À CONVERSA COM JOSÉ FELGUEIRAS, AUTARCA, INVESTIGADOR, ESCRITOR, CRONISTA E
CONTADOR DE HISTÓRIAS
A ENTREVISTA DA VIDA DO NOSSO “ZÉ FELGUEIRAS”
“…Gosto de ser um homem simples, sem ser um
simplório… nunca perdi o Norte”
José Eduardo de Sousa Felgueiras nasceu no dia 11 de janeiro do ano de 1946 na freguesia de Esposende, a mesma a que presidiu durante 16 anos e onde nasceu e viveu a maior parte da sua vida. É casado com Manuela Maria Pinto, aposentada do ensino básico e tem um filho, o João e um neto, João Dinis, com quem adora “brincar”.
Nascido na Rua
Conde Castro e criado no Largo Tomás de Miranda, mesmo em frente ao Colégio que
ali existiu, onde fez os estudos secundários.
Filho de um
carpinteiro, natural de Gandra e de uma dona de casa, natural de Esposende, tem
mais cinco irmãs. A Josefina, falecida há dois meses, a Goretti, professora, a
Ivone, doméstica, a Rosa Maria, arquiteta e a Maria Manuela, médica.
O pai emigrou
para Moçambique quando tinha apenas seis anos, seguindo-se três anos depois, a
mãe e duas irmãs, deixando-o, juntamente com a irmã Manuela, aos cuidados de
uns tios avós. A mãe voltou em 1958 e o pai dois anos depois.
José Felgueiras
fez a instrução primária em Esposende e o curso secundário no antigo Colégio Infante
Sagres, onde andou até ao quinto ano, seguindo depois para o Liceu da Póvoa de
Varzim, onde apenas esteve cerca de mês e meio. Nessa altura o esposendense,
Dr. Bernardino Amândio era o diretor do LNEC e do Jornal do Benfica,
arranjou-lhe uma oportunidade de trabalhar e estudar na capital, oportunidade
que abraçou com entusiasmo. Como o processo estava prestes a concretizar-se a
que se dá a sua saída do Liceu.
“Por razões que ainda hoje desconheço por completo, o Dr. Amândio
regressou ao Norte e tudo ficou sem efeito. Tinha 17 anos e fiquei sem poder
reingressar no ensino público, naquele ano. Para não perder tempo, foi o Padre
Domingos, reitor de Esposende quem me propôs a exame e me dava explicações de
Latim. Passei depois para o Dr. Albino Campos, que me deu explicações de Grego
e Português e depois, Latim, também. Tenho um amigo, o João Vilarinho, que foi
meu «compagnon de route» nesta aventura, que conhece muito bem toda esta
história. Depois de alguma trapalhada e muitas dificuldades à mistura fiz o
sexto e o sétimo ano num só ano. Dispensei a História e levava 14 a Filosofia.
Eram precisos 16 valores para dispensar a Admissão à Universidade. E aqui a que
foi a parte mais dolorosa, que me revoltou e me obrigou a sair da minha terra.
Fui à oral com 14 a Filisofia e vim de lá com 12… deram-me a nota de doze,
quando eu precisava de um dezasseis para dispensar o exame de admissão à
Universidade. Nesta altura, podia ter ingressado na Câmara Municipal de
Esposende, mas não quis. Preferi sair daqui.
Nesta altura, eu talvez ainda não soubesse muito bem o que queria
vir a ser, mas o que não queria sabia-o muito bem. Nem queria ser funcionário
público, nem professor. Ai se fosse hoje!
Chegado a Lisboa entrei no Grémio dos Exportadores de Madeiras. As
coisas correram muito bem, a adaptação foi boa e ao fim de um mês já tinha
isenção de horário. Um luxo para a altura. Matriculei-me no Instituto de
Estudos Sociais, e fiz o exame de admissão à Universidade e passei. Depois fui
fazendo umas cadeiritas… ao fim de cinco anos vim-me embora.
