LUÍS NEVES ALVES É EMPRESÁRIO AGRÍCOLA E
PRESIDENTE DA COOPERATIVA AGRÍCOLA DE ESPOSENDE COM MANDATO RENOVADO ATÉ 2019
“O orçamento da
Cooperativa para o ano de 2016 ultrapassa os 12 Milhões de euros… “As vantagens
em ser associado estão no acesso a todos os serviços e fatores de produção,
assim como na venda dos seus produtos… a agricultura é talvez a atividade que
mais verbas faz entrar no concelho e aquela que mais pessoas direta e
indiretamente ocupa, pois o número de produtores estimam-se em 700, no Concelho
de Esposende, destes, 500 vivem exclusivamente da horticultura.”
Luís Neves Alves nasceu do dia 7 de
fevereiro do ano de 1963, na freguesia de Gandra. É casado com Maria Zulmira
Afonso Santa Marinha Alves e tem dois filhos. O Luís Carlos e a Ana Rita. O
presidente da Cooperativa Agrícola de Esposende é há muito um dos principais
empresários agrícolas do nosso concelho. A produção agrícola é hoje uma
atividade rentável e no nosso concelho, a produção agrícola é uma das mais significativas
atividades económicas.
CARO PRESIDENTE VAMOS FALAR DA COOPERATIVA
AGRÍCOLA DE ESPOSENDE
QUANDO
FOI FUNDADA A COOPERATIVA AGRÍCOLA DE ESPOSENDE?
“A cooperativa Agrícola de Esposende foi fundada no dia 19 de dezembro do
ano de 1952.”
QUEM FORAM OS FUNDADORES?
“Fizeram parte do grupo de fundadores, os senhores António José da Costa
Leme; Cândido Pereira Dias Vinha e Carlos Alberto da Silva Vasquinho Roriz
Pereira.”
SEI QUE PARA ALÉM DA SEDE TÊM DELEGAÇÕES. ONDE SE SITUAM AS
VOSSAS INSTALAÇÕES?
“Instalações da Cooperativa Agrícola de Esposende são propriedade própria
em Esposende, em Belinho e em Apúlia:”
Sede: Av. Comendador Francisco
Alves Quintas, 1478 – Esposende.
Secção Hortícola: Rua da Cooperativa
– Belinho
Uma parcela de terreno de 7 000 m2
na Freguesia de Apúlia.
Em Gandra são arrendadas;
Loja na Avenida de S. Martinho Nº 1
Gandra.
COMO É COMPOSTO O RECÉM-ELEITO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO?
O Conselho de Administração é
composto por 5 Administradores;
Presidente – Luís Neves Alves
Vice-presidente: Júlio Balazeiro
Amorim Fernandes
Secretário: José Manuel Carreira
Gonçalves
Tesoureiro: José Alberto de Azevedo
Nogueira.
Vogal: Armindo Silvério da Silva
Portela
São eleitos em Assembleia geral da
Cooperativa
QUANTOS ANOS TEM CADA MANDATO E QUANDO TERMINA ESTE QUE INICIOU
HÁ DIAS?
“Os mandatos são de 4 anos. O atual termina em 2019.”
QUANTOS ASSOCIADOS TEM A COOPERATIVA?
“Temos 1.400 associados inscritos nas várias secções: Aprovisionamentos;
Leiteira; Hortícola; OPP/ADS; Gestão; Proteção Integrada; Florestal.”
QUAL É O VALOR DA QUOTA ANUAL?
“O valor da quota de inscrição é de 100,00€ por secção.”
QUANTOS COLABORADORES TEM? COMO TEM EVOLUÍDO NOS ÚLTIMOS ANOS?
“Atualmente temos 36 Colaboradores. Tem diminuído nos últimos anos.”
E VIATURAS?
Temos 13 viaturas ao serviço.
Com equipamento de frio 3 pesados e
um ligeiro
Para distribuição/entregas de
mercadorias 1 Camião pesado com grua 1 ligeiro e 3 carrinhas de caixa fechada.
Para os serviços de apoio 4 carros
ligeiros de mercadorias.
QUAL É O VOSSO ORÇAMENTO ANUAL?
