terça-feira, 10 de novembro de 2015

À CONVERSA COM MARIZ NEIVA PRESIDENTE DE ROTARY CLUB DE ESPOSENDE


MARIZ NEIVA PRESIDENTE DO ROTARY CLUB DE ESPOSENDE
Manuel Mariz Neiva, nasceu no dia 15 de janeiro de 1959.É natural de Marinhas, casou em Vila-Chã e vive em Marinhas, depois de ter residido durante cerca de 20 anos em Vila-Chã. Tem dois filhos, o Jorge, que é Engenheiro Mecânico e a Sofia que é Médica. A esposa é professora de História no Colégio Didálvi em Alvito, concelho de Barcelos. É professor de Filosofia na Escola Secundária Henrique Medina onde leciona e é o coordenador da Formação Qualificante.
Um homem sempre atento e interventivo, tanto na sociedade civil, como na política, que se tem destacado no movimento associativo, em especial no Rotário. Ao ser eleito e assumir pela segunda vez a presidência dos Rotários de Esposende, demonstra um especial gosto pelo movimento e pelos objetivos aqui preconizados. A sua passagem pela política, tanto na autarquia local como no Município, onde de entre vários outros cargos, chegou a assumir a presidência da Assembleia Municipal de Esposende, contribuiu para o enriquecendo do seu currículo social. O desempenho de cargos político partidários, onde tem desempenhado um papel de liderança e mediação também reforçaram a imagem de um homem com um grande à vontade na criação de consensos.
Amante de motos, gosta de participar nos encontros de “motards” e, com um grupo restrito realizar a sua “voltinha sabatina”, principalmente no verão, à descoberta de novos sítios, lugares e bons restaurantes. Sim, porque aqui prima o companheirismo e o convívio. Gosta de conviver, de passear e de ensinar e muito de se divertir.
Vamos então dividir esta entrevista em três momentos diferentes. A primeira parte para conhecermos um pouco melhor Mariz Neiva e o seu lado mais pessoal, a segunda para uma abordagem ao Rotary Club de Esposende e a última parte o Roraty nacional e Internacional.
GOSTOS PESSOAIS
”Costumo dizer que já estou próximo dos 100 anos, porque ultrapassei a barreira dos 50 e por isso já não fica muito mal dizer que sou muito persistente, mantendo e lutando por ideais que me seduzem. Já foi dito antes que gosto de andar de mota e vejo nela uma catarse tão subtil que dificilmente traduziria em palavras. Durante minutos, ou horas sou só eu e ela. O binómio homem-máquina tem que ser sempre de equilíbrio, caso contrário ela põe-me no chão, como já o fez algumas vezes. Não gosto muito de trabalhar, porque o trabalho torna-se rotineiro e desgasta-nos, porém gosto muito de ser professor e estou convencido que tenho algum jeito, dedicação e competência (se eu não disseste isto de mim, quem o diria?) por essa razão vejo-o mais como uma missão que dignifica o homem e o integra plenamente na sua dimensão humana de construtor da vida que lhe foi dada e ele tem que aprimorar, dando-lhe sentido e valor.”
TEMPOS LIVRES
“Naturalmente não tenho tempos livres, sempre tenho, pelo menos, em que pensar e essa é uma interessante maneira de o livre ficar ocupado.”
ESCRITA
“Reconheço que sou pouco dotado nesse campo. Escrevo pouco por deleite ou por inspiração e no fim, quando leio o que escrevi fico sempre com muita vontade de o arquivar na quinta secção. Vivo num mundo de papéis e em que a escrita tem sido muita para poucos lerem. Daí algum desânimo. Fui, durante anos, colaborador de jornais concelhios, mas não reconheço valor digno de referência.”
HOBBYS
”Tal como nos tempos livres, sistematicamente não tenho nenhum. Quando se ganhava bem gostava de coleccionar moedas e relógios. Fruto dos tempos estas peculiaridades vão ficando estáticas e arquivadas, muitas vezes na gaveta do esquecimento. O que me dá muito prazer é fazer alguma «bricolage» minuciosa em reparações eletricas e dos equipamentos domésticos. Mais vezes a «olhometro» do que com o rigor da reparação. È o querer ver como funciona ….”
