LAURENTINA TORRES, PRESIDENTE
DO “GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”, UM DOS GRUPOS FOLCLÓRICOS
MAIS ANTIGO E TRADICIONAL DO PAÍS
“…Este Grupo foi fundado em Agosto de
1937 por António Fernandes Torres, à época Presidente da Junta de Freguesia de
Apúlia. Era, então, Presidente da Câmara de Esposende o Padre Sá Pereira que
recebeu do Governo português ordem para mandar ao Palácio de Cristal, no Porto,
uma delegação representativa deste Concelho…”
“…Ser Presidente de Câmara foi uma experiência
extraordinária que me ajudou a conhecer melhor as pessoas, a aprofundar o
sentir de cada um, e a ajuizar do cinismo e da falsidade de alguns. Foi algo
que influenciou drasticamente a minha vida, gostei de ter passado por tal
vivência… mas por nada voltaria, agora, a repeti-la…”
“…Ainda ninguém explicou por que
razão o Casino da Póvoa continua a contribuir para aquela cidade… e nunca mais
veio nada para Esposende…”
“…Gosto francamente deste semanário,
sobretudo pela diversidade de informação que nos traz, e também pelos artigos
de opinião. Sempre admirei as pessoas que se dispõem a escrever, tantas vezes
focando algo que se desconhecia, e que nos esclarece. Os artigos de opinião
ajudam-nos, muitas vezes, a olhar com mais atenção os problemas e as atitudes
que poderão alterar situações ou factos condicionantes da vida de cada um.
Parabéns por isso.”
Laurentina
Veloso Fernandes Torres Losa Faria nasceu no dia cinco de junho do ano de 1937.
É natural da Vila de Apúlia, onde sempre residiu. É professora, já aposentada.
O seu percurso profissional levou-a a várias paragens, tendo passado por
escolas de vários pontos do país e mesmo uma ida, de 2 anos a França, onde
esteve a lecionar.
Foi
vereadora e presidente da Câmara Municipal de Esposende. Está há mais de 20
anos ligada aos Sargaceiros de Apúlia, sendo presidente há… 3 anos.
CARA
PROF. LAURENTINA TORRES, VAMOS FALAR UM POUCO DO SEU PERCURSO E DOS SEUS GOSTOS
PESSOAIS. PRIMEIRO TIROU O MAGISTÉRIO PRIMÁRIO E MAIS TARDE LICENCIOU-SE EM ESTUDOS
SUPERIORES ESPECIALIZADOS, ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR. A SUA FORMAÇÃO ESCOLAR E
ACADÉMICA POR ONDE PASSOU?
“Escola
primária em Apúlia; Liceu Eça de Queiroz, Póvoa de Varzim; Liceu Sá de Miranda,
Braga; Escola do Magistério Primário, Braga; Escola Superior de Educação,
Fafe.”
O
QUE É QUE GOSTA MAIS DE FAZER?
“Tanta
coisa!... mas gosto, essencialmente, do convívio com amigos verdadeiros e
leais, que se preocupam comigo, querem o meu bem estar, e me ajudam a
ultrapassar momentos difíceis sem nada pedirem em troca.”
E
OS SEUS TEMPOS LIVRES, EM QUE É QUE OS OCUPA?
“ São muito
poucos os meus tempos livres mas, mesmo assim, leio, ponho em dia a minha
correspondência, visito familiares e amigos.”
E
AO NÍVEL DA ESCRITA E DA LEITURA. QUAIS SÃO AS SUAS PREFERÊNCIAS?
“Os
clássicos: poesia, romance e narrativa – Ruy Belo, Pedro Homem de Melo,
Fernando Pessoa, Camilo, Alexandre Dumas.”
E
HOBBYS?
“Gosto muito
de fazer experiências de culinária, nomeadamente sobremesas.”
COMO
CLASSIFICA A VILA DE APÚLIA?
“Apúlia é
uma terra com caraterísticas muito específicas: uma parte urbana, outra rural.
Não se confundem, nem se chocam. A população é pacífica, ordeira e calma. Por
vezes até demais, ao ponto de não reagir, mesmo quando prejudicada. Em suma,
Apúlia é uma vila tranquila e acolhedora
onde todos se conhecem e se respeitam. É muito bom aqui viver.”
E
O CONCELHO DE ESPOSENDE, O MESMO QUE A SENHORA CHEGOU A PRESIDIR?
“Do concelho
de Esposende, no seu todo, guardo a melhor e mais gratificante das recordações.
