terça-feira, 15 de setembro de 2015

À CONVERSA COM BRUNO TERRA PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES DA RUA DIREITA EM ESPOSENDE



BRUNO TERRA PRESIDE À “ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES DA RUA DIREITA EM ESPOSENDE”
JOVEM ESPOSENDENSE PRESIDE À MAIS RECENTE ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ESPOSENDE E QUER REVITALIZAR O COMÉRCIO DA RUA DIREITA E DAR MAIS VIDA AO CENTRO HISTÓRICO DE ESPOSENDE
Vamos conhecer melhor o meu entrevistado de hoje. Um jovem da família “Terra”, uma família com tradições no comércio esposendense, e com forte presença na Rua Direita, onde tem vários comércios a par do seu pai e do seu avô.
Bruno Alves Terra, é natural de Esposende, onde nasceu em 08 de junho de 1984 e reside em Gemeses. “Mestre em Engenharia Biomédica” gere dois comércios que tem na Rua Direita. Um é o Café “De Lili & Cª Gourmet”, um espaço de referência no ramo gourmet e o outro uma loja de informática, a “B7 Clinica informática”. Um jovem empreendedor, que simpatiza e vibra com as vitórias do Futebol Clube do Porto e que tem como hobbys o surf e o Golfe.
CARO BRUNO TERRA, O que pensa da cidade e do concelho de Esposende?
Como diz o “slogan”, é um privilégio da natureza, temos Mar, Rio e Monte. Não há filas de trânsito, tem excelentes condições para a prática de desporto, quem vive em Esposende ganha anos de vida.
O que acha que pode ser melhorado no nosso concelho?
A praia de Suave Mar merece uma intervenção urgente. Se temos um problema de sazonalidade, sem praia não sei como será. A Zona industrial deve estar mais focada na captação de indústria e não de comércio. Com mais indústria, conseguiremos mais postos de trabalho e será mais fácil a fixação de pessoas, que este concelho tanto precisa. Um exemplo são empresas como a Impetus, Solidal, BBG e MacWin, precisamos de mais empresas como estas, que empreguem pessoas de Esposende, diminuindo a emigração de Esposendenses, e fixando os que são de fora. Um dos grandes entraves a esta fixação é que à noite durante o Inverno, Esposende fica deserta. Isso poderia ser atenuado com a atracção de um polo universitário, que há tanto tempo se fala. A Casa da Juventude também está a fazer um excelente trabalho na elaboração de eventos, não só no verão, mas durante o inverno.
DA ASSOCIAÇÃO
Nome completo da Associação?
Associação Rua 1º de Dezembro de Esposende, mas também conhecida por Associação dos Comerciantes da Rua Direita.
Quando foi fundada a Associação?
11 de Novembro de 2014
De onde e de quem é que surgiu a ideia para a fundação da Associação?
A associação surge de uma “conversa de café” entre mim e o Arq. Caldeira Figueiredo, em que falávamos dos problemas do comércio em fazer face às grandes superfícies. O Arquitecto falou de um projecto de cobertura de rua que idealizou em tempos e que seria interessante para esta rua. A partir daí começou-se a aprofundar o mesmo, chegando a um projecto orçamentado, sem custos nenhuns para a associação. Esse mesmo projecto foi mostrado aos comerciantes e moradores da rua em duas sessões, colhendo excelente aceitação. Entretanto, tomada em conta a sensibilidade dos comerciantes e moradores da rua, vimo-nos na necessidade de constituir uma associação para dar corpo a tal projecto e materializar algumas ideias que surgiram para dinamizar a rua nessas reuniões.
Como são constituídos os Órgãos Sociais?
Direcção:
Presidente: Bruno Alves Terra
Vice-Presidente: Cipriano Aparício Sousa
Secretária: Luísa Maria Maranhão Neiva
Tesoureiro: Rui Manuel Ferreira Teixeira
Conselho Fiscal:
Presidente: Luís Filipe Dias da Cunha
Mesa da Assembleia:
Presidente: José Eduardo Matos de Almeida Caldeira Figueiredo

Quais são os principais objetivos da Associação, ou seja, aqueles que constam dos estatutos?
Os objectivos são essencialmente os que constam do objeto social:
1 – A defesa, conservação e valorização do comércio, serviços e património local;
2 – A melhoria das condições ambientais e de qualidade de vida;
3 – A participação na gestão de instalações e equipamentos de interesse comum;
4 – A criação de condições para implementação e conservação de um sistema de cobertura do espaço público.
