Manuel
Mariz Neiva, nasceu no dia 15 de janeiro de 1959.É natural de Marinhas, casou
em Vila-Chã e vive em Marinhas, depois de ter residido durante cerca de 20 anos
em Vila-Chã. Tem dois filhos, o Jorge, que é Engenheiro Mecânico e a Sofia que
é Médica. A esposa é professora de História no Colégio Didálvi em Alvito,
concelho de Barcelos. É professor de Filosofia na Escola Secundária Henrique
Medina onde leciona e é o coordenador da Formação Qualificante.
Um homem
sempre atento e interventivo, tanto na sociedade civil, como na política, que
se tem destacado no movimento associativo, em especial no Rotário. Ao ser
eleito e assumir pela segunda vez a presidência dos Rotários de Esposende,
demonstra um especial gosto pelo movimento e pelos objetivos aqui preconizados.
A sua passagem pela política, tanto na autarquia local como no Município, onde
de entre vários outros cargos, chegou a assumir a presidência da Assembleia
Municipal de Esposende, contribuiu para o enriquecendo do seu currículo social.
O desempenho de cargos político partidários, onde tem desempenhado um papel de
liderança e mediação também reforçaram a imagem de um homem com um grande à
vontade na criação de consensos.
Amante de
motos, gosta de participar nos encontros de “motards” e, com um grupo restrito realizar
a sua “voltinha sabatina”, principalmente no verão, à descoberta de novos
sítios, lugares e bons restaurantes. Sim, porque aqui prima o companheirismo e o
convívio. Gosta de conviver, de passear e de ensinar e muito de se divertir.
Vamos então
dividir esta entrevista em três momentos diferentes. A primeira parte para
conhecermos um pouco melhor Mariz Neiva e o seu lado mais pessoal, a segunda
para uma abordagem ao Rotary Club de Esposende e a última parte o Roraty
nacional e Internacional.
GOSTOS PESSOAIS
”Costumo dizer que já estou próximo dos 100 anos, porque ultrapassei a
barreira dos 50 e por isso já não fica muito mal dizer que sou muito
persistente, mantendo e lutando por ideais que me seduzem. Já foi dito antes
que gosto de andar de mota e vejo nela uma catarse tão subtil que dificilmente
traduziria em palavras. Durante minutos, ou horas sou só eu e ela. O binómio
homem-máquina tem que ser sempre de equilíbrio, caso contrário ela põe-me no
chão, como já o fez algumas vezes. Não gosto muito de trabalhar, porque o
trabalho torna-se rotineiro e desgasta-nos, porém gosto muito de ser professor
e estou convencido que tenho algum jeito, dedicação e competência (se eu não
disseste isto de mim, quem o diria?) por essa razão vejo-o mais como uma missão
que dignifica o homem e o integra plenamente na sua dimensão humana de
construtor da vida que lhe foi dada e ele tem que aprimorar, dando-lhe sentido
e valor.”
TEMPOS LIVRES
“Naturalmente não tenho tempos livres, sempre tenho,
pelo menos, em que pensar e essa é uma interessante maneira de o livre ficar
ocupado.”
ESCRITA
“Reconheço que sou pouco dotado nesse campo. Escrevo
pouco por deleite ou por inspiração e no fim, quando leio o que escrevi fico
sempre com muita vontade de o arquivar na quinta secção. Vivo num mundo de
papéis e em que a escrita tem sido muita para poucos lerem. Daí algum desânimo.
Fui, durante anos, colaborador de jornais concelhios, mas não reconheço valor
digno de referência.”
HOBBYS
”Tal como nos tempos livres, sistematicamente não tenho nenhum. Quando se
ganhava bem gostava de coleccionar moedas e relógios. Fruto dos tempos estas
peculiaridades vão ficando estáticas e arquivadas, muitas vezes na gaveta do esquecimento.
O que me dá muito prazer é fazer alguma «bricolage» minuciosa em reparações
eletricas e dos equipamentos domésticos. Mais vezes a «olhometro» do que com o
rigor da reparação. È o querer ver como funciona ….”
O QUE PENSA DA CIDADE E DO CONCELHO DE
ESPOSENDE?
