domingo, 24 de maio de 2015

À CONVERSA COM O PROF. CARLOS PINTO DA COSTA VIOLINISTA E DIRETOR DA ESCOLA MÚSICA DE ESPOSENDE





CARLOS PINTO DA COSTA, VIOLINISTA, HÁ 14 ANOS A DIRIGIR A ESCOLA DE MÚSICA DE ESPOSENDE

ESCOLA DE MÚSICA DE ESPOSENDE ESTÁ SEDIADA NA CASA DA JUVENTUDE, MOVIMENTA CERCA DE 2 MIL ALUNOS E CONTA COM PERTO DE 30 PROFESSORES

O professor Carlos Pinto da Costa tem 36 anos é natural do Porto, tendo residido em V. N. de Famalicão. Estudou no Porto e há cerca de seis anos radicou-se em Esposende, onde vive. Fez os seus estudos básicos em Famalicão, o segundo ciclo no Colégio das Caldinhas – Instituto Nun’Alvares, em Santo Tirso, o terceiro ciclo e o secundário na Artave - Escola Profissional Artística do Vale do Ave. O ensino superior no Porto onde se licenciou em Música [violino] na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo do Porto, contando ainda com duas pós-graduações, uma em gestão cultural e outra em gestão de espetáculos.
O dom para a música apareceu bem cedo. A ajudar teve os pais que apercebendo-se deste dom inato, o encaminharam para a aprendizagem artística. Parece estarmos perante o primeiro músico na família.

CURRICULO DE EXCELÊNCIA
À docência da música o prof. Carlos Pinto da Costa junta a direção pedagógica da Escola de Música de Esposende, uma brilhante carreira como instrumentista e como gestor cultural. Premiado pela Fundação Engº António de Almeida (mérito académico) e pelo Prémio Jovens Músicos (3º prémio classe de música de câmara), Carlos Pinto da Costa foi também bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão e do Programa ERASMUS ao abrigo do qual estudou em Utrecht na Holanda.
Foi Concertino e chefe de naipe da ORQUESTRA SINFONIETA e da ORQUESTRA DE MÚSICA ANTIGA DA ESMAE, membro do REMIX ORQUESTRA DA CASA DA MÚSICA até Julho de 2004, chefe de naipe da Orquestra MUSICARE e da ORQUESTRA ACADÉMICA DO PORTO, instrumentista fundador da ORQUESTRA ATALAYA – Raízes Ibéricas. Colaborou, durante vários anos, como instrumentista convidado, com a ORQUESTRA NACIONAL DO PORTO. Foi violino solo na ORQUESTRA Filipe Lá Féria [nos tempos da concessão do Rivoli a este encenador]. Participou como violinista nas gravações de discos como Sing me something new, do cantor David Fonseca; Rosa Carne, dos Clã; Humanos; Norte, do cantor Jorge Palma, entre vários outros. Atualmente integra o MusiCórdia Ensemble. Enquanto gestor cultural, fundou o Festival Foz do Cávado em Esposende, atualmente “adormecido”, é cofundador do HARMOS Festival (festival que acontece na Casa da Música do Porto e em várias cidades do norte do país), codiretor artístico da MusiCórdia – Temporada de Música. Integrou, também, a equipa de gestão, produção e desenvolvimento do projeto GALAICOFOLIA – 2000 anos de festa, na sua primeira edição.

GOSTOS PESSOAIS
“Gosto de toda a música que seja de qualidade, em especial a chamada música erudita, naturalmente. A música do período Barroco é aquela que mais prazer me dá tocar e ouvir. Obra de eleição são as Partitas e Sonatas para violino solo de Bach. Também aprecio muito os músicos portugueses, como a prestigiada pianista Maria João Pires, o percussionista e maestro Pedro Carneiro, o trompista Abel Pereira e muitos outros jovens que dão cartas pelo mundo inteiro.”

“ADORO TOCAR E OUVIR MÚSICA”
“Gosto muito de ir ao cinema e de estar com amigos, seja em jantares seja para um café. Estar com os amigos numa boa jantarada e tertúlia é, sem dúvida, o que mais gosto de fazer nos meus tempos livres”.