O QUE PENSA DA CIDADE E DO CONCELHO DE ESPOSENDE?
”Gosto muito deste cantinho apertado entre dois distritos e sendo a fralda do distrito a que pertencemos, o de Braga. Falo sempre com muito orgulho da minha terra e reconheço que é um privilégio da natureza. Tem tido autarcas com visão e ação, que transformaram um simples povoado num “oásis” em que apetece viver. Sentimos, porém, uma enorme falta de população, geradora de constrangimentos em ternos de negócios e consequentemente de fixação de novas gerações. É nostálgico circular pelo centro do castro urbano fora do expediente e verificar a solidão que por aí está espalhada.
Impõe-se ao grupo com responsabilidades políticas, mas também aos senhores da economia e da sociedade em geral refletir e trabalhar esta problemática, porque ela é urgente e indispensável para que o grande sonho não se torne em pesadelo, por estarmos sempre à espera que os outros resolvam.
Admiro as pessoas que se dedicam, mesmo que para isso sejam remuneradas, à «res publica» e por ela se deixam cativar, estudando-a, fundamentando-a, procurando aqueles que para ela contribuíram com dedicação, empenho e muito engenho. ”
E DO MOMENTO POLITICO ATUAL, EM PORTUGAL?
”É dos assuntos sobre os quais todos temos falado muito e no fim tudo continua exactamente na mesma. Estamos a viver um momento de construção da democracia que não é nem normal nem vulgar. Justifico com a asserção já, por demais, dita – quem ganha deve governar- o resto é artificio manipulador fundamentado numa Constituição e visões interpretativas serviçais de estruturas caóticas, para que quem tem um olho continue a ser rei. E prefiro ficar por aqui ….”
A MEIO DO MANDATO NA PRESIDÊNCIA DO ROTARY CLUB DE ESPOSENDE
Manuel Mariz Neiva assumiu a presidência do ROTARY CLUB DE ESPOSENDE, pela segunda vez, passados 18 anos, no dia 30 de junho deste ano, sucedendo a Miguel Lopes. A sua equipa conta com Almor António Miranda da Costa, na vice-presidência, Agostinho Penteado Neiva, no secretário, e Ilda Amália Fernandes Branco, secretária-adjunta. O tesoureiro é José Faria Cardoso e Manuel Amaro Alves Marques tesoureiro-adjunto. Responsável pelo protocolo é José Alberto Lima Costa e Silva, tendo como adjunto Horácio de Faria Lages.
Na tomada de posse Manuel Mariz Neiva elencou um conjunto de objetivos com o intuito de manter o clube vivo, atuante e que dentro do possível cresça, admitindo novos companheiros. Realize o objetivo primordial, do movimento, que é praticar o companheirismo. “Neste sentido, darei continuidade aos jantares de convívio, passeios e palestras mensais ou sempre que seja oportuno, realizando ainda algumas ações de solidariedade em prol da cegueira evitável em países do oriente, mantendo as bolsas de estudo a jovens carenciados e o banco de cadeiras de rodas. Temos 10 cadeiras distribuídas pelo concelho, algumas encontram-se junto de instituições, sendo que outras estão com particulares”, referindo ainda tratar-se de objetivos “quero que sejam o mais realistas possível, numa altura em que todos os movimentos associativos passam por algumas dificuldades, que se prendem com a pouca disponibilidade das pessoas, com a comunicação mais virtual do que pessoal e a concorrência de muitas outras formas de convívio.”
Melhor do que o balanço de final de mandato poderá ser a avaliação a meio do mandato, o que pode inclusive servir para avaliar o trabalho desenvolvido e eventualmente redefinir algumas das metas inicialmente tratadas.
Vamos então conhecer melhor um Clube que tem na solidariedade a sua génese, cuja ação propositadamente se desenvolve com a maior descrição. A missão do movimento é essencialmente o companheirismo dos seus membros em que cada um de nós representa uma profissão, dando a conhecer aos outros elementos do clube aquilo que é e que faz. 
PENSO QUE TERÁ ESTADO NA FUNDAÇÃO DO ROTARY CLUB DE ESPOSENDE. QUEM FORAM OS SEUS FUNDADORES?