Ainda agora, ao fim de tantos anos, sinto e vivo o carinho e o respeito de
todos, e note que a amizade que me manifestam não tem rigorosamente nada a ver
com qualquer conotação política ou partidária. São pessoas simples como eu e
que sabem distinguir o trigo do joio. É admirável o carinho que me dispensam!
Estou muito grata por isso.”
QUAL
FOI A SUA OBRA MAIS IMPORTANTE À FRENTE DA CÂMARA?
“Foram
várias, mas todas à custa de muito sacrifício, de muito ouvir, saber e calar…
As lutas e os interesses partidários no seio de qualquer município são
prejudiciais ao mesmo já que projetos há que, por força de influências várias,
levam muito mais tempo a serem concretizados e, por vezes, até passam para
mandatos seguintes. Enfim… é a política que temos! Veja-se, por exemplo, a Área
de Paisagem Protegida que levou um ano a ser concretizada e, no próprio dia da
sua instalação, verificou-se a tentativa de persuadirem o Secretário de Estado
a fazer meia volta e faltar ao ato de posse. Tive conhecimento imediato do
encontro que estava a realizar-se no restaurante Marinheiro, concelho da Póvoa
de Varzim onde, para além de vereadores, estava também o Governador Civil de
Braga. O Secretário de Estado chegou, explicou-me o que se passou, porque não
cedeu, então, à pressão, e agradeceu a compreensão. Mais uma vez ouvi, soube e
calei… para bem de Esposende.”
O
QUE É QUE FICOU POR FAZER?
“Todos os projetos
que candidatei ao Fundo do Turismo, por força da nossa proximidade com o casino
da Póvoa de Varzim… e que também levaram um ano a ser aprovados, depois de muita
persistência. Foram cerca de um milhão e quinhentos mil euros – obras a
executar no mandato seguinte. Ainda ninguém explicou por que razão o Casino da
Póvoa continua a contribuir para aquela cidade… e nunca mais veio nada para
Esposende.”
COMO
AVALIA A SUA PASSAGEM PELA POLITICA AUTÁRQUICA?
“Experiência
extraordinária que me ajudou a conhecer melhor as pessoas, a aprofundar o
sentir de cada um, e a ajuizar do cinismo e da falsidade de alguns. Foi algo
que influenciou drasticamente a minha vida, gostei de ter passado por tal vivência…
mas por nada voltaria, agora, a repeti-la.”
O
QUE ACHA DA ATUAL CRISE QUE SE VIVE EM PORTUGAL E EM VÁRIOS OUTROS PAÍSES?
“À medida
que os tempos vão passando, cada vez se torna mais corrente a ambição daqueles
que fazem carreira da política, e fazem-no não para servirem a sociedade que os
elegeu, mas para se servirem dela. Por
sua vez a maior parte das famílias vive, atualmente, para além das
possibilidades reais de cada um, e a crise vai-se instalando. É assim em
Portugal, é assim em quase todo o mundo. Primeiro, há necessidade de se exigir
aos governantes honestidade e rigor, seja a nível nacional, seja a nível local;
depois escolham-se para os cargos respetivos pessoas de caráter, com provas
dadas, e não protegidos deste ou daquele partido. Quando assim for, então os
resultados serão bem diferentes, e os enriquecimentos repentinos e
surpreendentes deixarão de existir.”
VAMOS
AGORA FALAR DO “GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”
QUEM
FORAM OS FUNDADORES DESTE GRUPO FOLCLÓRICO?
“Este Grupo
foi fundado em Agosto de 1937 por António Fernandes Torres, à época Presidente
da Junta de Freguesia de Apúlia. Era, então, Presidente da Câmara de Esposende
o Padre Sá Pereira que recebeu do Governo português ordem para mandar ao
Palácio de Cristal, no Porto, uma delegação representativa deste Concelho. E o
Presidente da Câmara encarregou António Torres de organizar aquela mesma
delegação. Realizava-se, então, no Porto a Primeira Grande Exposição do Mundo
Colonial Português. A delegação de Esposende foi, assim, composta por 30
agricultores, com o seu traje caraterístico de sargaceiros, e 30 mulheres,
também elas vestidas com o traje de ir ao mar ao sargaço, para além dos
utensílios que cada um utilizava na “Mareada” – galhapão, graveta e carrela.
O sucesso
daquela delegação foi tal, que daí resultou o Grupo dos Sargaceiros, nunca mais
parando até aos dias de hoje.”