”Gosto muito deste cantinho apertado entre dois distritos e sendo a
fralda do distrito a que pertencemos, o de Braga. Falo sempre com muito orgulho
da minha terra e reconheço que é um privilégio da natureza. Tem tido autarcas
com visão e ação, que transformaram um simples povoado num “oásis” em que
apetece viver. Sentimos, porém, uma enorme falta de população, geradora de
constrangimentos em ternos de negócios e consequentemente de fixação de novas
gerações. É nostálgico circular pelo centro do castro urbano fora do expediente
e verificar a solidão que por aí está espalhada.
Impõe-se ao grupo com responsabilidades políticas, mas também aos
senhores da economia e da sociedade em geral refletir e trabalhar esta
problemática, porque ela é urgente e indispensável para que o grande sonho não
se torne em pesadelo, por estarmos sempre à espera que os outros resolvam.
Admiro as pessoas que se dedicam, mesmo que para isso sejam remuneradas,
à «res publica» e por ela se deixam cativar, estudando-a, fundamentando-a,
procurando aqueles que para ela contribuíram com dedicação, empenho e muito
engenho. ”
E DO MOMENTO POLITICO ATUAL, EM PORTUGAL?
Ӄ dos assuntos sobre os quais todos temos falado
muito e no fim tudo continua exactamente na mesma. Estamos a viver um momento
de construção da democracia que não é nem normal nem vulgar. Justifico com a
asserção já, por demais, dita – quem ganha deve governar- o resto é artificio
manipulador fundamentado numa Constituição e visões interpretativas serviçais
de estruturas caóticas, para que quem tem um olho continue a ser rei. E prefiro
ficar por aqui ….”
A MEIO DO MANDATO NA PRESIDÊNCIA DO
ROTARY CLUB DE ESPOSENDE
Manuel Mariz Neiva assumiu a
presidência do ROTARY CLUB DE ESPOSENDE, pela segunda vez, passados 18 anos, no
dia 30 de junho deste ano, sucedendo a Miguel Lopes. A sua equipa conta com Almor
António Miranda da Costa, na vice-presidência, Agostinho Penteado Neiva, no secretário,
e Ilda Amália Fernandes Branco, secretária-adjunta. O tesoureiro é José Faria
Cardoso e Manuel Amaro Alves Marques tesoureiro-adjunto. Responsável pelo
protocolo é José Alberto Lima Costa e Silva, tendo como adjunto Horácio de
Faria Lages.
Na tomada de posse Manuel
Mariz Neiva elencou um conjunto de objetivos com o intuito de manter o clube
vivo, atuante e que dentro do possível cresça, admitindo novos companheiros.
Realize o objetivo primordial, do movimento, que é praticar o companheirismo. “Neste sentido, darei continuidade aos
jantares de convívio, passeios e palestras mensais ou sempre que seja oportuno,
realizando ainda algumas ações de solidariedade em prol da cegueira evitável em
países do oriente, mantendo as bolsas de estudo a jovens carenciados e o banco
de cadeiras de rodas. Temos 10 cadeiras distribuídas pelo concelho, algumas
encontram-se junto de instituições, sendo que outras estão com particulares”,
referindo ainda tratar-se de objetivos “quero
que sejam o mais realistas possível, numa altura em que todos os movimentos
associativos passam por algumas dificuldades, que se prendem com a pouca
disponibilidade das pessoas, com a comunicação mais virtual do que pessoal e a
concorrência de muitas outras formas de convívio.”
Melhor do que o balanço de
final de mandato poderá ser a avaliação a meio do mandato, o que pode inclusive
servir para avaliar o trabalho desenvolvido e eventualmente redefinir algumas
das metas inicialmente tratadas.
Vamos então conhecer melhor
um Clube que tem na solidariedade a sua génese, cuja ação propositadamente se
desenvolve com a maior descrição. A missão do movimento é essencialmente o
companheirismo dos seus membros em que cada um de nós representa uma profissão,
dando a conhecer aos outros elementos do clube aquilo que é e que faz.
PENSO QUE TERÁ ESTADO NA FUNDAÇÃO DO ROTARY
CLUB DE ESPOSENDE. QUEM FORAM OS SEUS FUNDADORES?
