GERAÇÃO "NETDEPENDENTE"
NÃO DÁ FÉRIAS AO «TÉLÉLÉ»!
Este mês de Agosto é tradicionalmente aproveitado por uma
grande parte da população para fazer férias, seja cá dentro seja lá fora.
Grande parte das empresas e das instituições ou param, aquelas que podem
fazem-no, ou reduzem a sua actividade, de forma a proporcionar férias aos seus
colaboradores e aos próprios patrões. Olha-se o mundo, observa-se o mercado,
afina-se a máquina, repensam-se estratégias, aprofundam-se ou redireccionam-se
as políticas, definem-se metas e objetivos. Isto no que toca à gestão.
Em muitos dos casos trata-se de uma paragem ao fim de onze
meses de dura labuta, ansiosamente à espera de um interregno para mudar de
ares, para aliviar e relaxar, para reflectir e para descansar. É certo que
muitas pessoas aproveitam este período de verão não para parar mas para
desenvolver outras actividades, graças à necessidade de realizar alguns
«patacos» extras, para fazer face aos muitos compromissos assumidos e assim
manter algumas tradições e para satisfazer os desejos e os pedidos dos seus filhos
e familiares.
As férias, enquanto direito inalienável de todos os
trabalhadores, uma das garantias da Constituição da Republica, são por
excelência momentos de alívio, ainda mais na atualidade, onde a concorrência e
a competitividade das empresas se mostra da maior importância para a
sobrevivência das organizações e para a manutenção dos postos de trabalho.
Ter férias, só por si já é positivo pois significa que
temos um posto de trabalho onde desenvolvemos a nossa atividade mais ao menos de
forma continuada. É ter um momento, ou vários, durante o ano em que podemos
quebrar rotinas e fazer coisas diferentes, estar mais em família, acompanhar os
filhos, visitar amigos, improvisar, descansar, passear, enfim, desanuviar do
stress do dia-a-dia, das ordens rígidas de chefes e patrões, da insensibilidade
do relógio e das metas e objetivos que permanentemente nos perseguem e nos
atazanam o corpo e a mente.
Dependendo do período do ano e da duração das férias podemos
sempre optar por diferentes modalidades, sendo que na atualidade e devido à
crise que se vai vivendo, com o desemprego e as dificuldades de muitos, o lema
«Vá de férias cá dentro» vai ganhando adeptos, não tanto por opção mas e muito
enquanto recurso.
Preocupam-me as prioridades dos jovens de hoje, sejam
estudantes ou trabalhadores, a quem as oportunidades profissionais escasseiam.
Apesar disso e graças às facilidades concedidas pela sociedade e pelos pais, grande
parte deles ainda está convencida que o futuro são só facilidades, que acham
que só têm direitos e que as obrigações não são para eles.
Isto muito a propósito daquilo que tenho observado nestas
férias, quanto a comportamentos e atitudes da nossa juventude. É praticamente
impossível encontrarmos um jovem sem que esteja “amarrado” ao telemóvel. E isto
independentemente de se encontrar na praia, no café, ou no restaurante, junto
à namorada, a familiares ou a amigos. É o vicio do «télélé»! Se noutros tempos
jovens havia que para se afirmar bem cedo começavam a fumar, hoje, jovem que é
jovem tem que ter telemóvel e de preferência topo de gama. Sem Internet e
câmara fotográfica então já nem falar. Jovem que é jovem tem que estar ligado
ao mundo dos seus amigos, dar a conhecer na hora aquilo que faz ou vai fazer,
saber onde estão os nossos e o que estão a fazer. Jovem que é jovem faz «likes»
comenta manda "bitaites", exagera ou deforma naquilo que lhe interessa e que
possa passar uma boa imagem.
Ainda ontem assisti a um jantar entre dois jovens, uma
rapariga e um rapaz, penso que namorados, que passaram todo o jantar amarados
aos télélés, que se iam rindo e teclando sem tempo para se falarem. Parece que
a presença deixou de ser importante, porque importante mesmo é ver ao longe,
mostrar-se e se possível impressionar. Como quem diz; Eu estou aqui e tu?
O telemóvel veio proporcionar uma das maiores revoluções
tecnológicas e culturais de sempre. É que se no inicio servia para comunicar, o
que já não era nada pouco, para as pessoas falarem umas com as outras,
independentemente da distância e local onde se encontravam [desde que tivessem
«rede» é claro], a permanente evolução tem vindo a permitir um sem número de
novas funções que fazem com que os telemóveis possuam um conjunto de novas funcionalidades
que vai desde as chamadas, às mensagens, e-mail’s e claro está o acesso massivo
à Internet e assim a todas as redes sociais e app’s,
É frequente vermos hoje pessoas que estando lado a lado,
fisicamente, mais não fazem do que estar on-line, a comunicar com quem está
longe. Quem está ao pé de nós, fica muitas vezes para segundo e terceiro plano.
Podemos esquecer a carteira, seja o que for, o telemóvel a que não. Se saímos
de casa à pressa e nos apercebemos que não temos o telemóvel no bolso, somos
bem capazes de voltar para trás buscá-lo, independentemente dos quilómetros a
fazer e do tempo a perder. Se deixarmos a carteira é somenos importante, porque
achamos que até podemos nem vir a precisar, agora o telemóvel, isso a que não.
Sentimo-nos irremediavelmente isolados, fora de tudo e longe do mundo.
Estamos totalmente dependentes deste aparelhinho mágico e
parece que já não sabemos viver sem ele. Também não estou para aqui a afirmar
que são só coisas más. Nada disso, com o telemóvel podemos fazer tudo, desde
comunicar, gerir atividades, aceder ao mundo em tempo real, receber e dar boas
e más noticias, enfim, com ele sentimo-nos ligados a tudo e a todos. O problema
surge quando lhe damos uma utilização irracional, descuidada ou excessiva.
A respeito do facebook vou aproveitar para deixar aqui uma
pequena anedota que uns amigos contaram estas férias num momento de
descontração e alegre convívio: Diz uma rapariga para o seu namorado: Amas-me
muito? Claro, amor! Então prova-o! Faço tudo que quiseres!!! Então luta com um
leão. Oh, mas lutar com um leão, sabes que ele me pode matar! Está bem, então dá-me
a senha do teu facebook! Oh pá, onde está o raio do leão!
A brincar a brincar percebemos a importância da Internet
na vida e no relacionamento entre as pessoas.
Já agora aproveito para informar que tal como sempre tenho
feito, durante as férias dei férias ao facebook, ao meu blogue e a todas as
redes sociais. Setembro está logo ai, por isso preparem-se para me ter de volta
à rede.
Mário Fernandes
23-08-2014
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