“O orçamento para o ano de 2016 ultrapassa os 12 Milhões de euros.”
QUE PRODUTOS COMERCIALIZAM?
“A Cooperativa comercializa o leite dos produtores de Esposende através
da Agros e os produtos hortícolas. Comercializa todo o tipo de fatores de
produção necessários aos seus associados, assim como ao público em geral, nomeadamente,
rações, adubos, fitofármacos, combustíveis - gasóleos Agrícola e Rodoviário),
sementes, equipamentos, etc.”
QUAL É O VOSSO PRINCIPAL MERCADO?
“Colocamos produtos em grandes superfícies, Cashs, restaurantes, Escolas,
supermercados, na zona norte, mas também exportamos hortícolas para a Galiza
(Espanha).”
QUAL É HOJE A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA NA
ECONOMIA DO NOSSO CONCELHO? É QUE EU ACHO QUE A MAIOR PARTE DAS PESSOAS NÃO TEM
VERDADEIRA NOÇÃO DOS NÚMEROS E DAS FAMÍLIAS QUE VIVEM DA AGRICULTURA.
“O Concelho de Esposende produz mais de 20 milhões de litros de leite,
que representa uma entrada de dinheiro para o Concelho entre os 6,5 e os 7
milhões de euros por ano.”
FALA-ME EM NÚMEROS AO NÍVEL DA
COMERCIALIZAÇÃO DE ANIMAIS
“Em termos de animais, tendo em conta que o efetivo do concelho
ultrapassa os 6 000 Bovinos, e entre a venda de vitelos e a de animais adultos
estimamos que haja um movimento anual de animais superior a 4000
comercializados por ano. Ao nível de ovinos e caprinos são por volta de 500 (registados).”
QUE MARCAS COMERCIALIZAM?
“A comercialização de
produtos hortícolas em termos de toneladas ultrapassa as 4 000 anuais, que gera
uma receita de aproximadamente 1.500.000,00€, que poderá representar, somente
10 % do total da produção do Concelho. Como se pode verificar a agricultura é
talvez a atividade que mais verbas faz entrar no concelho e aquela que mais
pessoas direta e indiretamente ocupa, pois o número de produtores estimam-se em
700, no Concelho de Esposende, destes, 500 vivem exclusivamente da horticultura.”
COMO É QUE ESTAMOS A NÍVEL DA EXPORTAÇÃO?
“A Produção de leite
está a atravessar uma fase muito má, com a decida do consumo e a descida do
preço do leite, provocaram um corte também nas quotas de produção, que no
concelho de Esposende foi da ordem dos 600.000 litros. É urgente fazer qualquer
coisa pelo setor e pelo próprio produto, pois produzimos, talvez, o leite com
melhor qualidade que anda no mercado e o consumidor acaba por optar por um
produto sensivelmente mais barato, mais de qualidade inferior e por vezes de origem
de difícil identificação.”
A APOSTA NA QUALIDADE TEM RESULTADO?
“A aposta na qualidade
tem sempre resultados, por vezes não se manifestam no imediato, mas estamos
convencidos que o consumidor, que hoje é cada vez mais bem informado, acabará
por perceber que nem todo o produto é igual e acabará por optar por escolher a
qualidade garantida, que é o produto nacional. “
QUAL É A PERCENTAGEM DAS VENDAS REALIZADA
DIRETAMENTE AQUI NA VOSSA LOJA?
“As vendas nas nossas
lojas são hoje um local de comercialização importante para a venda dos produtos
dos nossos produtores. Felizmente são cada vez mais os consumidores a perceber
que temos produtos de qualidade a preços muito competitivos. Se juntarmos a
estes factos, a contribuição para o desenvolvimento da economia local e a
certeza da qualidade e sabor dos nossos produtos, qualquer consumidor que nos
visitar, certamente não se arrependerá de consumir produtos do nosso Concelho.”
É NECESSÁRIO SER SÓCIO PARA FAZER COMPRAS NA
COOPERATIVA?
“Qualquer pessoa pode comprar na Cooperativa, pois o objeto social da
Cooperativa é a comercialização dos produtos dos seus membros e fatores de
produção para a atividade agrícola.”