DESPORTO
Atletismo e natação. “Sou praticante ao nível amador.”

CLUBE
Futebol Clube do Porto. Até o nome ajuda. “Muitas vezes associam-me ao atual presidente do clube, mas a única coisa que nos liga é mesmo o “Portismo”.”

“SE NÃO FOSSE MÚSICO ERA DESPORTISTA”.
Esta é uma certeza do meu entrevistado e pelo que se vê estou certo que também aqui podia ter tido uma excelente carreira. Sou de opinião que está muito bem aqui, no ensino da música e enquanto instrumentista de excelência.

“TOCAR É O QUE ME DÁ MAIS GOZO E PRAZER.”
“A minha vida passa pela música. Toco os mais variados tipos de música e isso dá-me enorme prazer. Outra coisa que gosto de fazer é ensinar, embora o tempo necessário para a gestão pedagógica de uma escola com a dimensão da nossa não me permitir fazê-lo tanto como gostaria. Da nossa Escola de Música têm saído jovens talentosos, que hoje se encontram à frente de grandes grupos e a cantar, seja a solo, seja integrados em grupos de dimensão nacional e até internacional.”

ESPOSENDE TEM MUITOS JOVENS MÚSICOS DE SUCESSO
“Aqui ficam alguns nomes de músicos de Esposende que trabalham profissionalmente nesta área, que destaco pelo trabalho excecional que têm desenvolvido, quer a nível pessoal, quer levando o nome de Esposende pelos 4 cantos do mundo. São pessoas que admiro e que merecem ser conhecidas por todos. Quase todos passaram pela Escola de Música de Esposende, enquanto alunos o que me deixa particularmente orgulhoso:”

Ana do Vale, violinista;
Ana Madalena Ribeiro, violinista;
Bárbara Barros, violinista;
Davide Filipe, violinista;
Diogo Costa, maestro;
Diogo Zão, pianista, organista e cravista;
Francisca Fins, violinista;
Helena Venda Lima, diretora coral;
Margarida Hipólito, cantora;
Nuno Soares, violinista;
Rita Venda, cantora;
Teresa Nunes, cantora.

DIRETOR PEDAGÓGICO DA ESCOLA DE MÚSICA DE ESPOSENDE
Inicialmente, no ano de 1999, foi convidado para lecionar violino, o que veio a fazer durante os dois primeiros anos. Entretanto passados dois anos, são-lhe reconhecidas excecionais competências e capacidades, sendo convidado para dirigir a Escola de Música de Esposende. “Uma honra e um enorme prazer, a que respondi afirmativamente também pelo enorme desafio”.

ESCOLA ESTÁ SEMPRE COM A LOTAÇÃO COMPLETA
“No início de cada ano escolar são muitos os que escolhem esta escola e aqui se matriculam. Acontece que infelizmente não temos condições para acolher todos aqueles que nos escolhem. O meu gosto era poder fazê-lo pois entendo que devia ser dada a oportunidade a todos de uma aprendizagem artística de qualidade mas para isso precisamos de ampliar instalações e aumentar os nossos recursos. Por outro lado o sistema de financiamento atual não permite aumento do número de alunos o que nos obriga a só admitir o número de alunos equivalente aquele que termina os cursos”

ZENDENSINO
A Zendensino é a entidade detentora da Escola de Música de Esposende. Entidade presidida pelo meu caro amigo Dr. António Conde, desenvolve uma extensa atividade na área do ensino profissional, em áreas tão distintas como a restauração, a informática e várias outras vertentes.

O QUE É A ESCOLA DE MÚSICA DE ESPOSENDE?
A EME é uma escola de música do Ensino Artístico Especializado.
A Escola de Música de Esposende é uma instituição vocacionada para o ensino da música. Tem por missão assegurar um ensino de qualidade, dotando os alunos de formação compatível com o grau de ensino frequentado; ser um espaço de conhecimento, cultura e criatividade; contribuir para a divulgação e promoção cultural; e potenciar o acesso ao ensino artístico aos cidadãos de Esposende, consciente do papel das artes na formação do indivíduo.
A Escola de Música de Esposende (EME) foi criada pela Câmara Municipal de Esposende em 1987 e tem desenvolvido a sua ação na dinamização do concelho no que diz respeito à educação artística e cultural.
Desde 2001, é gerida administrativamente pela Zendensino – Cooperativa de Ensino IPRL. Desde Setembro desse ano, é Diretor Pedagógico da Instituição o Prof. Carlos Pinto da Costa.

