NATAL É TEMPO
DE ESPERANÇA!
Uma vez que esta é a minha última
crónica antes do Natal quero aproveitar para deixar aqui um pouco daquilo que
penso sobre esta quadra natalícia e estes tempos que considero de… esperança;
Quero no entanto abordar de uma
forma sintética três assuntos que marcaram a presente semana. O primeiro na
ordem do dia, a nível mundial, o segundo a nível nacional e o terceiro a nível
local;
Os presidentes dos Estados Unidos
da América e de Cuba, Obama e Castro, não o Fidel, mas o seu irmão Raúl,
protagonizaram esta semana um pequeno grande milagre, apadrinhado pelo Papa
Francisco [só podia, digo eu], pondo fim a um divórcio de mais de 50 anos,
entre duas nações vizinhas. Espero que este restabelecimento de relações, com a
reabertura de representações diplomáticas proporcione o reatar de relações, o
início do fim do embargo económico e assim potencie as mudanças políticas no
regime Cubano, rumo à tão desejada democracia plena.
A nível nacional, um registo para
a anunciada greve dos trabalhadores da TAP, dos tais 12 sindicatos e, a
requisição civil decidida pelo governo no conselho de Ministros desta
quinta-feira. Esta requisição civil, decretada pela segunda vez [a primeira foi
durante a governação de António Guterres] na TAP parece-me exagerada, porque
estou convencido que não foram esgotadas todas as formas de diálogo e de
conversação. Bem sei que os sindicatos estarão a exercer uma forma de pressão
contra a privatização da companhia, quando quem o deveria fazer seriam os
portugueses, todos aqueles, onde me incluo, que são contra a privatização desta
empresa estratégica para o país. É pena que as posições se tenham extremado de
tal forma que neste momento mais parece um diálogo de surdos. Considero ainda que
a solução para este impasse deveria ter passado também por contactos com os
partidos da oposição, em especial o PS, que também aqui tem enormes
responsabilidades, pelo memorando assinado com os nossos credores “troikanos”.
Tratando-se de um dos temas de maior importância a nível nacional, com a
privatização desta companhia prometida para breve, gostava de ver os interesses
nacionais acautelados e isso parece-me já uma miragem. Vamos a ver o resultado.
A seguir vem a privatização da… água e com os portugueses adormecidos desta
forma o governo facilmente vai alienando até nada mais restar.
A nível local a inauguração das
novas instalações do Centro Social de Antas, uma mais-valia ao nível das
respostas sociais daquela Freguesia a colocar ao serviço da população um espaço
que confere outra dignidade e certamente uma melhor qualidade de serviço a
prestar aos seus utentes. Uma palavra ainda para felicitar o Coro dos Pequenos
Cantores de Esposende que este domingo, dia 21 de dezembro, pelas 21h30, na
Igreja Matriz de Esposende vão realizar um concerto intitulado «É tempo de
Natal», no qual vai ser apresentado o seu segundo CD. Parabéns aos jovens
cantores e a todo a organização. Já agora a minha sugestão para a aquisição
deste novo CD, pois para alem daquilo que representa ainda pode ser uma
excelente ideia para uma prenda de Natal.
DO NATAL DE OUTROS TEMPOS AO NATAL DE HOJE
Recordo, como todos recordarão
certamente, pelo menos as pessoas da minha faixa etária e as mais velhas, com
saudade os Natais de outros tempos; O Presépio, a lareira, os sapatinhos [junto
à lareira], os pinhões e o rapa, os jogos de cartas, o bacalhau cozido com
batatas e legumes [com as melhores couves do quintal, propositadamente
guardadas para este ceia] e no dia seguinte a roupa velha e tão boa que ela é. As
prendinhas, em regra, roupa, meias, chinelos e mais tarde calças, camisolas e
casacos, em muitos casos uns chocolatinhos da Avianense.
