RONDA DE VILA-CHÃ JÁ DISPÕE
DE SEDE PRÓPRIA “UM SONHO TORNADO REALIDADE”
“…A ATUAL DIREÇÃO DA RONDA CONTA COM VÁRIOS EX.PRESIDENTES, E OUTROS
MEMBROS, TUDO PESSOAS QUE TEM UMA ENORME PAIXÃO PELO FOLCLORE E POR ESTE GRUPO
CENTENÁRIO”
“…A RONDA DE VILA-CHÃ TERÁ A SUA ORIGEM NOS “RONDEIROS”, A
TRADIÇÃO DE
RONDAR A FREGUESIA DE VILA-CHÃ, ZELANDO PELA SEGURANÇA DAS PESSOAS E BENS”
“…A FORMALIZAÇÃO DA “RONDA DE VILA-CHÔ SÓ ACONTECEU NO ANO DE 1989, ANO
QUE FOI FEITA ESCRITURA DE CONSTITUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COM O FIM DE PROMOVER O
FOLCLORE E O TEATRO AMADOR”
“…HOJE, O PRIINCIPAL PROJETO DA RONDA É FAZER OBRAS NA SEDE RECENTEMENTE
COMPRADA PARA PASSAR PARA ESTA O SEU ESPÓLIO E AÍ COMEÇAR A DESENVOLVER TODAS
AS SUAS ATIVIDADES”
“…AURÉLIO RAMOS CARATERIZA A RONDA DE VILA-CHÃ COMO O GRUPO QUE APRESENTA
O FOLCLORE MAIS PURO E TRADICIONAL…”
Esta
é uma das entrevistas mais emotivas que fiz para este semanário. A Freguesia de
Vila-Chã e a sua Ronda dizem-me muito por duas razões muito especiais. A
primeira tem a ver com ter nascido em Vila-Chã e aí ter vivido os primeiros 24
anos da minha vida e a segundo pelo facto de também eu ter sido um elemento
ativo na Ronda que hoje entrevisto.
Falar
de folclore no nosso concelho, logo nos vem ao pensamento a Ronda de Vila-Chã e
isto acontece devido à sua existência, mais que centenária e às características
singulares das suas danças e cantares. Este grupo, que tem levado o nome de
Esposende por esse mundo fora, acaba de concretizar um dos seus principais
sonhos de sempre. Ter uma sede própria, onde possa ter todo o seu espólio e aí
desenvolver as suas (muitas) atividades. Gostava de escrever muito mais, tal é
a história e o currículo deste grupo e dos seus dirigentes, mas apenas posso
deixar aqui um resumo, que espero ajude a divulgar, ainda mais, o folclore, a
Ronda, Vila-Chã e o nosso concelho de Esposende. Vamos a isso;
MANUEL
BRANCO É O ATUAL PRESIDENTE DA DIREÇÃO
Manuel
Silva Branco nasceu no dia quatro de abril do ano de mil novecentos e cinquenta
na freguesia de Vila-Chã onde sempre residiu. Trabalhou nos Estaleiros Navais
de Viana do Castelo, encontrando-se já aposentado. É casado com Irene Afonso e
tem dois filhos, o “Rui” e a “Nelinha”. É presidente da Ronda há seis anos, ou
seja, já vai no quarto mandato consecutivo.
MANUEL
DE BOAVENTURA FOI O GRANDE DINAMIZADOR
Manuel
de Boaventura foi uma figura importante pela sua mestria e gosto pela escrita e
pelo folclore. A este insigne Vilachanense se deve o nome “Ronda de Vila-Chã”.
Gostava muito de escrever mais sobre Manuel de Boaventura, mas não é este o
local nem o momento, principalmente pela falta de espaço, mas um dia, num outro
fórum não deixarei de lhe prestar uma justa homenagem.
