A SAÚDE [A NORTE] ESTÁ… DOENTE
O DESINVESTIMENTO NESTA ÁREA
TEM SIDO TÃO GRANDE QUE COMEÇA A PÔR EM CAUSA A QUALIDADE
DE ATENDIMENTO DOS DOENTES!
A imprensa escrita de hoje,
dá-nos a conhecer em pormenor as razões apresentadas pelos responsáveis do
Hospital de S. João para a sua demissão em bloco. Desde a
administração às direções e às chefias, num total superior a sessenta
dirigentes, apresentaram a demissão, por, segundo os próprios discordarem
frontalmente das políticas da saúde, do desinvestimento e da descriminação a
que esta unidade de saúde do norte tem sido tratada. De entre as muitas queixas
conhecidas, salientem-se a incompreensível perda de valências, classificadas
como excelentes, a proibição de contratar pessoal para áreas onde o mesmo se
mostra essencial, a não renovação de materiais e equipamentos e ainda a
descriminação nos pagamentos comparativamente com hospitais equivalentes de
Lisboa.
Esta notícia é muito
preocupante para todos os portugueses, mas em especial para todo o norte do
país, pois como sabemos trata-se de um dos principais Hospitais do norte que
serve a população desta vasta área, de Bragança a Valença e até ao centro do
país.
Que fique claro que sou de
opinião que os custos com a saúde, como aliás todos os outros nas mais diversas
áreas, devem ser controlados que as despesas tem que ser devidamente priorizadas,
que as unidades de saúde devem ser eficientes e que a tutela deve exigir rigor
na gestão e na direção das unidades do Serviço Nacional de Saúde.
Há um trabalho de reconhecido
mérito nesta área que tem sido desenvolvido pelo governo, como é caso disso a própria
política dos medicamentos genéricos, com significativos ganhos para os doentes
e poupança para o Estado. Os profissionais de saúde são pessoas que tem
demonstrado uma enorme coragem e uma grande resistência às adversidades e que o
seu trabalho tem sido heróico na defesa dos doentes e dos utentes.
Tenho que deixar aqui uma
mensagem de louvor a todos, ou pelo menos à sua grande maioria, dos
profissionais de saúde, desde o pessoal médico, de enfermagem, dirigentes, auxiliares
e demais colaboradores, pela forma tão profissional, empenhada e humana como
nos atendem diariamente e como tratam as milhares de pessoas que ai se deslocam
ou que ai se encontram em tratamento e convalescença.
O doente é logo à partida,
pela sua frágil condição uma pessoa que necessita de especial atenção e
cuidados e que espera ser atendido e tratado com humanismo por alguém que lhe
dê esperança e alegria de viver.
Acontece é que se não lhes
forem dadas as condições indispensáveis, como parece ser o caso em apreço,
estes profissionais, por muito que se esforcem sentem que podem ficar aquém
daquilo que desejam, para prestar um serviço de qualidade.
É importante que o governo
não olhe para o dinheiro aplicado no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde
como um custo, mas sim como um investimento; Investimento na prevenção, tão desejável
e importante, no tratamento e na cura dos doentes, potenciando poupanças noutras
áreas, como as baixas médicas, os fármacos e a própria improdutividade e
ineficiência nas empresas, nas instituições e por consequência no país.
Um Serviço Nacional de
Saúde devidamente organizado e bem equipado, que conta com excelentes
especialistas e profissionais, com provas dadas à escala nacional e mundial,
contribui e muito para o sucesso do país: Pessoas saudáveis são pessoas felizes,
que contribuem para um país em constante desenvolvimento e que proporciona aos
seus cidadãos qualidade de vida.
Ainda ontem,
sexta-feira, dia 20, vivi uma experiência caricata, precisamente numa grande
unidade de saúde pública do norte, onde me dirigi a acompanhar uma pessoa para a
realização de um exame na especialidade de medicina nuclear. Chegamos a horas,
ou seja, meia hora antes da hora marcada para o exame, como acho que deve ser,
pois o utente é quem tem a obrigação de esperar pelo médico e nunca o contrário
e aconteceu o inesperado. À hora da consulta/exame, fomos informados pela
administrativa, que azar dos azares a máquina acabara de avariar.
Explicou-nos, muito
solícita, que iam tentar proceder à reparação da máquina. Mais fez questão de
explicar que a dita máquina ia ser reparada à distância, ou seja por via
informática, por um técnico que se encontrava em… Lisboa!
Bom, logo começamos a
desconfiar se não iria ser uma manhã perdida. Todos nos interrogamos se no
norte, por perto não existiria nenhum técnico qualificado para ali se deslocar
e proceder à reparação do referido «maquinão». Estou certo que no Porto não
faltam técnicos capazes, estou é convencido que estas situações se prendem com…
burocracias, definidas a partir de… gabinetes.
Não nos restou outra
alternativa que não fosse esperar, com toda a calma, que o tal técnico de
Lisboa tivesse sucesso na sua intervenção, para que os utentes que aguardavam a
realização dos exames os viessem a fazer, evitando nova deslocação e todos os
constrangimentos que dai advém, em especial a rapidez, porque como sabemos em
saúde um dos principais fatores que pode jogar a favor do paciente e do sucesso
do profissional é precisamente a rapidez, seja na identificação, despiste, deteção
ou tratamento de uma doença.
Entretanto fomos assistindo
a uma série de telefonemas realizados pela administrativa da secção a ligar
para os utentes que tinham exames marcados para horas subsequentes para a mesma
máquina, agora «doente», para que não viessem uma vez que a máquina estava
avariada e o exame não era possível. Muito bem, evitando deslocações, gastos
desnecessários e perdas de tempo.
Com tudo isto, na sala
reinava a calma mas também o desejo e a esperança de que a qualquer momento
chegasse a notícia do “ok” da máquina.
Passadas mais de 2 horas,
sem que ninguém tivesse sido chamado, lá veio a simpática senhora pedir
desculpas e informar que a «maleita» afinal carecia de tratamento mais
prolongado e que por isso deveríamos ir embora e aguardar por nova marcação.
Tudo bem, não fosse a senhora, já na despedida ter soltada a seguinte frase “da
última vez que avariou, estivemos sem máquina mais de um mês”. Isto sim deixou-nos
a todos muito apreensivos. Acredito e espero que em breve todos sejam chamados
e a máquina lá fará o seu trabalho, para descanso dos que dela precisam.
Embora tivesse pensado
versar sobre um outro tema da atualidade, o facto de ver as notícias das
demissões no S. João e encontrando-me eu num outro Hospital da invicta também
com nome de Santo, levou-me a mudar o teor desta crónica e a deixar aqui as
minhas preocupações e o meu próprio testemunho de hoje, na expectativa de que a
saúde dos portugueses seja olhada como uma prioridade nacional, que o norte não
seja descriminado e que o SNS seja uma mais valia para um país que se quer
moderno e com índices que se equiparem aos dos países mais desenvolvidos.
Um palavra de especial
apreço para todos os profissionais de saúde, porque sente-se clara e
inequivocamente que apesar das adversidades e constrangimentos vários, como os
apontados pelos responsáveis do S. João e pelo que eu próprio testemunhei, dão
o seu melhor em prol dos seus utentes, doentes e pacientes!
E porque acabei por dedicar
esta minha crónica à SAÚDE, amanhã ninguém «pode» faltar à Caminhada Solidária
a favor do Núcleo Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Os doentes merecem!
Mário Fernandes
21-06-2014
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