Regresso de novo a Lisboa e dessa vez fui trabalhar para uma
companhia japonesa, a “Mitsui”, cujo negócio era a importação e a exportação,
pela mão dos meus amigos António Miquelino e João Migueis. Estive lá mais 3
anos e acabei por sair e vir para o Porto…
Em 1973, naquele período pré-revolucionário consegui entrar no
BES, na secção de Título. Foi nessa altura que conheci o Dr. Sá Carneiro e a
elite portuense…. Os clientes eram todos da alta finança. Estive aqui quatro
anos, mas acabei por me fartar do Porto. Um certo dia, atravesso a rua e em
frente ao BES existia o Banco Fonsecas e Burnay. Apresentei-me ao Administrador
e disse o que queria. Admitiram-me logo e entrei na agência de Esposende. Lembro-me
muito bem, no dia dois de maio de mil novecentos e setenta e sete. Gostei de
ser empregado bancário e julgo que cumpri o que de mim esperavam. Não fui mais
longe, por opção própria, o que parece um contrassenso, mas nunca troquei “os
olhos pelo rabo”, porque a estabilidade espiritual, para mim, também é fundamental
e em mim, a ambição sempre foi controlada e pragmática…
No ano de 1979 caso-me, com Manuela Pinto, que era professora
primária, mas trabalhava na secretaria do Hospital Valentim Ribeiro. Também ai
foi preciso “dar a volta”… e enfrentar muitos escolhos e tempestades!
Readaptei-me aquilo que gosto. Gosto do rio e do mar! Estão no meu
“adn”. O meio onde nasci e vivi, teve e tem uma enorme influência no meu
substrato cultural.
Em 2002, a meu pedido, já com 32 anos de serviço na Banca e 10 de
outras atividades, aposentei-me.”
UM HOMEM COM UM CURRÍCULO EXCECIONAL E COM UM ESPECIAL GOSTO PELO RIO E PELO MAR
O meu bom
amigo, José Felgueiras tem um rico currículo, com formação e atividade em
inúmeras áreas do saber e das artes. Ex. bancário reformado, conhecido de todos
os esposendenses, pela sua simpatia no atendimento, pelo seu trato afável e
pelos conselhos sempre pronto a dar.
Esteve na
fundação de muitas das associações esposendenses que ainda hoje desenvolvem um
magnífico trabalho em diversas áreas. “O
Fórum Esposendense nasceu na minha casa, com o Armindo Duarte, que estava nos
CTT em Viana do Castelo. Enquanto estive no Banco, nunca quis ser presidente
das instituições.
Não gosto de passar despercebido, mas também nunca me pus em bicos
de pés. Como sou religioso sigo e pondero muito a máxima “Quem se exalta, será
humilhado”.”
ALGUNS DOS CARGOS DE GRANDE RELEVO E IMPORTÂNCIA QUE ENRIQUECEM O CURRICULO DE JOSÉ FELGUEIRAS
Último
presidente da Junta de Freguesia de Esposende, extinta em 2014.
Fundador do Fórum Esposendense
Fundador e redator do Jornal “Farol de
Esposende”
Fundador do Club Náutico “Foz do Cávado”;
Fundador do Cine-club de Esposende;
Fundador do G.A.T.E.R.C.;
Fundador da Associação Profissional dos
Pescadores do Concelho de Esposende.
Primeiro
presidente da AG da Santa Casa da Misericórdia de Esposende.
Membro do GANNO – Grupo de Arqueologia Naval
do Noroeste;
Colaborador na Universidade Autodidata de
Esposende;
Colaborador do Museu Municipal de Esposende;
Responsável pelo Centro de Documentação
histórica do Museu Marítimo de Esposende;
Dinamizador do projeto “ Catraia Santa Maria
dos Anjos”; 1993;
Dinamizador da Exposição “Esposende nas Rotas
do Muindo”-1992;
Miniaturista
naval.
COMO PASSA OS SEUS TEMPOS LIVRES?