AURÉLIO
RAMOS É HÁ VÁRIAS DÉCADAS O DIRETOR ARTÍSTICO
Aurélio
de Sá Ramos. Um homem por todos conhecido e desde sempre ligado à Ronda, com
uma passagem pelos órgãos autárquicos da freguesia. Tocador, ensaísta,
compositor e tudo o mais que num grupo folclórico se possa ser. Com uma
resistência louvável, nunca deixou de colaborar, independentemente dos
momentos, por que todas as associações passam, de maior ou menor atividade. A
ele se devem várias composições, arranjos e peças de teatro. Ainda hoje, fez
questão de mostrar a todos os presentes uma peça acabadinha de escrever,
intitulada “Tudo ao Desbarato”. Ficou aliás a promessa de em breve ma mostrar
para que a mesma possa ser publicada à levada à cena. Lembrou uma peça em
tempos por ele ensaiada “O Casamento do Patrocínio” que teve um grande
acolhimento do público e que foi apresentada em Vila-Chã, em Celeirós, Braga e
noutras localidades, sempre com sala cheia. O “Tio Aurélio” é um apaixonado do
folclore, dos usos e costumes e da representação. Acha que a Ronda deve
recentrar a sua aposta nas duas principais tarefas; O folclore e o teatro.
Aurélio Ramos carateriza a Ronda de Vila-Chã como o grupo que apresenta o
FOLCLORE MAIS PURO que conhece.
ORGÃOS
SOCIAIS REELEITOS NO PASSADO DIA 04/02/2017
Presidente:
Manuel Silva Branco
Vice-Presidente:
Álvaro Miguel Coutinho Roças
Secretário:
Manuel Boaventura Afonso
Tesoureiro:
António Pires Boaventura
Vogal:
Carlos Boaventura
Presidente
da Assembleia-Geral: Sílvia Manuela Boaventura da Silva
Presidente
do Conselho Fiscal: Delmiro Vieira da Silva
A
ORIGEM DA RONDA E O PAPEL DE MANUEL DE BOAVENTURA
A Ronda
deverá a sua origem aos “rondeiros“. Grupos que tinham a tradição de rondar a
freguesia de Vila-Chã, para zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens,
fazendo-o tocando e cantando. O principal responsável pela organização do Ronda
foi Manuel de Boaventura. Conhecido Vilachanense, nascido em 15 de agosto de 1885
e falecido, num acidente de viação, em Esposende, no dia 25 de abril de 1973.
Escritor, contista e regionalista foi o principal impulsionador do Grupo.
Lembro que dos registos consultados no ano de 1957 faziam parte da direção da
Ronda para além de Manuel de Boaventura que a presidia, Manuel Fortunato
Boaventura e José Silva Couto.
VAMOS
RECORDAR AQUI OS ÚLTIMOS PRESIDENTES DA RONDA?
Manuel de Boaventura
Manuel Fortunato de Boaventura (tio
Flor)
Aurélio Ramos
Arlindo Santos Fernandes
António Fortunato Boaventura
Manuel Albino Penteado Neiva
Manuel Mariz Neiva
Carlos Boaventura
Manuel Boaventura Afonso
Carlos Boaventura
António Pires Boaventura
Álvaro Miguel Roças Coutinho
Manuel Boaventura Afonso
Manuel da Silva Branco
A
RONDA DE VILA-CHÃ TEM UM HISTORIAL RIQUISSIMO
Fundação
mais que centenária, que remonta aos anos de mil e oitocentos;
1845
– Aparecem primeiras referências no “Solar dos Vermelhos”
1903
– Já era formada por 20 elementos
1921
– Registada como Ronda Folclórica
1934 –
Participa na Exposição do Mundo colonial Português
1936
– Participa no Concurso para a Seleção da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal
1957
– Obtém o 2º Lugar (1/2 libra de ouro) no Festival de Trajes em Barcelos
1957
– Filia-se na FNAT
Atuou
em vários canais de televisão, como a RTI e em emissoras de rádio
Participou
nos mais importantes Festivais Folclóricos em Portugal
1988
– Deslocação à Bélgica em representação do Município de Esposende
1989
– Deslocação ao Brasil. Participou no VIII festival Internacional do Rio de
Janeiro
1997
– Deslocação a França. Participou na geminação das cidades de Esposende e
Ozoir-La-Ferriere
2000
– Participação no programa da RTPI “Jardim das Estrelas”
2001
– Nova deslocação a França - Corse.
Participação
regular em Festivais Folclóricos de norte a sul de Portugal. Anualmente
organiza o Festival Folclórico de S. Lourenço e participa em eventos
organizados pelo Município, objeto de um protocolo de colaboração.
QUAIS
FORAM, PARA VOCÊS, OS MOMENTOS MAIS IMPORTANTES?