ESTE
GRUPO NASCE COMO “GRUPO DOS SARGACEIROS DE APÚLIA” E MAIS TARDE É INTEGRADO NA
CASA DO POVO DE APÚLIA, PASSANDO A TER A DESIGNAÇÃO QUE AINDA HOJE OSTENTA
“GRUPO DOS SARGACEIROS DA CASA DO POVO DE APÚLIA”. FALE-ME UM POUCO DESTE
PERÍODO E DA PRÓPRIA HISTÓRIA DO GRUPO.
“Em 1940
António Torres funda, também, a Casa do Povo e nela integra o Grupo de Folclore
que passa, assim, a designar-se Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de
Apúlia. Até ao 25 de Abril os grupos de folclore existentes no país eram
tutelados pelo SNI – Secretariado Nacional de Informação. Os convites e as
atuações de cada grupo eram controlados por aquele organismo do Estado.
Lembro-me, como exemplo, a iniciativa do dono do Hotel Ofir, eng. Sousa
Martins, que decidiu criar um grupo folclórico de sargaceiros do Ofir. Foi de imediato
proibido de o fazer, justamente pelo SNI.”
QUAIS
FORAM OS MOMENTOS MAIS IMPORTANTES, DESDE A FUNDAÇÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE?
“Foram
muitos os momentos altos por que passou o Grupo dos Sargaceiros, pelo que referirei
apena alguns, desde o apuramento para a Primeira Olimpíada Europeia de Folclore
em Lisboa, em 1958, com Grupos de vários países, e que manteve o Grupo dos
Sargaceiros até à final; A Taça “Abril em Portugal”, 1.º prémio, em Lisboa, no
ano de 1968; os Troféus de Qualidade do Inatel em 1999/2000, e novamente em
2007, por ter sido considerado, a nível nacional, o melhor agrupamento
etnográfico.”
SEI
QUE JÁ REALIZARAM INUMERAS SAÍDAS AO EXTERIOR. QUE DESTINOS TIVERAM ESSAS
SAÍDAS?
“Na verdade
desde o Brasil, Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Suíça, até Madeira e
Açores, o Grupo é requisitado constantemente para outras deslocações a que
condicionantes de vária ordem nos impedem de corresponder, nomeadamente de caráter
económico. Infelizmente todos os anos rejeitamos convites que nos chegam
através da Federação do Folclore Português para Hungria, República Checa,
Polónia, Áustria, Croácia, Eslovénia. Na verdade, enquanto neste país a cultura
tradicional do seu povo for considerada como algo menor, os Grupos de Folclore
terão que continuar a bastar-se a si próprios ou, eventualmente, a viver de
pequenas doações de algumas pessoas que se vão sacrificando por amor à tradição
das terras que os viram nascer. Vamos continuar a esperar por dias melhores.”
COMO
SÃO CONSTITUIDOS, HOJE, OS ORGÃOS SOCIAIS?
“No caso
específico deste Grupo, os Órgãos Sociais que o regem são os da Casa do Povo de
Apúlia, já que o Grupo dos Sargaceiros, bem como o Grupo Infantil, integram a
Secção de Folclore da Casa do Povo e são tutelados por esta. Assim, a sua sede
é a Casa do Povo, onde ensaiam todas as sextas-feiras à noite; por sua vez o
Grupo Infantil ensaia às segundas-feiras, pelas 19:30h.”
É
AÍ QUE ENSAIAM E ATUAM E ONDE GUARDAM O ESPÓLIO DO GRUPO?
“Quanto ao
espólio do Grupo, e é muito, está guardado em casa de confiança, até que
tenhamos condições para o expor. Temos espaço, numa sala excelente, construída
para o efeito, falta-nos, apenas, mobiliário para se organizar a necessária
exposição. Contudo é justo que se diga – o Grupo não tem qualquer capacidade
económica para dar início a esse trabalho, todas as suas atividades, bem como
da Casa do Povo, são sem fins lucrativos, não há quaisquer rendimentos, e só
com muito esforço se vai pagando o consumo mensal de água e luz. Assim, vamos
esperar por melhores dias.”
E
MUSEU. COM TANTO ESPÓLIO JÁ PENSARAM EM CONSTRUIR UM MUSEU?