“A dedicar-me a uma das minhas paixões que são as miniaturas de
barcos em madeira.”
QUANTAS MINIATURAS JÁ CONSTRUIU?
“Mais de trinta. Umas maiores outras mais pequenas. São réplicas,
à escala, feitas em madeira.”
QUAIS SÃO AS SUAS PRIORIDADES NA ATUALIDADE?
“A família em primeiro lugar, depois o trabalho e a seguir as
minhas coisas.”
E A POLITICA?
“Eu entro na política ativa um pouco por acaso, embora tivesse
desde sempre muito interesse pela causa pública e pela discussão politica.
Em Esposende, há o momento em que se assiste ao desentendimento entre
Alberto Figueiredo e Tito Evangelista. Estes acontecimentos despertaram-me a
consciência para os valores concretos da solidariedade, que acabei por ter para
com Tito Evangelista.”
NA PRESIDÊNCIA DA JUNTA DE FREGUESIA DE ESPOSENDE
Eleito em 1997,
reeleito em 2001, 2005 e 2009. Foi presidente até outubro de 2013.
“Concorri à Junta de Freguesia tendo como principal objetivo o de
melhorar a barra de Esposende e de potenciar o turismo na cidade. Desempenhei
as minhas funções sempre com grande responsabilidade, com empenho e lealdade
para com as minhas equipas e a Câmara Municipal. Apesar dos muitos
constrangimentos que sempre existem faço uma avaliação positiva dos meus
mandatos, porque estive sempre disponível para ouvir as pessoas e responder às
suas necessidades e anseios.”
QUAL FOI A PRINCIPAL MARCA DA SUA PRESIDÊNCIA?
“A escola. Esposende estava muito mal servido e a realidade
transformou-se por completo. Não tínhamos uma escola digna, mesmo já sendo um “Município
Educador”.
O QUE É QUE FICOU POR FAZER?
“A requalificação do bairro sudeste e a intervenção no rio e na
barra. Também gostava de ter conseguido da Câmara, o Monumento às “Regateiras”,
como homenagem às Mulheres que vendem o peixe.”
E O ATUAL MANDATO NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DA NOVA “UNIÃO”?
“Em 2013 disponibilizei-me para integrar a Lista do PS para a
Assembleia de Freguesia na nova União. Estive na Assembleia, mas despedi-me há
cerca de três meses. Foi uma despedida emocionada…. Mas tive de cumprir
palavra, e dar o meu lugar a outro.”
TEM-SE FALADO QUE O PARTIDO SOCIALISTA NO GOVERNO ESTARIA DISPOSTO A REVERTER ESTAS (DES)UNIÕES. O QUE ACHA DESTA PROMESSA?
“Gostava de a ver cumprida. Estas uniões nada trouxeram a não ser
desunião.”
SEI QUE LEU A ENTREVISTA QUE HÁ TEMPOS AQUI PUBLIQUEI COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PESCADORES. COMO VÊ A CLASSE PISCATÓRIA DE ESPOSENDE?
“Continuam desunidos, o que é muito mau para eles e para toda a
população.”
AS OBRAS DA BARRA VÃO RESULTAR?
“Estou convencido, pelo que tenho observado, que é uma intervenção
que pode vir a dar bons resultados, mas isso só vamos poder ver mais para a
frente.”
E A UNIÃO DE FREGUESIAS DE ESPOSENDE MARINHAS E GANDRA?
“Acho que tem cumprido.”
E A CIDADE DE ESPOSENDE QUE TANTO NOS DIZ?
“Continua com muitos dos problemas. Prédios por recuperar, alta
incidência de prédios desabitados na zona central e parqueamento automóvel por
resolver.”
MAS AFINAL O QUE É QUE ESPOSENDE TEM DE MELHOR?
“A zona ribeirinha, os estabelecimentos comerciais, os produtos
locais, como a pastelaria e muitos outros, incluindo o “peixinho fresco do
nosso mar…”
E O CONCELHO NO SEU TODO?