Atuação em
Miranda do Douro, no Largo do Castelo, no ano de 1959;
A ida ao
Brasil, no ano de 1989;
A atuação em
Ozoir-La-Ferriere, em França, por ocasião da geminação desta cidade com a
cidade de Esposende;
A atuação na
televisão, no programa de Júlio Isidro, Jardim das Estrelas;
A edição dos
dois discos com as músicas da Ronda;
E o atual
momento com a concretização deste sonho antigo, de podermos ter uma sede
própria.
SEI
QUE JÁ REALIZARAM INUMERAS SAÍDAS AO EXTERIOR. QUE DESTINOS TIVERAM ESSAS
SAÍDAS?
Espanha,
Brasil, França, Bélgica.
ONDE
É QUE ENSAIAM ATUALMENTE E ONDE É QUE GUARDAM O VOSSO ESPÓLIO?
Tem sido na
sede da Junta de Freguesia, mas logo que tenhamos condições de passar para esta
nova casa, passará a ser aqui mesmo.
E
MUSEU. COM TANTO ESPÓLIO JÁ PENSARAM EM CONSTRUIR UM MUSEU?
O Museu vai
ser aqui, no primeiro andar, depois de criadas as condições.
O
TRAJE QUE UTILIZAM FOI SEMPRE O MESMO OU TEM SOFRIDO EVOLUÇÃO?
Os nossos
trajes têm mantido o padrão original, apenas a forma de os confecionar terá
mudado.
Traje
masculino: De trabalho e de festa.
Traje
feminino: De trabalho e de festa.
E
CONDECORAÇÕES?
A Ronda de
Vila-Chã foi condecorada pelo Município de Esposende com a Medalha de Mérito
Cultural – Grau Prata.
A
RONDA JÁ GRAVOU PELO MENOS TRÊS DISCOS E DOIS CD’S. QUE OUTRAS EDIÇÕES FORAM
FEITAS?
3 Discos, 2
cassete, 1 poster, 1 desdobrável informativo, 1 coleção de 5 postais ilustrados
com os trajes e alguns cartazes.
O primeiro
CD foi apresentado no ano de 1997, em Ozoir-La-Ferriere, em França. O segundo
CD, em homenagem ao Diretor Artístico, Aurélio Ramos, o mais antigo elemento em
atividade na Ronda, e aqui presente nesta mesa. Todas as músicas deste segundo
CD tem arranjo de Aurélio Ramos e mesmo no primeiro, cerca de metade das músicas também contaram com o arranjo do Sr. Aurélio.
CD tem arranjo de Aurélio Ramos e mesmo no primeiro, cerca de metade das músicas também contaram com o arranjo do Sr. Aurélio.
QUAL
É A VOSSA MAIS RECENTE DANÇA/MÚSICA E QUANDO FOI INTRODUZIDA?
É a “Senhora
da Bonança”. Contou com a coreografia e o arranjo musical de Aurélio Ramos e
faz parte do repertório da Ronda há cerca de 9 anos.
QUAIS
SÃO AS VOSSAS DANÇAS MAIS CARATERISTICAS?
CHULA;
VAREIRA DE VILA-CHÃ; VIRA DAS ESPADELADAS; BATUQUINHA (exclusiva); S. LOURENÇO
(exclusiva), com letra de Martinho Boaventura e música de Aurélio Ramos.
QUANTOS
ELEMENTOS É QUE O GRUPO TEM O ATUALMENTE?
Cerca de 55.
A dançar são em média 10 pares.
QUAL
É O VALOR DO VOSSO ORÇAMENTO ANUAL?
São cerca de
10 mil euros.
COMO
TEM SIDO O RELACIONAMENTO COM A AUTARQUIA LOCAL E O MUNICIPIO?
Temos um
relacionamento excelente. Com a Câmara Municipal de Esposende temos um
protocolo anual que contempla um subsídio de 750€ e a realização de 2 atuações.
RECENTEMENTE
ANDARAM A CANAR AS JANEIRAS PELAS PORTAS PARA MANTER UMA BONITA TRADIÇÃO E AO
MESMO TEMPO ANGARIAR FUNDOS. QUANTO RENDERAM ESTE ANO AS JANEIRAS?
Cerca de
3.360€.
QUAIS
SÃO AS PRÓXIMAS ATUAÇÕES?