“Na verdade
o espólio dos Sargaceiros daria um museu extraordinário, tal como possuem já
muitos grupos ao longo do país, nomeadamente nas Beiras e mais a sul. A visão
que se verifica por parte das entidades competentes das diversas regiões, no
que se refere aos grupos de folclore, diverge muito de norte a sul e, em cada
região impera o gosto, a sensibilidade, o conhecimento, e até a visão de futuro
– só assim se poderá atribuir aos grupos de folclore deste país, verdadeiros
embaixadores da região que representam, o lugar e a dignidade a que os mesmos
têm, de facto, direito.”
O
TRAJE DO SARGACEIRO UTILIZADO PELO GRUPO FOI SEMPRE O MESMO, OU TEM SOFRIDO
EVOLUÇÃO?
“O traje do
sargaceiro é, desde tempos imemoriais, o mesmo, sem a mínima alteração. A
comprová-lo guardamos, e podemos apresentar fotos dos séculos XVIII e XIX que
mostram, sem qualquer dúvida, o sargaceiro na atividade da apanha do sargaço
sempre com branqueta tal como o Grupo a apresenta.”
CONTINUAM
A DANÇAR DESCALÇOS, SENDO UMA DAS PRINCIPAIS MARCAS DO GRUPO?
“Na verdade
nem de outro modo se compreende um sargaceiro na areia da praia ou a entrar na
onda do mar com tamancos ou com botas. No Grupo dos Sargaceiros, quer chova ou
faça sol, quer seja frio ou calor, quando se está trajado é dos pés à cabeça, e
não se admitem quaisquer outros elementos que abastardem a tradição.”
E
A ATIVIDADE DOS SARGACEIROS AINDA PERSISTE EM APÚLIA, OU AGORA É MAIS
SIMBÓLICA?
“Em Apúlia a
atividade da apanha do sargaço mantém-se, desde que o mar o dê. Não já com
galhapão ou graveta mas, de uma forma mais prosaica embora nada tradicional,
com o uso dos tratores. O agricultor de Apúlia sabe bem quanto o sargaço é
benéfico para as suas culturas por isso entra no mar com a cesta do trator,
enche-a de sargaço, e leva-o diretamente para os campos. Decorrido um mês lavra
a terra, grada-a e faz a sementeira, ou a plantação. Não é por acaso que os
legumes de Apúlia são tão procurados nas feiras das imediações, nomeadamente em
Barcelos. Pensando bem, quando tanto se defende a agricultura biológica, pois
em Apúlia desde sempre a mesma se praticou e pratica, assim continue a haver
sargaço no mar.”
QUAIS
SÃO AS VOSSAS PRINCIPAIS NECESSIDADES?
“Apoios
oficiais que permitam manter o Grupo dos Sargaceiros com a dignidade que se lhe
exige de forma a continuar a corresponder ao que dele se espera.”
E
A AUTARQUIA LOCAL E O MUNICIPIO AJUDAM? COMO É O RELACIONAMENTO COM ESTAS
ENTIDADES?
“Tanto a
autarquia local como o município procuram ajudar, dentro das condicionantes que
os regem. É muito difícil gerir situações que vão surgindo sem um regulamento
rigoroso que permita tomar decisões sobre esta matéria. Enquanto não for
redigido e aprovado tal regulamento compreende-se as dificuldades que surgem
perante a enorme diversidade de interpretações do que é, de facto, o folclore e
a etnografia de cada localidade. Naturalmente que algo será necessário
fazer…mas não nos cabe a nós essa iniciativa.”
QUANTOS
ELEMENTOS É QUE O GRUPO TEM O ATUALMENTE?
“Atualmente
o Grupo rem inscritos 57 elementos, mas nem todos têm igual disponibilidade
para participarem regularmente quer nos ensaios, quer nas atuações. Assim, uma
média de 40 elementos satisfazem perfeitamente as ações exigidas ao Grupo.”
SÃO
TODOS DE APÚLIA?
“Todos de
Apúlia, ou com família aqui constituída, até porque neste Grupo, dadas as suas
caraterísticas específicas, é essencial que cada um dos componentes se orgulhe
do que representa. Reconhecemos que nem sempre é fácil um homem despir-se,
envergar uma branqueta de lã, que o pica nas costas, e fazê-lo desfilar descalço,
quantas vezes por ruas empedradas, outras vezes por alcatrão a ferver. O mesmo
se passa com meninas, normalmente estudantes, de pés sensíveis, que são também
sujeitas a igual sacrifício.”
QUAL
É O VALOR DO VOSSO ORÇAMENTO ANUAL?
“O orçamento
deste ano é de 18.000,00€ o que se torna, para nós, numa grande dor de cabeça.
