Amanhã,
nas bancas, mais uma Grande Entrevista no «Notícias de Esposende». À conversa
com Cristina Leites, cega de nascente, licenciada, é desde 2001 a telefonista
da Câmara Municipal de Esposende.
É UMA
ENTREVISTA SURPREENDENTE.
VALE A PENA
LER.
“…Nasci cega total, e segundo o meu oftalmologista, o nome da minha
cegueira é denominada de hipoplasia nervosa dos nervos óticos…
…Apesar de ser cega dou muito valor às cores.
Interpreto-as, tendo em conta alguns aspetos sensitivos que considero cruciais
para cada uma delas…
…As tarefas domésticas são todas realizadas por mim, e
para tal, tenho de recorrer aos outros sentidos: tato, olfato, audição, e mesmo
ao paladar quando estou a cozinhar. Como não sou dotada de visão tenho de ser
rigorosa, metódica, para que as tarefas saiam bem…
…Alguns munícipes pedem para falar com um certo colega
mas não sabem o nome… Sabem apenas que é muito cheiinho, sorridente, de cabelo
e olhos com uma determinada cor…
…No nosso local de trabalho somos todos solidários uns
com os outros, e colaboramos sempre em tudo o que é necessário…
…Dei aulas durante alguns anos, sempre com horários
incompletos, chamavam-me a meio do ano para cumprir horários de colegas que
metiam atestados, e isso não me deixava segura profissionalmente…
…Os meus pais estiveram sempre presentes nos bons e
maus momentos da minha vida...
…Seria bom que a maioria das pessoas nos respeitassem,
nos integrassem, mas não é verdade. Sem se aperceberem, excluem-nos muito no
dia-a-dia. Falam muito em pessoas normais, perfeitas, e em pessoas que não
nasceram perfeitas – os deficientes. Não concordo. As pessoas que veem não são
normais, mas sim “ditas normais”, porque todos nós temos limitações, umas mais
notáveis do que outras…
…No meu entender, é necessário lutar a sério contra a
exclusão social. Esta luta deverá ser feita diariamente, sempre que se
justifique, e a maior parte das vezes isso não acontece. A sociedade lembra-se
muito dos deficientes quando se aproximam determinadas datas marcantes, e se os
órgãos de Comunicação Social estiverem presentes, melhor…
…Tenho tantos sonhos… Viajar pelo mundo, andar de
parapente, de balão… O parapente é algo que me atrai, porque gostava de me
desvincular da terra durante uns minutos, e sentir o céu mais perto de mim, de
me sentir “pássaro”, de sentir o vento de uma maneira diferente…
…Leio todas as notícias “online” e considero-as
enriquecedoras… O “JNE” dá-me a possibilidade de aceder a assuntos
diversificados, e isso é gratificante para mim…”
Um magnífico exemplo de superação e de querer, numa sociedade, por
vezes, tão injusta e cruel, onde contam mais os números do que as pessoas.
Apenas é publicada uma parte da entrevista, mas em breve será publicada
completa. Um abraço, forte, deste amigo e obrigado pela conversa tão agradável
e surpreendente que tivemos. Vai surpreender e muito, todas os leitores.
MF
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