A próxima
atuação está agendada para o dia 11 de março na Escola Profissional de
Esposende, em Fão.
É
PUBLICO QUE ACABAM DE SER CONTEMPLADOS COM 100 MIL EUROS PARA A AQUISIÇÃO
PRECISAMENTE DESTA CASA ONDE NOS ENCONTRAMOS NESTE MOMENTO PARA SEDE DA RONDA.
A Câmara
Municipal deu 100 mil euros e a Ronda deu 50 mil. Foi com estes 150 mil euros
que esta nova sede foi comprada. Ficou em nome da Junta de Freguesia, que fez
connosco um contrato de comodato por 50 anos.
QUAIS
SÃO OS VOSSOS PROJETOS PARA ESTA NOVA SEDE PARA O FUTURO PRÓXIMO?
Contamos
atuar em 2 fases. Na primeira fase vamos fazer obras de adaptação e melhoria
por forma a tornar estas instalações utilizáveis, adaptadas às nossas
necessidades, contemplando uma sala para as reuniões dos órgãos sociais, um
espaço para atuações e uma sala de convívio para receber todos os que nos
visitarem. Será criada também uma sala museu.
Numa segunda
fase será para o espaço exterior, construir uma eira, um fontenário, um coberto
com palanque e um cruzeiro.
SENHORES
DIRETORES, ACHAM QUE A JUVENTUDE DÁ VALOR AO FOLCLORE?
Sim. A
própria Ronda contam com muitos elementos jovens, a começar pelos próprios
tocadores. Felizmente o folclore já vem atraindo a atenção da juventude, que
começa a participar cada vez mais e a assistir.
QUAL
É O SONHO DO PRESIDENTE DA RONDA?
É por esta
sede em funcionamento, que me parece aliás um sonho de todos nós e é que a
Ronda continue a atrair os jovens e a levar, através do folclore, os usos e as
tradições da nossa Vila-Chã a todos os palcos pelo país fora“.
E
UM APELO AOS VILACHANENSES E A TODOS OS QUE GOSTAM DE FOLCLORE?
Vamos
precisar da ajuda de todos para levar por diante este projeto, por isso o nosso
apelo é que se juntem a nós para engrandecermos ainda mais a Ronda e assim
honrar todos quantos já por aqui passaram.
CONHECE
ESTE JORNAL? QUAL É A SUA OPINIÃO ACERCA DESTE SEMANÁRIO “NOTÍCIAS DE
ESPOSENDE”?
Com estas
entrevistas divulga as instituições e as associações concelhias o que é de
louvar.
NOTA
FINAL
Conheço
O Sr. Manuel Branco e todos os demais elementos que fazem parte da direção e
dos outros órgãos sociais, bem como a maior parte dos próprios elementos da
Ronda. A casa do Sr. Branco fica na mesma rua da casa onde eu nasci e onde
morei. Trata-se de uma pessoa bastante reservada e discreta, mas que sempre fez
questão de pertencer às associações locais, bem como às comissões de festas e
de estar na organização da dinâmica da freguesia.
A
conversa com a direção da "RONDA DE VILA-CHÃ" nesta sua nova casa foi
para mim um enorme prazer. Estar ao lado do bom e estimado amigo Sr. Aurélio
Ramos", um Homem que pertence ao grupo há mais de oito décadas, fez-me
recordar um passado cheio de “coisas” boas. Obrigado ao presidente, Manuel Branco
e aos demais diretores presentes; Manuel Afonso, António Boaventura e Carlos
Boaventura pela receção e visita guiada. Regressar a uma instituição tão
distinta, que também já foi minha, como o "Ti Aurélio" fez questão de
lembrar é gratificante. Como referi na introdução regressar a Vila-Chã é sempre
muito gratificante, porque se trata da terra onde nasci e reunir com os
responsáveis da Ronda ainda acrescenta mais valor porque efetivamente recordo
os bons tempos da minha juventude num período em que fui um elemento ativo
deste magnifico grupo folclórico. Que bem que me lembro das atuações em
Mirandela, em S. Lourenço e em vários outros palcos por todo o país. Tocava…
cavaquinho. Hoje a música é outra. Um abraço, forte a todos os Vilachanenses e
claro, aos meus leitores.
Mário
Fernandes
10-02-2017
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