“O Rotary Club de Esposende
foi fundado em 1978. Nessa altura realizava o ano propedêutico. Não tinha idade
nem condições económicas para ser rotário. Entrei em 1992 para o clube. Da
fundação do clube ainda há três companheiros que continuam rotários, é o caso
do Companheiro Agostinho Neiva, do Companheiro Costa e Silva e do Companheiro
Manuel Passos Vicente. Muitos dos fundadores já faleceram e muitos outros
saíram do club. É um movimento dinâmico ao qual as pessoas aderem e do qual
sempre que queiram podem sair.”
O QUE É SER ROTÁRIO?
“Acima de tudo é ser boa
pessoa. Se me souberem dizer em palavras o que é ser boa pessoa eu também
conseguirei responder. Todos os dias somos seres vivente e fazemos pela vida,
praticando o bem, colaborando com o nosso próximo e estando disponíveis para
servir, naquilo que fizer falta, sem esperar a tribuna, o agradecimento ou
mesmo o reconhecimento.
Para grande parte da
sociedade os rotários são elitistas. É verdade! Nem todos poderão ser rotários.
Cada um de nós representa uma profissão e a profissão que eu tenho e
represento, sem ter recebido procuração de nenhum colega, está ocupada no
quadro social do Rotary Club de Esposende, por isso, terá que aguardar nova
vaga… Constantemente se escutam críticas de que os rotários só querem é
“exibir-se”. Vale como resposta o ditado popular de que só se atiram pedras às
árvores com frutos…
Realmente ser rotário é ser
comprometido com o mundo e com a humanidade estando ao dispor para praticar
sempre o bem em prol da humanidade.”
QUEM É QUE PODE SER ROTÁRIO?
“Qualquer um que seja
proposto e admitido pelo clube. Ninguém entra sem ser proposto por outro
companheiro e votado em sufrágio universal, numa Assembleia Geral do clube,
expressamente convocada para o efeito. Não há condicionantes de raça, sexo,
religião ou política. Há a idade, que não se fundamenta em limites mas em
enquadramentos. Além do Rotary, há o Rotaract e o Kids, para os que não
preenchem os requisitos de profissão e de idade. A limitação da profissão é a
que antes referi. De resto se todas as profissões são exercidas por homens ou
mulheres é porque são profissões. Poderia dizer que desde esta até aquela
profissão todos poderiam ser admitidos mas isso obrigava-me a hierarquizar
profissionalmente os homens.”
EXISTEM VANTAGENS PARA OS ASSOCIADOS?
“A principal é o
conhecimento de outros companheiros que partilham o ideal rotário, com os quais
podem trocar experiências, vivências e procurar soluções ou colaboração para as
dificuldades que surgem todos os dias na nossa profissão.
A vantagem de poder fazer o
bem ao próximo, à comunidade, sem ser na primeira pessoa, sem estar com
delongas para ter títulos ou receber elogios. Cada um de nós é um dente
integrante da roda dentada, que é o nosso símbolo (parafraseando Marx é uma
peça da engrenagem).”
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DESTE SEU
MANDATO?
“Concretamente é aumentar o
quadro social do clube e fomentar a dinâmica semanal das reuniões, para que
cada membro sinta necessidade e vontade de interagir, de comunicar e de
partilhar como companheiro. Participar nos objectivos do Governador do Distrito
1970 e nos de Rotary Internacional.
No fundo é continuar o que
de bom os conselhos anteriores iniciaram e deu frutos.”
DE ONDE PROVÉM OS RECURSOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DAS VOSSAS AÇÕES?
“Há momentos já referi que
temos uma quota mensal, que serve para resolver os compromissos certos e
permanentes que o clube tem. O resto tudo é resultado do que os seus membros
conseguem contribuir, angariar patrocinadores fora do clube, promoção de
eventos e «carolice» para tornar fácil e atingível o que individualmente nunca
faria nem conseguiria. Não tenho vergonha, como rotário, de pedir a
empresários, a amigos e conhecidos que me patrocinem uma bolsa de estudo para
um jovem do nosso concelho. Afinal com três letras tanto se diz sim como não…
conseguindo mais uma bolsa é mais uma potência que se vai concretizando. “
COMO CLASSIFICA A RELAÇÃO COM A AUTARQUIA E
O MUNICIPIO?
“O movimento rotário existe para promover a
concórdia e o entendimento, praticando o companheirismo. Assentando nesta ideia
nem se compreenderia que a relação com o Município não fosse a melhor e a mais
proveitosa para a comunidade local.