“Acho que globalmente tem acompanhado a modernização da cidade.”
E NOVO 1º MINISTRO, O SOCIALISTA ANTÓNIO COSTA? O QUE ACHA DA FORMA COMO CHEGOU AO PODER?
“Não gostei nada da maneira como chegou a secretário-geral do
Partido Socialista, mas reconheço-lhe, no entanto, capacidades políticas
capazes de alterar a atual situação, embora com evidentes sobressaltos.”
E O NOVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, QUE ATÉ FEZ CAMPANHA EM ESPOSENDE?
“Não será nenhum terramoto, mas acho-o muito volúvel. Respeito-o,
mas não acredito nele.”
PARA QUANDO ESTÁ PREVISTO O SEU REGRESSO À POLITICA ATIVA. CUMPRIDO QUE FICA O ANO DE PAUSA, IMPOSTO PELA LIMITAÇÃO DE MANDATOS, VAMOS TER DE NOVO JOSÉ FELGUEIRAS A LIDERAR UMA CANDIDATURA AUTÁRQUICA?
“Estou com setenta anos e tenho muito com que me entreter. Essa
situação está totalmente posta de parte.”
MAS A INTERVENÇÃO CIVICA ESSA ATÉ PODE SAIR REFORÇADA. O QUE É QUE PODEMOS ESPERAR DE ALGUÉM COM A SUA EXPERIÊNCIA?
“Civicamente podem continuar a contar comigo. Ainda há dias fui chamado
a dar opinião sobre as solenidades da Semana Santa e fi-lo com todo o gosto.”
MAIS DE 40 BARCOS DE MADEIRA, EM MINIATURA, SAÍDOS DAS MÃOS DO ARTISTA. Gostei de ver esta coleção particular de barcos, construídos por José Felgueiras. Quando foi construído o primeiro barco desta coleção?
“…Isso foi quase na
pré-história!”
INVESTIGADOR, HISTORIADOR, ESCRITOR E CRONISTA
O AUTOR E AS SUAS OBRAS
“A Catraia de Esposende”, em parceria com a
Drª. Ivone Magalhães - 1993. “A pilotagem e os pilotos mores da barra de
Esposende”; “A triste sina do Esposende 3º”; “As marcas dos pescadores de
Esposende”; “ A Alfândega Régia de Esposende”; “ Os protagonistas da luta
ideológica nos finais do séc. XIX e a comunidade marítima de Esposende”,
trabalhos publicados no Boletim Cultural de Esposende.
O CONFERENCISTA
Na Sociedade de Geografia de Lisboa,
sobre “O cambar das Velas nas caravelas dos Descobrimentos – uma tentativa de
explicação, publicada no Boletim da mesma Sociedade. Na Academia de Marinha,
como participante em co-autoria no I Simpósio internacional sobre “Arqueologia
dos navios medievais e modernos de tradição ibero-atlântica; Palestrante em
várias Escolas e Associações concelhias e no estrangeiro (Espanha) sobre temas
marítimos; Autor de varados textos no Jornal “Farol de Esposende”, de índole
etnográfica local. Autor e encenador de várias peças teatrais (Revista à
Portuguesa) sobre temas e costumes locais.
TRABALHOS EM PREPARAÇÃO
“Os Esposendenses e o Navio do Fio”; “A
pesca e os pescadores de Esposende”; “O neto do Capitão Mor” – Romance
histórico.
O PRÓXIMO LIVRO
“Mar do Senhor - Naufrágios e acidentes marítimos nos rios e, na
barra e na costa de Esposende”
AQUI FICA PARTE DO PRÓLGO EM ANTEVISÃO
“…Em Esposende ou em Fão, quase não há família autóctone que não
tenha tido o seu náufrago desaparecido no “nosso mar”, ou nas grandes rotas
oceânicas, integrados nas Armadas da Índia, nas frotas do Brasil ou nas das
chamadas Índias de Castela, um enorme palco molhado onde os nossos antepassados
exibiram, desde muito cedo, as suas capacidades e qualidades náuticas.