5 – Fomentar a participação da população da sua área na discussão dos problemas que, direta ou indiretamente lhes digam respeito;
A Associação já tem sede própria? Onde funcionam [ou vão funcionar os serviços]?
Dentro de uma pasta.
Quantos associados tem?
De momento contamos com a generalidade dos comerciantes da rua e alguns moradores.
Existe joia de entrada/admissão? Com que valor?
Não foi equacionado tal custo.
Qual é o valor da quota anual?
Estamos de momento a preparar a próxima Assembleia Geral, pelo que nos encontramos a ouvir as pessoas de modo a que não represente um encargo extra, já que uma grande parte são também associados da ACICE.
Qual é o relacionamento que têm com a ACICE?
Bom. Contamos já no natal com a colaboração da ACICE na decoração da nossa rua e esperamos continuar a contar com isso para o futuro.
Já estabeleceram algum acordo ou algum protocolo com a ACICE para a realização conjunta de atividades? A vossa atividade veio complementar a atividade da ACICE, substitui-la ou criar actividade própria?
Somos associações diferentes, a ACICE para todo o concelho, a nossa para a Rua Direita. A ACICE não pode privilegiar uma rua, tem todo um concelho para dinamizar, daí que tentaremos manter uma forte colaboração.
Sabendo que nesta Rua tem atividade pelo menos dois dos atuais vice-presidentes da ACICE, isso é um fator positivo ou negativo?
Muito positivo, total transparência.
Qual é o relacionamento com o poder político? Com a Câmara Municipal e com a Junta de Freguesia?
Bom com ambos. Têm manifestado total receptividade às iniciativas que temos concretizado.
O nascimento desta Associação prende-se com a falta de iniciativas na Rua Direita e na própria zona histórica de Esposende?
A associação surge pela necessidade de dinamizar a rua, os eventos na rua infelizmente eram escassos. Os clientes vão diminuindo, perdemos diariamente clientes para as grandes superfícies, mas não só. Em Esposende foi aplicado o efeito “Donuts”, encheu-se a periferia mas caiu o centro. A zona industrial, que cada vez mais se parece uma zona comercial com a grande vantagem do estacionamento, e a marginal de Esposende, muito bonita, mas que retirou gente do centro. Já vimos isto acontecer em outras cidades, como o Porto, que agora está a voltar as suas atenções para o centro.
Porque é que a designação só inclui os comerciantes «ASSOCIAÇÃO DOS COMERCIANTES DA RUA DIREITA», quando na rua também há muitas organizações que prestam serviços e alguns profissionais liberais? Os serviços e os liberais estão de fora?
A terminologia “associação dos comerciantes da rua direita” já utilizada teve unicamente em conta o factor de maior identificação da esmagadora maioria dos intervenientes. Contudo, conforme consta dos estatutos e do que foi a origem da associação já referida, a mesma engloba desde moradores a profissionais liberais, prestadores de serviços e todo o qualquer cidadão que se proponha a colaborar na defesa dos interesses da associação: estatutariamente, a promoção da Rua 1.º de Dezembro.
De onde provém as principais receitas para fazer face ao plano de atividades?
Dos comerciantes e demais sedeados na rua. Realizamos eventos e repartimos as despesas entre todos.
Uma vez que têm existência recente, que atividades é que já realizaram?
A principal actividade foi o desenvolvimento do projecto de cobertura, a decoração de natal, realizámos um desfile de moda com as lojas da rua, iniciativas para o dia da mãe e pai, e por último a Noite Branca.
A «Noite Branca» realizada há duas semanas teve um enorme sucesso. De certeza que é para repetir. Poderá passar por estes eventos, como o Dia da Mãe, o Dia do Pai, o Dia dos Namorados, a Noite Branca, os Desfiles de Moda e outros, o grosso da promoção da Rua Direita?
O facto de a rua ser pedonal e com o problema do estacionamento, diminui a visibilidade das lojas. A única forma de combater isto, será pela realização de eventos, que atraiam mais pessoas à rua. Um desses eventos, é a Noite Branca, que pretendemos repetir, melhorando dentro do que nos for possível.
Quais são as principais atividades ou eventos a realizar este ano, em especial até ao Natal?
Temos alguns eventos programados, que na altura devida serão revelados.