Nesses tempos o Natal era a
melhor as oportunidades para reunir as famílias em redor de uma mesa, onde não
faltavam para além do prato obrigatório do bacalhau e do peru, muitas
guloseimas e onde se convivia alegremente. Era dado mais valor às tradições e
aos produtos locais, confecionados em casa, com produtos da terra. Os nossos
pais parecia esperarem por esta data com mais tranquilidade, sem todo este
frenesim [da ida às compras e às recompras] que hoje se vive. As coisas eram
programadas com antecedência para que no dia nada faltasse nem nada falhasse.
Hoje, as compras fazem-se até à hora da ceia.
As crianças viviam o Natal com
muita magia e uma outra emoção e os adultos com mais religiosidade e devoção. A
comunicação do Cardeal-patriarca era esperada e solenemente ouvida. Hoje são os
Big isto e os canta aquilo. Havia a missa do galo [hoje também ainda há em
algumas paróquias, mas parece que muito pouco frequentada]. As prendas só se
abriam no dia 25 de manhã, muitos de nós mal dormíamos, à espera do dia
seguinte para abrir as prendas, que se encontravam no sapatinho que havíamos
deixado à volta do pinheiro, trazidas pelo menino Jesus. A momento de abrir as
prendas era dos mais fantásticos que uma criança [e até um adulto] podiam
esperar. Os tempos que antecediam o Natal eram de promessas à miudagem:
Porta-te bem senão no Natal não recebes prendas. E com esta promessa/ameaça lá
nos íamos portando bem… até àquele dia, porque depois o contador voltava ao
zero. Hoje há uma subalternização de Jesus e do seu nascimento e uma
valorização excessiva do pai Natal. Esta parece-me uma das maiores
transformações. Tem-se vindo a substituir o menino Jesus pelo Pai Natal. É o
pai Natal no presépio, nas janelas, a subir aos telhados, nas decorações, nas
ruas, nos comércios, em tudo quanto é local público e privado.
Hoje, afirma-se que o Natal é
mais comercial, numa sociedade mais consumista, mais fechada e mais egoísta.
Não concordo totalmente com esta afirmação, simplesmente porque os tempos são
outros. A sociedade atual dispõe de um outro tipo de ofertas sejam tecnológicas,
sociais ou culturais. Fazem-se presépios nas empresas e instituições, sejam
públicas ou privadas, nas nossas casas, nas ruas, nos jardins e claro está nas
igrejas;
Outra das novidades são os muitos
jantares de Natal. Nos clubes, nas empresas, nas instituições, em grupos
informais e de amigos, enfim, coisas boas se perderam, mas é inequívoco que
muitas outras se ganharam. O Natal é esta diversidade de acontecimentos,
eventos e atividades, às quais ninguém fica indiferente, encontre-se onde se
encontrar.
É certo que em Portugal e em
muitas outras partes do globo se vivem tempos de certa angustia, no nosso caso
essencialmente porque vimos de uma década de grande euforia, consumista e
materialista, onde quase todos, iam tendo um pouco mais do que o essencial e,
hoje deparámo-nos com algumas dificuldades, algumas restrições, com uma
sociedade mais vulnerável e mais desigual. Hoje vivesse um pouco um salve-se
quem puder, não querendo isto dizer que em períodos especiais, como é o Natal,
não haja solidariedade e espirito de entreajuda, bem pelo contrário, notando a
existência de enormes dificuldades por que passam atualmente muitas pessoas
nossas conhecidas, das nossas relações, as pessoas estão a responder com grande
espirito de solidariedade, como se vê pelo sucesso das inúmeras campanhas que
se vão desenvolvendo tanto a nível local como por todo o país.
Nesta quadra natalícia, vivida em
tempos difíceis e algo conturbados, nada melhor do que um regresso ao PRESÉPIO
e ao seu espirito de entreajuda e de solidariedade. Saibamos dar valor às
coisas simples da vida, porque são essas que nos dão as maiores alegrias e
felicidade. Eu acredito nos portugueses, em Portugal e num futuro promissor.
Desejo a todas e a todos um Santo Natal e um ano novo, de 2015,
repleto de saúde, porque havendo saúde tudo o demais vem por acréscimo. SEJAM
FELIZES!
Mário Fernandes
20-12-2014
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