Serviços e Apoio Técnico:
Formação Profissional
Assistência Veterinária
Inseminação Artificial
Contraste Leiteiro
Sanidade Animal
Elaboração das candidaturas às
ajudas
Outros de apoio à atividade.
QUAIS SÃO AS VANTAGENS DE SER ASSOCIADO?
“As vantagens em ser associado estão no acesso a todos os serviços e
fatores de produção, assim como na venda dos seus produtos.”
E AS POLITICAS DE OUTROS TEMPOS, COM
SUBSIDIOS DA UNIÃO EUROPEIA PARA PLANTAR VINHA E LOGO A SEGUIR PARA ABATER
VIDEIRAS E DEPOIS NOVAMENTE PARA VOLTAR A PLANTAR. AINDA ACONTECEU SITUAÇÕES
DESTAS NOS DIAS DE HOJE?
“A política de distribuição das ajudas hoje é muito mais restritiva e o
controlo é muito mais rigoroso. No entanto no nosso Concelho, nunca houve
grandes esbanjamentos pois as ajudas na nossa zona, são importantes, mas não
determinantes para a continuidade da atividade. Há uma opinião formada de que os
agricultores vivem de subsídios, o que é de todo errado, os agricultores só
precisam que lhes paguem o preço justo por aquilo que produzem e o consumidor
final, também é beneficiado pelos subsídios, pois caso estes não existissem os
preços seriam diferentes, portanto, em última instância quem beneficia do
subsídio é o consumidor.”
CONSIDERA QUE O SETOR AGRÍCOLA É HOJE VISTO
COMO QUALQUER OUTRO SETOR E LHE É DADA A DEVIDA IMPORTÂNCIA?
“Quanto à importância dada ao setor, penso que atualmente os nossos
governantes já prestam mais atenção a esta atividade, talvez seja pelo facto de
todas as outras terem fracassado e a agricultura, contra tudo e contra todos
continua, talvez seja porque o agricultor é a quele que mais gosta daquilo que
faz, por isso o espírito de sacrifício é maior, por isso nunca desiste.”
EU COSTUMO DIZER QUE UM PAÍS SEM AGRICULTURA
NÃO TEM FUTURO. CONCORDA COMIGO?
“Efetivamente, um país sem agricultura não tem futuro, não fosse este o
setor primário e, o que é primário está na primeira linha das necessidades,
então se um país não consegue alimentar as suas necessidades não tem futuro. Se
repararmos, todas as grandes economias mundiais, têm agriculturas fortes, isto
quererá dizer algo, mas alguns dos nossos governantes ainda não perceberam, pois
para podermos subsistir precisamos de apoio, mas não é só de subsídios, mas de
políticas que nos apoiem e nos protejam.”
É DO CONHECIENTO PÚBLICO QUE A MAIOR PARTE
DOS PEQUENOS PRODUTORES DE LEITE DO NOSSO CONCELHO DESAPARECERAM, RESTANDO APENAS
ALGUNS DOS MAIORES. HOUVE UM REDIMENSIONAMENTO DO SETOR? COMO ESTÃO AS COISAS?
“Fruto de algumas políticas, quer ao nível fiscal, quer ao nível de
licenciamentos de atividade e outros condicionalismos vários levaram a que
muitos pequenos produtores de leite, carne e hortícolas desistissem, pois os
entraves eram tantos, que o mais fácil é desistir. Penso que esta pressão sobre
a pequena agricultura, nada de bom veio trazer à sociedade, pois acabou com
toda uma pequena economia social, que não era propriamente uma fonte de
rendimento, mas mais uma ocupação que distraía as pessoas. Se repararmos, as
pessoas são mais felizes quando fazem algo, quando contribuem, quando estão
ativas, mas como tudo foi feito para as desativar, hoje vemos pessoas isoladas
e tristes porque nem sequer têm motivos para sair de casa.”
O FIM DAS QUOTAS LEITEIRAS QUE EFEITOS
TEVE NO NOSSO CONCELHO?