“O Rotary Club de Esposende foi fundado em 1978. Nessa altura realizava o ano propedêutico. Não tinha idade nem condições económicas para ser rotário. Entrei em 1992 para o clube. Da fundação do clube ainda há três companheiros que continuam rotários, é o caso do Companheiro Agostinho Neiva, do Companheiro Costa e Silva e do Companheiro Manuel Passos Vicente. Muitos dos fundadores já faleceram e muitos outros saíram do club. É um movimento dinâmico ao qual as pessoas aderem e do qual sempre que queiram podem sair.”
O QUE É SER ROTÁRIO?
“Acima de tudo é ser boa pessoa. Se me souberem dizer em palavras o que é ser boa pessoa eu também conseguirei responder. Todos os dias somos seres vivente e fazemos pela vida, praticando o bem, colaborando com o nosso próximo e estando disponíveis para servir, naquilo que fizer falta, sem esperar a tribuna, o agradecimento ou mesmo o reconhecimento.
Para grande parte da sociedade os rotários são elitistas. É verdade! Nem todos poderão ser rotários. Cada um de nós representa uma profissão e a profissão que eu tenho e represento, sem ter recebido procuração de nenhum colega, está ocupada no quadro social do Rotary Club de Esposende, por isso, terá que aguardar nova vaga… Constantemente se escutam críticas de que os rotários só querem é “exibir-se”. Vale como resposta o ditado popular de que só se atiram pedras às árvores com frutos…
Realmente ser rotário é ser comprometido com o mundo e com a humanidade estando ao dispor para praticar sempre o bem em prol da humanidade.”
QUEM É QUE PODE SER ROTÁRIO?
“Qualquer um que seja proposto e admitido pelo clube. Ninguém entra sem ser proposto por outro companheiro e votado em sufrágio universal, numa Assembleia Geral do clube, expressamente convocada para o efeito. Não há condicionantes de raça, sexo, religião ou política. Há a idade, que não se fundamenta em limites mas em enquadramentos. Além do Rotary, há o Rotaract e o Kids, para os que não preenchem os requisitos de profissão e de idade. A limitação da profissão é a que antes referi. De resto se todas as profissões são exercidas por homens ou mulheres é porque são profissões. Poderia dizer que desde esta até aquela profissão todos poderiam ser admitidos mas isso obrigava-me a hierarquizar profissionalmente os homens.”
EXISTEM VANTAGENS PARA OS ASSOCIADOS?
“A principal é o conhecimento de outros companheiros que partilham o ideal rotário, com os quais podem trocar experiências, vivências e procurar soluções ou colaboração para as dificuldades que surgem todos os dias na nossa profissão.
A vantagem de poder fazer o bem ao próximo, à comunidade, sem ser na primeira pessoa, sem estar com delongas para ter títulos ou receber elogios. Cada um de nós é um dente integrante da roda dentada, que é o nosso símbolo (parafraseando Marx é uma peça da engrenagem).”
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DESTE SEU MANDATO?
“Concretamente é aumentar o quadro social do clube e fomentar a dinâmica semanal das reuniões, para que cada membro sinta necessidade e vontade de interagir, de comunicar e de partilhar como companheiro. Participar nos objectivos do Governador do Distrito 1970 e nos de Rotary Internacional.
No fundo é continuar o que de bom os conselhos anteriores iniciaram e deu frutos.”
DE ONDE PROVÉM OS RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS VOSSAS AÇÕES?
“Há momentos já referi que temos uma quota mensal, que serve para resolver os compromissos certos e permanentes que o clube tem. O resto tudo é resultado do que os seus membros conseguem contribuir, angariar patrocinadores fora do clube, promoção de eventos e «carolice» para tornar fácil e atingível o que individualmente nunca faria nem conseguiria. Não tenho vergonha, como rotário, de pedir a empresários, a amigos e conhecidos que me patrocinem uma bolsa de estudo para um jovem do nosso concelho. Afinal com três letras tanto se diz sim como não… conseguindo mais uma bolsa é mais uma potência que se vai concretizando. “
COMO CLASSIFICA A RELAÇÃO COM A AUTARQUIA E O MUNICIPIO?