SEDE DA ESCOLA DE MÚSICA É NA CASA DA JUVENTUDE DE ESPOSENDE
Atualmente, a EME é uma escola do ensino artístico especializado da música, oficializada e com Autonomia Pedagógica. Encontra-se sedeada na Casa da Juventude de Esposende, na Rua Dr. Henrique Barros Lima, em Esposende.
Na EME é oferecida a possibilidade de uma aprendizagem musical completa e de qualidade. Os instrumentos lecionados na escola são: Piano, Violino, Violoncelo, Viola d’arco, Guitarra, Flauta Transversal, Clarinete, Trompete, Trombone, Trompa e Bandolim. Estes instrumentos integram os cursos de Iniciação em Música com a possibilidade de 4 anos de estudo e o Curso Básico de Música que compreende 5 graus de estudo. Para além destes cursos a EME estabeleceu um Protocolo de Parceria com a Câmara Municipal de Esposende no âmbito da coordenação pedagógica na área de Expressão Musical das Atividades de Enriquecimento Curricular do Primeiro Ciclo do Ensino Básico e do Pré-Escolar público de Esposende.
A EME é constituída por 24 professores e cerca de 450 alunos. Nas Atividades de Enriquecimento Curricular do 1º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Pré-escolar público a EME conta com a participação de 8 professores e cerca de 2000 alunos.

A EME DESENVOLVE A SUA ATIVIDADE NOS NÚCLEOS DE FORJÃES E DE APÚLIA
Nas Vilas de Forjães e de Apúlia o ensino da música desenvolve-se nos estabelecimentos escolares locais, para onde se deslocam os professores da Escola de Música de Esposende.

MUSICÓRDIA – TEMPORADA DE MÚSICA
A Escola de Música de Esposende, no âmbito da sua atividade de promoção cultural, desenvolve, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Esposende, a MusiCórdia – Temporada de Música. A MusiCórdia assume-se como um espaço privilegiado para a promoção dos músicos locais, profissionais ou em processo de formação. No âmbito da sua ação esta Temporada de Música procura contribuir para o enriquecimento e diversidade da oferta cultural do concelho de Esposende e da sua área de influência; para a igual oportunidade dos indivíduos no acesso à cultura, motivando as populações para a fruição cultural.

CORO DE PEQUENOS CANTORES DE ESPOSENDE
O “Coro de  Pequenos Cantores de Esposende” nasceu no seio da nossa Escola de Música em parceria com a Câmara Municipal de Esposende e conta com um grupo de crianças e adolescentes de excelência, que tem vindo a realizar espetáculos a nível nacional, projetando o nosso concelho para além fronteiras.
O Coro de Pequenos Cantores de Esposende lança, em Fevereiro de 2014, o seu primeiro disco – “Mudam-se os Tempos”. Integra obras encomendadas aos compositores Fernando Lapa, Sérgio Azevedo e Osvaldo Fernandes. Este disco foi objeto de financiamento por parte da Secretaria de Estado da Cultura – Direção Geral das Artes no âmbito das Candidaturas aos Apoios Pontuais promovidos por esta entidade. Em Dezembro de 2014 o Coro lançou o segundo disco dedicado à temática do Natal. “É tempo de Natal” é um disco composto por obras de Paulo Bastos, Osvaldo Fernandes, Croner de Vasconcelos, Frederico de Freitas e Fernando Lopes-Graça.
Como Diretora Coral, a Direção Artística nomeou Helena Venda Lima.

CORO ARS VOCALIS
É um coro júnior que teve a sua origem em Forjães e que está a dar os primeiros passos. É mais um grupo de excelência concelhio que enriquece o nosso panorama musical.

