Caríssimas e Caríssimos;
Completaram-se ontem 39 anos do 25 de
Abril, aquela data mágica que restituiu a democracia e a liberdade aos
Portugueses;
Com sete anos de idade, à data, não posso
dizer ter experimentado o anterior regime, ditatorial, os meus pais sim, mas
posso afirmar a lembrança que tenho daquele dia 25 de Abril do ano de 1974,
pois existem três palavras que me ficaram na memória: «revolução», «liberdade»
e «povo»;
A liberdade alcançada através da revolução
levada a cabo pelo Movimento das Forças Armadas o «MFA», com o total apoio do
povo que saiu à rua em massa, dando total cobertura aos militares, sem a qual
aliás não teriam conseguido tal êxito;
A actual situação do país deve fazer-nos
reflectir sobre aquilo que foi o 25 de Abril, os seus objectivos e sobre o
percurso percorrido nestes últimos 39 anos;
O que mudou, o que se conseguiu, o que
correu bem e o que correu menos bem;
Fez-se a descolonização, chegou a
realização de eleições livres, a liberdade de expressão e a igualdade entre
homens e mulheres começou a ver a luz do dia;
O desenvolvimento, com a construção de
infraestruturas e o apoio aos cidadãos, nas várias áreas, como a social, a económica,
a educação e a saúde, etc., etc., etc.;
Entretanto e durante este período ainda se
verificou a entrada de Portugal na Comunidade Europeia, ex. CEE, de onde vieram
rios de dinheiro, muitos milhões mesmo e posteriormente a entrada na moeda
única, o «euro» e por aí fora;
Agora vivemos indiscutivelmente bem melhor,
não havendo comparação possível, acontece é que na actualidade, ou seja, hoje
mesmo, com a presente crise, o Governo está a impor cortes em direitos
adquiridos e a reduzir o acesso a muitos serviços públicos até aqui gratuitos
ou tendencialmente gratuitos e as pessoas tentam resistir a todo o custo a esta
ofensiva o que é perfeitamente compreensível;
O maior flagelo da actualidade é o número
de pessoas que não conseguem trabalho e que por isso ficam numa situação de
grande fragilidade humana e social, em muitos casos em situação de extrema
pobreza;
Na minha óptica os principais objectivos do
nosso governo devem passar, quer por dar o seu «bom» exemplo com o corte de
mordomias e gastos supérfluos, quer com uma governação séria e criteriosa, em
contraponto com muito do experimentalismo que transforma pessoas em meros
números e que por razões diversas têm saído um fiasco;
É urgente uniformizar sector público e
sector privado, ciente das dificuldades, sei que terá que ser feito de uma
forma gradual e por aproximação do privado ao público e nunca o contrário, como
têm tentado fazer, pois só assim caminharemos para uma aproximação às médias
dos restantes Estados membros da Comunidade Europeia;
Se com o 25 de Abril foi conseguida a
democracia, a liberdade e um enorme desenvolvimento social e estrutural, não
podemos agora permitir que graças a muitas das más politicas seguidas, de
opções duvidosas, da falta de fiscalização e do descontrolo de vários dos Governos
que nos têm desgovernado, dizia eu, não podemos agora permitir um esvaziamento
tal do Estado social, que leve as pessoas à pobreza, ao desespero e a deixá-las
sem as mínimas perspectivas de vida, ou seja, sem futuro;
É necessário apoiar as famílias e a própria
natalidade, dar incentivos às pequenas e médias empresas, pois são estas que
mais facilmente criam e mantêm postos de trabalho. Se pegarmos numa determinada
verba e a distribuirmos por uma dúzia de pequenas empresas em vez de a
aplicarmos numa única grande empresa, estamos a potenciar muito mais as
economias locais e a criação de emprego, e ainda proceder a um alívio da carga
fiscal sobre as pessoas;
Da sessão de ontem na Assembleia da
Republica, aquilo que sobra é um espectáculo de imponência, desnecessário e
desaconselhável, a lembrar o passeio da fama, com discursos incoerentes,
enfadonhos e desconexos com a realidade que se vide no país real. Talvez já
estivesse na hora de alterar aquele figurino das cerimónias do 25 de Abril e
voltarem-se para o Portugal real, para as portuguesas e para os portugueses; Os
partidos da oposição criticaram severamente o discurso do Senhor Presidente da
Republica, mas não fosse um certo exagero na colagem e cobertura dada ao
governo eu até concordo com aquele discurso, pois pareceu-me muito realista no
tocante à actual situação do país;
Da agenda para o fim de semana quero
salientar três actividades;
O luso-Galaico de BTT a realizar no
concelho de Esposende;
Uma caminhada solidária a evocar o
aniversário do Banco Local do Voluntariado de Esposende, este domingo de manhã,
na qual conto participar, e
Mais um concerto musical “do renascimento
ao barroco” na Igreja da Misericórdia em Esposende, domingo de tarde.
Um Bom fim de semana, um abraço, e
Até à próxima;
MF
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