O nosso lema é servir. O deste ano rotário é
ainda mais sugestivo e comprometedor – seja um presente para o mundo. Por
isso não é só missão é também obrigação. O testemunho desta afinidade está
patente na presença de vereadores ou do Senhor presidente da Câmara nas nossas
reuniões festivas. ”
QUANTOS “COMPANHEIROS” SE ENCONTRAM ATIVOS
NO CLUBE?
“Com a recente entrada de
três valiosos e ativos cidadãos do nosso concelho, somos 20. Já fomos muitos
mais e também já fomos menos. Creio que continuaremos a crescer, porque há
muitas pessoas boas que têm lugar e fazem falta ao clube. O clube é uma
organização viva e atuante, ora aumenta, ora perde alguns dos membros que o
formam.”
UM SONHO?
“Chegar ao mês de junho de
2016 com o risonho número de 25 companheiros, para passar o clube ao novo
presidente com um agradável quadro social.”
ROTARY CLUB DE PORTUGAL E FUNDAÇÃO
ROTÁRIA
“A fundação Rotária Portuguesa é uma instituição
valiosíssima que está sediada em Coimbra e que apoia há muito tempo muitos dos
projetos que os clubes rotários criam e apresenta. No campo das Bolsas de
estudo faz uma espetacular gestão das doações dos beneméritos aos
beneficiários.
É obra da contribuição de todos os clubes rotários e
gerida por profissionais dedicados e competentes, sem remuneração nem ajudas de
custos.”
NOTA FINAL
Conheço o
meu caro e bom amigo, Mariz Neiva, desde longa data. Casou em Vila-Chã quando
eu ainda lá vivia E foi meu professor de filosofia na Escola Secundária de
Esposende. Um professor que já exerceu funções políticas de especial relevo e
que sempre manteve uma atividade cívica de grande importância. Também acabou
por ser Mariz Neiva, quando exercia a presidência da Assembleia Municipal de
Esposende, a dar-me posse, em 2001, a presidir à minha tomada de posse como
membro da Assembleia Municipal. Voltei a cruzar-me com o professor Mariz [sim,
porque é assim que é vulgarmente conhecido] quando presidi à Junta de Freguesia
de Curvos, tendo com ele celebrado protocolos para receção de estagiários dos
cursos profissionais de que já na altura era responsável na Escola Secundária
de Esposende.
Tudo
isto para dizer que o meu entrevistado de hoje é alguém com quem tenho uma
relação de amizade, com quem tenho tido o prazer de trabalhar, que alias
recentemente me convidou para me associar ao “Rotary”, o que acabou por
acontecer muito recentemente. Apesar do que acabo de escrever, em momento algum
desta entrevista me senti condicionado. Nem para escrever a mais nem a menos,
sendo minha obrigação abordar os temas com imparcialidade.
Quero
destacar aqui, daquilo que conheço, algumas das mais importantes ações do
Rotary Club de Esposende; O apoio a estudantes do ensino universitário com a
atribuição de BOLSAS DE ESTUDO; As campanhas de solidariedade e apoio à LOJA
SOCIAL DE ESPOSENDE e a Homenagem ao “Profissional do Ano”, como forma de
reconhecer o mérito de esposendenses que se destacam nas suas áreas
profissionais;
Mesmo a
finalizar aproveito para lembrar uma das mais importantes obras de sempre dos
Rotários esposendenses. A construção de uma habitação, na Freguesia de Curvos,
para uma família com parcos recursos. A esta rua foi atribuída a designação de
RUA DOS ROTÁRIOS, fazendo por isso parte da toponímia local. Enquanto
presidente de Junta de Freguesia de Curvos tive o prazer de dotar esta rua de
infraestruturas e de a pavimentar. Assim se constrói o… futuro!
Caro
prof. Mariz Neiva, muito obrigado, por várias razões, mas hoje em especial por se
ter disponibilizado para esta agradável conversa. Foi um prazer conversar
consigo.
Um
abraço extensivo a todos os membros do “Rotary Club de Esposende” e o desejo de
que continuem a desenvolver esse magnífico trabalho, com a mesma discrição e empenho,
em prol da comunidade.
Mário
Fernandes
06-11-2015MF
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