BANDA JÚNIOR DE ESPOSENDE
“Banda Júnior de Esposende é o resultado de uma parceria entre a Escola de Música de Esposende e das Bandas de Antas e Belinho. Constituída por jovens músicos destas três instituições, realizou o seu concerto de apresentação no Auditório Paroquial de Palmeira de Faro, no passado mês de março, contando com muito publico que brindou os instrumentistas com grande aplauso.
Este projeto local envolve cerca de 60 participantes. O entusiasmo tem sido muito e regista-se uma grande cumplicidade entre os participantes; instrumentistas e professores.
Com a formação dos nossos jovens e com parcerias locais eficazes criam-se as bases para uma comunidade melhor. São estes projetos que deixam marca para o futuro, não só destes 60 participantes, mas também para toda a comunidade que, enquanto público, se envolve e usufrui do valor artístico destas manifestações.”

PARCERIA EME COM O GATERC
A Escola de Música de Esposende, em parceria com o GATERC, apresentou um espetáculo dedicado a grandes compositores da História da Música: Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Bizet, Brahms, Strauss, Tchaikovsky e Ravel. Foram protagonistas os alunos que integram os Coros EME, os professores Helena Venda Lima, Sara Amorim, Gonçalo Jaques, Mariana Silva, Lígia Silva, Ana Sousa, João Pinto da Costa, Hugo Sousa, os atores João Faria, João Paulo Silva, Paulo Fernandes, Fernando Vale, André Alves, Tiago Cepa, Marcelo Silva, Joel Zão, Jorge Alonso e Jorge Barata. Um agradecimento muito especial ao professor Mário Azevedo pelos textos, ao Jorge Alonso e à Eva Fernandes pela adaptação e encenação e ao compositor Osvaldo Fernandes pelos arranjos musicais.

“AS ESCOLAS DO ENSINO ARTISTICO PASSAM POR GRANDES DIFICULDADES, DEVIDO A UM SISTEMA DE FINANCIAMENTO INADEQUADO À REALIDADE DESTE ENSINO”
Questionado sobre se com a EME também se passa aquilo que temos visto na televisão, ou seja, financiamentos em atraso, o meu interlocutor foi perentório; “É verdade, connosco passa-se precisamente a mesma coisa. Este sistema de financiamento, na minha opinião, não está adequado ao sistema de ensino a que se destina por um lado e, por outro, a burocracia necessária provoca grandes atrasos nos processos de candidaturas e nos reembolsos das verbas. Esta é uma situação que revolta as escolas do Ensino Artístico Especializado e que, em demasiados casos, tem provocado grandes atrasos nos pagamentos dos salários aos professores e também de outras obrigações. Também a diferença de tratamento quanto ao sistema de financiamento entre escolas iguais deixa-nos indignados. Como se compreende que escolas não enquadradas no Fundo Social Europeu (Lisboa e Algarve) possam ser financiadas diretamente pelo Estado em mais cerca de 30% que aquelas financiadas ao abrigo do FSE? Este tratamento é absolutamente desigual num país que se pretende justo e democrático.”

NECESSIDADES MAIS PREMENTES
A Escola de Música precisava de ter uma sala de ensaios para poder desenvolver melhor a sua atividade.
“Era importante termos mais espaços, mais salas e um auditório próprio, quer para ensaios quer para atuações. Vivemos em “casa emprestada” e apesar da total disponibilidade da Câmara Municipal e da Casa da Juventude esta situação não deixa de causar muitos transtornos”

OBRIGADO, CARO AMIGO PROFESSOR CARLOS PINTO DA COSTA
Obrigado pela disponibilidade e pela simpatia com que me recebeu no seu gabinete na escola de Música de Esposende.
Nunca me esquecerei dos espetáculos, belíssimas “AUDIÇÕES DE FINAL DE ANO”, com que, a meu pedido, brindou a Freguesia de Curvos, nem da atuação que no passado dia 23 de abril realizaram na abertura da sessão de apresentação do meu livro de crónicas no Auditório do Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, em Esposende.

Continue a dar-nos música e a promover o ensino artístico no nosso concelho.
Desejo-lhe as maiores felicidades.



Mário Fernandes;
16-05-2015


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