Porém, não foi somente ao longo dessas rotas que muitos ficaram
sepultados no fundo do oceano; o norte da Europa para onde transportávamos o
sal, foi também teatro de inúmeras tragédias em que pereceram valentes
marinheiros de Esposende e de Fão, engolidos pelas alterosas vagas provocadas
por descomunais tempestades.
Nas profundezas das frias águas dos Bancos a Terra Nova, na costa
ocidental de África, no Canal de Moçambique, em Macau, ou nos confins da Ásia,
temos espalhada uma boa parte da nossa memória coletiva; mas uma boa
percentagem morreu aqui, ao pé da porta! É por aqui que começa a nossa História
Trágico Marítima! E essa é uma parte substantiva da nossa relação com o Mar.”
MEU CARO AMIGO, UMA ÚLTIMA QUESTÃO PARA TERMINARMOS EM BELEZA ESTA NOSSA AGRADÁVEL CONVERSA. DEPOIS DE TANTAS VIVÊNCIAS, QUAL É O SEU SONHO?
“É muito simples. Que Deus me dê mais uns aninhos de vida, para
poder transmitir ao meu neto o muito que sei sobre a minha terra.”
MAS AFINAL O QUE DIZ “ZÉ FELGUEIRAS” DE SI PRÓPRIO?
«ALEGORIA A MIM?»
Afinal o que sou eu,
Simples mortal plebeu?
Eu sou a quilha, a estopa e o breu;
Sou a amarra, sou o arpéu;
Eu sou o pano de treu;
Desta nau que Deus me deu!
Eu sou a vela enfunada; que enche com a nortada…
Eu sou a verga cruzada;
Da vela grande, ferrada;
Que se rasgou na arribada!
Eu sou a cana, sou o leme;
Sou o grumete que geme;
E o marinheiro que não teme!
Eu sou o piloto, o navegador;
O mestre e o armador;
E deste madeiro, o construtor!
Sou o gorne, a estralheira,
Eu sou do Estaleiro, a carreira;
Da esbelta caravela salineira!
Eu sou o eco do grito profundo;
De uma dor maior que o mundo;
Da viúva e do órfão da Ribeira!
Eu sou o arrais madrugador;
Do barco à vela ou a motor.
Do rio e da barra, um sonhador;
Eu sou alguém que nada pretende;
Mais que ser irmão do pescador;
POIS EU SOU UM PEDAÇO DE ESPOSENDE.
JF, Agosto/2009”.
Simples mortal plebeu?
Eu sou a quilha, a estopa e o breu;
Sou a amarra, sou o arpéu;
Eu sou o pano de treu;
Desta nau que Deus me deu!
Eu sou a vela enfunada; que enche com a nortada…
Eu sou a verga cruzada;
Da vela grande, ferrada;
Que se rasgou na arribada!
Eu sou a cana, sou o leme;
Sou o grumete que geme;
E o marinheiro que não teme!
Eu sou o piloto, o navegador;
O mestre e o armador;
E deste madeiro, o construtor!
Sou o gorne, a estralheira,
Eu sou do Estaleiro, a carreira;
Da esbelta caravela salineira!
Eu sou o eco do grito profundo;
De uma dor maior que o mundo;
Da viúva e do órfão da Ribeira!
Eu sou o arrais madrugador;
Do barco à vela ou a motor.
Do rio e da barra, um sonhador;
Eu sou alguém que nada pretende;
Mais que ser irmão do pescador;
POIS EU SOU UM PEDAÇO DE ESPOSENDE.
JF, Agosto/2009”.
NOTA FINAL
Conheço o
meu caro e bom amigo José Felgueiras desde há muito tempo. Um bancário aplicado
e muito dinâmico que atendia os clientes com toda a destreza e com grande
simpatia sem igual.
A amizade
é no meu entender uma das suas mais nobres virtudes… O Sr. Felgueiras é amigo
do seu amigo, a quem sempre defende com unhas e dentes.