“O final das quotas leiteiras, veio baralhar todo um sistema há já muito
tempo instituído e, sempre que há mudanças, é necessário um período de
adaptação, é esse o período que estamos a viver, adaptação ao novo processo de
produção. Também por parte de quem passou a gerir os direitos de produção, foram
cometidos alguns erros, pois não conseguiram prever com a eficácia necessária a
reação da produção ao novo sistema vigente, originando um excesso de produção muito
para além do previsto. Se juntarmos a isto o facto de qualquer país poder
produzir livremente e muitos deles em condições mais competitivas, pois têm os
custos de produção muito mais baixos que os nossos, agravou ainda mais o
problema, porque a distribuição compra onde for mais barato.
COMO É QUE ESTÃO AO NÍVEL DA CONCORRÊNCIA,
OU SEJA, PREÇO/QUALIDADE?
Neste momento assistimos a um problema muito grave no setor, pois
produzimos talvez o melhor leite e, concorremos com outro que não obedecerá às
mesmas regras, quer ao nível higio-sanitário, quer ao nível das regras de
proteção ambiental. Julgo que o setor do leite só conseguirá resistir se
conseguirmos a ajuda de quatro estruturas importantes: os nossos governos, as
associações do setor, a grande distribuição e o consumidor, pois só quando
percebermos que todos somos necessários uns aos outros e nos respeitarmos e
ajudarmos mutuamente é que o panorama pode mudar, mas isto aplica-se não só à
agricultura.”
COMO É A RELAÇÃO COM A AUTARQUIA E O
MUNICIPIO?
FOI NOTÍCIA ESTA SEMANA A CELEBRAÇÃO DE MAIS
UM PROTOCOLO COM A CÂMARA MUNICIPAL DE ESPOSENDE, DESTA VEZ PARA O COMBATE À
VESPA VELUTINA. COMO É QUE SE VAI DESENROLAR ESTE PROTOCOLO?
“Relativamente à relação com a autarquia,
temos sido sempre muito bem atendidos e temos alguns protocolos de colaboração,
nomeadamente, o centro de compostagem em Belinho e mais recentemente um
protocolo para operacionalizar o Plano
Municipal de Combate à Vespa Velutina, no Município de Esposende.
Neste momento esperamos da Câmara Municipal, a
continuidade do apoio que tem dado no processo de licenciamento das instalações
pecuárias, pois este acarreta um grande esforço aos produtores e, para que tudo
se resolva da melhor forma o apoio da Câmara é indispensável e essencial.”
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O ANO
DE 2016?
“Fazem parte dos objetivos da Cooperativa,
continuar a sua atividade, dinamizando a agricultura e lutando pela defesa dos
nossos produtos e dos nossos produtores. Estamos a conjugar esforços no sentido
de solidificar a relação da Cooperativa com os seus Associados, mas isto só se
consegue quando o respeito e a confiança entre ambas as partes, for a base da
estrutura, porque, se não nos respeitarmos nem confiarmos uns nos outros, a
estrutura não é sólida. Só unidos conseguiremos o respeito, a força e o reconhecimento
daqueles que nos ignoram.”
NOTA FINAL
Mais uma grande entrevista ao
responsável de uma das maiores instituições do nosso concelho. Conheço o Sr.
Luís Alves há muito tempo, tanto pelo facto de este ser um dos maiores
empresários agrícolas do nosso concelho, como e mais ainda, desde que chegou à
presidência da Cooperativa Agrícola de Esposende.
Gostei de ser recebido na sede da
Cooperativa, de ter esta conversa com o Sr. Luís Alves e de ficar a conhecer
muito melhor esta Associação de Agricultores, bem como toda a sua dinâmica e
envolvência.
A agricultura é uma das atividades
chave do nosso concelho e encontra-se hoje com uma atividade que envolve e dá
trabalho a muitas pessoas e que movimenta, como refere Luís Alves, largas
dezenas de milhões de euros.
É importante que os responsáveis
políticos percebam a importância desta “indústria” e lhe reconheçam um
significado especial na economia local.
Caro Sr. Luís uma vez que acaba de
ser reeleito para mais um mandato, desejo-lhe a si e a toda a sua equipa, bem
como a todos os colaboradores, os maiores sucessos e os melhores negócios para
todos os Vossos associados.
Um abraço,
Mário Fernandes
2016-04-16
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