concelho e até por outras
paragens como é natural.
Depois
do primeiro livro da Dr.ª Inês Faria, sobre Curvos – “A Igreja a Terra e os
Homens – As visitas pastorais e outros achados em Curvos, Arcebispado de Braga”
– editado em 2003 por esta Junta de Freguesia, foi com todo o prazer que para
mim constitui a publicação de “Perto do Fim. História e romance com base em
testamentos, 1720-1936”. Do terceiro e quarto livros já aqui falei. Gente da
Minha Terra e Curvos Encantos e Letras Soltas. Prosa e Poesia. Em breve trarei
cá o primeiro intitulado “A Igreja A Terra e os Homens – As Visitas Pastorais e
Outros Achados em Curvos, Arcebispado de Braga” editado no ano de 2003.
As
nossas raízes remetem-nos à terra, ao seu presente e ao seu passado, tentando
infiltrar mais e mais no solo fecundo e dele extrair um pouco do que desse. Uma
terra, um povo! São riquezas infindáveis, por mais que raízes busquem e se
alimentem delas. Na ânsia e saber do povo, transformámos as famílias em quadros
de carão, onde se podem saber todos os atos vitais praticados na paróquia pelos
indivíduos que a compõem: o casamento, o nascimento e a morte.
Aprofundámos
enquanto a terra deu! E isto foi até cerca de 1600, ou seja, dali em diante.
Primeiro em Braga, no arquivo distrital, depois em Esposende, no arquivo do
registo civil e, por fim, em curvos, no arquivo paroquial. Mas ainda havia
muitos caixotes de livros com pó e teias de aranha à volta, lembrando a neblina
em que se esconde o Desejado, rei D. Sebastião, cujo levantamento, na altura
própria, teria feito um reino feliz. E foi à procura dessa felicidade que
soprámos a poeira e vasculhámos o interior.
Procuramos
neles mais histórias e muito além delas. Entre vários documentos do passado,
dois livros de registo de testamentos vieram enriquecer os cartões quadrados e
também a base de dados paroquial com os testamentos, que já começáramos no
arquivo da Câmara Municipal de Esposende. Neles, eram as estratégias de
sucessão e herança que mais nos enriqueciam; também os bens móveis, os animais
e as roupas, de entre muitas outras surpresas…
Surge
assim esta história da gente entre a vida e a morte, dos seus bens, das suas
estratégias familiares de modo a garantir o cuidado do corpo e da alma dos que
se preparavam para a última viagem. Foi com base nos testamentos, sobretudo,
que a construímos. O facto de termos acesso aos restantes acontecimentos da
vida de cada um, permitiu-nos ver para além dos testamentos e enriquecer os
capítulos. Apresentamos também algumas histórias que, embora romanceadas,
teimam sempre na veracidade dos factos que fizeram a História.
Publicar
sobre Curvos dignifica as suas gentes e simultaneamente contribui para a
História de Portugal, pela comparação que se torna possível com outras
localidades e outros povos. É assim, com publicações como esta, que enriquecemos
o nosso património: investigando, estudando e publicando! Quanto melhor
conhecermos o passado de Curvos melhor preparados estaremos para construir e
desenvolver a nossa terra: CURVOS!
Por
tudo isto, que reafirmo aqui um apelo a todos aqueles que queiram conhecer
melhor a Freguesia de Curvos, que o melhor que há a fazer é começar por
conhecer o seu passado. Aqui está uma excelente oportunidade para o começar a
fazer: "Perto do Fim" um livro de História e Romance com base no
estudo de testamentos do período de 1720 a 1936.
A
riqueza de uma terra não se faz só de investimentos em obras, mas faz-se muito
da riqueza das suas gentes, da sua história e do seu património”. Este livro
ajuda a perpetuar o passado de Curvos, a sua riqueza, o seu património e a
tradição das suas gentes”.
Tive
o prazer de na altura da apresentação do livro, no ano de 2003 lançar uma
campanha de solidariedade, doando 1 euro por cada livro vendido, a favor de uma
jovem Curvense há data a necessitar de uma intervenção cirúrgica. A ajuda foi
preciosa a intervenção realizou-se e a jovem realizou assim aquilo que na
altura era um sonho e foi tornado realizado.
Associar
a solidariedade à cultura foi de uma enorme felicidade, pois só no dia da
apresentação conseguimos vender mais de uma centena de livros. A cerimónia foi
lindíssima, presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Esposende, João
Cepa e contou com o Salão Nobre a abarrotar.
AI PORTUGAL, PORTUGAL! UM PAÍS LIGADO À MÁQUINA.
Ligados
à máquina» podia ser o título de um qualquer livro a retratar a atualidade
portuguesa. Um país ligado à máquina… financeira da troika e dos mercados; Um
governo ligado à máquina… partidária e a interesses de classes; Um povo ligado
à máquina... do Estado, à pobreza e à austeridade; Ligados à máquina parece
estarmos todos nós. Uns a isto, outros aquilo, a verdade é que a independência
parece um bem cada vez mais escasso. Ligados ao banco, ao computador, ao
telemóvel, à máquina fiscal, à austeridade, às preocupações e às dificuldades,
todos estamos de alguma forma ligados.
Desta
semana tivemos a aprovação VERGONHOSA no Parlamento, da reposição das
subvenções aos ex. titulares de cargos públicos, mais parecendo uma provocação
a todos aqueles que passam dificuldades e a toda uma nação. Continuem assim,
com total falta de vergonha e depois não se queixem. Numa altura destas, com o
país sem dinheiro para o essencial, basta ver o que se passa na Saúde e, os
nossos parlamentares a pensar em mordomias em proveito próprio, para uma classe
já por si bastante beneficiada. Até dói! Ignorar os milhares de desempregados
sem qualquer subsídio, as famílias em dificuldades e um povo farto da
austeridade é de todo lamentável.
Mário
Fernandes
22-11-2014
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