Um homem de causas que sempre pôs os
interesses da sua terra à frente de interesses partidários ou particulares.
Nesta matéria tem provas dadas. Lembro-me das suas votações em Assembleia
Municipal, onde fomos colegas, durante doze anos, nunca tendo tido qualquer
problema, justificando-o é claro, em votar documentos de especial interesse
para a sua terra e o seu desenvolvimento, como os Planos e Orçamentos da
Câmara, muitas vezes votando de forma diferente do seu Partido Socialista.
Deixam saudades as intervenções com
que brilhantemente brindou os deputados municipais. Intervenções pensadas,
sempre com uma certa dose de “fina ironia”, comum enorme sentido de
responsabilidade e com um profundo alcance. Eram recorrentes as vezes em que
deixava a assembleia com um sorriso.
Um companheiro com quem tive o prazer
e o privilégio de privar, tanto nas lides autárquicas e aqui lembro, para além
da participação na Assembleia Municipal, a sua posição frontal de oposição à
Lei Relvas que veio a extinguir as nossas Freguesias, de Esposende, que juntou
a Marinhas e a Gandra e Curvos, junta com Palmeira de Faro. O meu entrevistado
de hoje esteve comigo na sede da Junta de freguesia de Curvos, numa reunião
onde juntei autarcas de Esposende e de Barcelos e foi comigo a Barcelos a uma
grande manifestação no Largo da Porta Nova. Esteve contra, como eu, e hoje,
passados cerca de dois anos e meio essa oposição ainda ganhou mais argumentos,
porque efetivamente não houve ganhos, nem em poupança de recursos, nem em nada
e os prejuízos são mais que muitos basa ver a dinâmica de cada terra no antes e
no agora.
Não posso deixar de lembrar as
conversas que vamos tendo aqui e ali porque com o “Zé Felgueiras” estamos
sempre a aprender e as histórias que sempre tem para nos contar enriquecem-nos
e dão-nos a conhecer muito do passado e da vivência deste concelho, das gentes
de Esposende, da pesca, da construção naval e dos homens do mar.
Meu caro amigo, muito obrigado por
ser meu… amigo, pelas conversas que sempre vamos mantendo e em especial por
esta última que acaba de dar vida a esta entrevista. Continue a investigar, a
escrever e a editar, porque o seu contributo para a história é importantíssimo
e deixa-nos mais ricos, em conhecimento e em saber.
Um agradecimento para o posfácio que
fez para o meu primeiro livro de crónicas que editei no ano passado, pelas
simpáticas palavras ai escritas e pelo encorajamento que sempre tem a
amabilidade de me incutir, tanto para a minha atividade politica, associativa e
cívica. Sempre gostei muito das suas opiniões que muito considero.
Espero continuar a encontra-me
consigo, como até aqui e a ter estas conversas tão agradáveis e tão informais,
mas ao mesmo tempo animadas e enriquecedoras.
O “Zé Felgueiras”, que me permita que
o trate assim, é um conversador de excelência e um contador de histórias
inimitável, um homem que gosta de estar no meio do “povo”, que adora a sua e
nossa Esposende.
Um abraço bem forte amigo.
Mário Fernandes.
06-02-2016
MF
1 comentário:
Foi com enorme prazer que li esta conversa entre dois bons amigos que, por sorte minha, fazem parte do grupo de amigos meus, onde têm um lugar especial, baseado em afetos, identidades comportamentais, amor ao nosso cantinho, etc, etc. Obrigado Mário Fernandes por ter levado avante esta entrevista e obrigado Zé Felgueiras por me ter avivado todas as memórias que tenho de si, que muito o honram como ser humano de eleição ...saudades daquelas tardes em que eu percorria as minhas três capelinhas favoritas para pôr a escrita em dia - Casa Terra - Sede da Porfírio Fernandes - Junta da freguesia de Esposende ! Um grande abraço para vós do José Gonçalo Areia.
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