As atuações a efetuar são por projetos de intercâmbio o que significa que a
deslocação do Grupo é da sua responsabilidade. Constata-se que, por todo o
país, grande número de grupos de folclore estão a parar as suas atividades ou
até mesmo a desistir. Não é o caso dos “Sargaceiros”. Vamos continuar, vamos
fazer os sacrifícios que forem necessários, vamos desenvolver outras
atividade…e haveremos de chegar ao fim do ano de cabeça levantada, e orgulhosos
da nossa própria identidade. Como costumam dizer alguns dos componentes mais
corajosos “Um sargaceiro nunca dá parte de fraco.”
QUAIS
SÃO AS PRÓXIMAS ATUAÇÕES. JÁ ME DISSE QUE NO DIA 25 DE AGOSTO VÃO ATUAR À
MADEIRA. QUAL É O PROGRAMA DESSA SAÍDA?
“A partida
está prevista para o dia 25 de Agosto e o regresso a 31 do mesmo mês. Na
verdade os nossos amigos do Grupo Folclórico da Ponta do Sol gostariam que
alargássemos um pouco mais a nossa estada com eles mas não podemos esquecer que
alguns dos nossos elementos trabalham. Ainda não dispomos do programa que para
nós fizeram, mas sabemos já que atuaremos a 27 de Agosto na Ponta do Sol, a 28
no Funchal, a 29 na Camacha e talvez a 30 em S. Vicente. Estivemos na Madeira
há dez anos, e já todos estão com vontade de nos receberem novamente. É assim o
verdadeiro folclore, amizades que ficam para toda a vida.”
SENHORA
PRESIDENTE, ACHA QUE A JUVENTUDE DÁ VALOR AO FOLCLORE? E OS ESPOSENDENSES?
“Atualmente
as muitas solicitações a que a juventude está exposta confunde-a e, por vezes,
desorienta-a. Contudo verifica-se que, quando os jovens se compenetram da sua
própria responsabilidade, vêem o exemplo dos mais velhos, e vivem a alegria de
serem reconhecidos e aclamados pelo que representam, ficam empolgados e assumem-se
como continuadores da tradição da sua terra. Em Esposende é diferente. Dado
tratar-se de uma cidade, há dois tipos de residentes – aqueles que se
identificam com a sua terra e que, por isso, dão valor e gostam do folclore, e
os que, embora residindo em Esposende, não estão ali ligados por laços de
afeição ou de família, mas sim porque ali é o seu trabalho, e a esses, de
facto, o folclore local não lhes diz nada.”
QUAIS
SÃO OS SEUS OBJETIVOS PARA O FUTURO PRÓXIMO?
E
O SEU SONHO, SENHORA PRESIDENTE?
“Procurar
criar as condições necessárias para que o
Grupo dos Sargaceiros se mantenha fiel à tradição que lhe deu origem há
82 anos. O meu pai foi o fundador, eu estou a dar-lhe continuidade. O mesmo se
passa com a própria Casa do Povo.”
Agora, o meu
sonho é conseguir que os elementos do Grupo se assumam como continuadores, e
ter a certeza de que, com o meu afastamento, o Grupo se manterá unido e pronto
a levar, como até aqui, o nome de Apúlia e de Esposende por todo o país e pelo
estrangeiro.“
JÁ
ME DISSE QUE É NOSSA LEITORA, QUAL É A SUA OPINIÃO ACERCA DESTE SEMANÁRIO “NOTÍCIAS
DE ESPOSENDE”?
“Gosto
francamente deste semanário, sobretudo pela diversidade de informação que nos
traz, e também pelos artigos de opinião. Sempre admirei as pessoas que se
dispõem a escrever, tantas vezes focando algo que se desconhecia, e que nos
esclarece. Os artigos de opinião ajudam-nos, muitas vezes, a olhar com mais
atenção os problemas e as atitudes que poderão alterar situações ou factos
condicionantes da vida de cada um. Parabéns por isso.”
NOTA
FINAL
Conheço
a prof.ª Laurentina Torres desde o período em que foi vereadora e depois presidente
da Câmara Municipal de Esposende. Também a conheço, tal como a maior parte dos
esposendenses, da sua ligação ao Grupo Folclórico dos Sargaceiros de Apúlia, ao
qual está ligada há mais de duas décadas, dando continuidade ao legado do seu
pai. Despeço-me, agradecendo a simpatia e a amizade e desejando os maiores
sucessos aos Sargaceiros de Apúlia.
Mário Fernandes
MF
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