“O movimento rotário existe para promover a concórdia e o entendimento, praticando o companheirismo. Assentando nesta ideia nem se compreenderia que a relação com o Município não fosse a melhor e a mais proveitosa para a comunidade local.
O nosso lema é servir. O deste ano rotário é ainda mais sugestivo e comprometedor – seja um presente para o mundo. Por isso não é só missão é também obrigação. O testemunho desta afinidade está patente na presença de vereadores ou do Senhor presidente da Câmara nas nossas reuniões festivas. ”
QUANTOS “COMPANHEIROS” SE ENCONTRAM ATIVOS NO CLUBE?
“Com a recente entrada de três valiosos e ativos cidadãos do nosso concelho, somos 20. Já fomos muitos mais e também já fomos menos. Creio que continuaremos a crescer, porque há muitas pessoas boas que têm lugar e fazem falta ao clube. O clube é uma organização viva e atuante, ora aumenta, ora perde alguns dos membros que o formam.”
UM SONHO?
“Chegar ao mês de junho de 2016 com o risonho número de 25 companheiros, para passar o clube ao novo presidente com um agradável quadro social.”
ROTARY CLUB DE PORTUGAL E FUNDAÇÃO ROTÁRIA
“A fundação Rotária Portuguesa é uma instituição valiosíssima que está sediada em Coimbra e que apoia há muito tempo muitos dos projetos que os clubes rotários criam e apresenta. No campo das Bolsas de estudo faz uma espetacular gestão das doações dos beneméritos aos beneficiários.
É obra da contribuição de todos os clubes rotários e gerida por profissionais dedicados e competentes, sem remuneração nem ajudas de custos.”
NOTA FINAL
Conheço o meu caro e bom amigo, Mariz Neiva, desde longa data. Casou em Vila-Chã quando eu ainda lá vivia E foi meu professor de filosofia na Escola Secundária de Esposende. Um professor que já exerceu funções políticas de especial relevo e que sempre manteve uma atividade cívica de grande importância. Também acabou por ser Mariz Neiva, quando exercia a presidência da Assembleia Municipal de Esposende, a dar-me posse, em 2001, a presidir à minha tomada de posse como membro da Assembleia Municipal. Voltei a cruzar-me com o professor Mariz [sim, porque é assim que é vulgarmente conhecido] quando presidi à Junta de Freguesia de Curvos, tendo com ele celebrado protocolos para receção de estagiários dos cursos profissionais de que já na altura era responsável na Escola Secundária de Esposende.
Tudo isto para dizer que o meu entrevistado de hoje é alguém com quem tenho uma relação de amizade, com quem tenho tido o prazer de trabalhar, que alias recentemente me convidou para me associar ao “Rotary”, o que acabou por acontecer muito recentemente. Apesar do que acabo de escrever, em momento algum desta entrevista me senti condicionado. Nem para escrever a mais nem a menos, sendo minha obrigação abordar os temas com imparcialidade.
Quero destacar aqui, daquilo que conheço, algumas das mais importantes ações do Rotary Club de Esposende; O apoio a estudantes do ensino universitário com a atribuição de BOLSAS DE ESTUDO; As campanhas de solidariedade e apoio à LOJA SOCIAL DE ESPOSENDE e a Homenagem ao “Profissional do Ano”, como forma de reconhecer o mérito de esposendenses que se destacam nas suas áreas profissionais;
Mesmo a finalizar aproveito para lembrar uma das mais importantes obras de sempre dos Rotários esposendenses. A construção de uma habitação, na Freguesia de Curvos, para uma família com parcos recursos. A esta rua foi atribuída a designação de RUA DOS ROTÁRIOS, fazendo por isso parte da toponímia local. Enquanto presidente de Junta de Freguesia de Curvos tive o prazer de dotar esta rua de infraestruturas e de a pavimentar. Assim se constrói o… futuro!
Caro prof. Mariz Neiva, muito obrigado, por várias razões, mas hoje em especial por se ter disponibilizado para esta agradável conversa. Foi um prazer conversar consigo.
Um abraço extensivo a todos os membros do “Rotary Club de Esposende” e o desejo de que continuem a desenvolver esse magnífico trabalho, com a mesma discrição e empenho, em prol da comunidade.
Mário Fernandes
06-11-2015







MF


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