Sendo do conhecimento público a ideia de alguns dos comerciantes e empresários da Rua Direita para levar à prática um ambicioso e arrojado projeto para a cobertura de toda esta rua pedonal, na tentativa de a transformar numa espécie de Centro Comercial de Rua [à semelhança do que existe em Milão e noutras cidades], gostava de saber como está esse projeto?
O projeto foi exposto na Camara Municipal, e creio estar a ser analisado.
O que é que pensam fazer para dinamizar a atividade e o comércio local?
Outro dos objectivos desta associação é a resolução do problema do estacionamento no centro, uma vez que o parque existente é insuficiente. Temos clientes que nos dizem que não vêm tantas vezes ao centro devido à dificuldade de estacionamento, e que não se importariam até de pagar, aliás nós lojistas, não teríamos problemas em oferecer o estacionamento. Com uns eventuais parquímetros em algumas zonas, evitava-se os estacionamentos em segunda fila, e as pessoas tinham a certeza que conseguiriam estacionar perto da rua, especialmente nos dias de chuva.
Na Rua Direita encontra-se um dos mais antigos e mais conhecidos comércios de Esposende, que é a “Casa Terra” e que acaba de comemorar o seu 60º aniversário. Isto é sinal que a rua tem potencial e que por isso vale a pena investir aqui?
Já foi a ligação Porto/Viana, e uma das melhores ruas de comércio com trânsito. Hoje está um pouco esquecida, mas tem bastante potencial pela qualidade das lojas existentes.
Outra casa com tradição é a “Sapataria Rose” que no ano passado celebrou o seu 25º aniversário, e que foi em meu entender pioneira na cidade de Esposende, e não só nesta Rua, ao por mãos à obra e a tomar a iniciativa “per si” de realizar um evento com uma grande projeção e sucesso. O 1º Desfile de Moda da Rua Direita terá sido um bom exemplo, mobilizador e entusiasta para potenciar a união dos comerciantes?
A Sapataria Rose realizou um desfile, que foi um sucesso. Este ano decidimos alargar o desfile ao maior número de lojas da rua, daí termos chamado o 1º desfile de moda da Rua Direita. Foi um excelente evento, em que todos, uns mais outros menos como em tudo, se envolveram. Tivemos uma excelente adesão, atraindo bastantes pessoas para a rua.
Uma rua onde não faltam outros comércios com tradição e pergaminho, de diferentes áreas como pastelarias, farmácia, talho, quiosques, loja de fotografias, lojas de vestuário, informática, bicicletas e motociclos, perfumaria, ópticas, ourivesarias, decoração, lembranças, etc. Numa rua com este conjunto de NEGÓCIOS, afinal que outras atividades gostavam de ver cá instalados para aumentar e diversificar a oferta e assim atrair mais público e com mais regularidade?
Todas as atividades que ajudem a dinamizar e a enriquecer a rua. A união faz a força.
O que acham que deve ser feito para combater a sazonalidade que se verifica em toda a cidade, com 4 meses do ano [parte da primavera e verão] com muita gente na cidade e os restantes meses, em especial no inverno em que há muito menos gente e por isso também muitos menos negócios e vendas?
O importante seria a fixação de mais pessoas em Esposende, como referido anteriormente. A cobertura da rua daria um excelente contributo no combate à sazonalidade. E claro a eliminação das portagens, é difícil de conseguir mas se não se fizer força, de certeza que não acontecerá. Precisamos de mais pessoas a circular em Esposende, durante o Inverno.
Pensam abrir a associação a outras ruas da zona histórica, como a Conde Castro, a Valentim Ribeiro, a Senhora da Saúde, o Largo Fonseca Lima e o Largo Rodrigues Sampaio?
Não, aí já seria concorrência à ACICE. A nossa preocupação é a Rua Direita, com todo o respeito pelas outras ruas.
O que é que acham que a Câmara pode e deve fazer para ajudar o comércio local?
Estar disponível para nos ajudar, no que puderem, quando necessitarmos.
Estando a principal entrada da “CASA GRANDE” na Rua Direita, não terá a Câmara responsabilidades acrescidas para mobilizar, apoiar e potenciar o comércio local?
A câmara não vive do comércio e tem um concelho todo para se preocupar.
E a ACICE, pode ou não fazer mais pelo comércio da cidade?
Há sempre algo a melhorar, mas tem feito um bom trabalho.
O que acham da Feira Medieval a realizar-se precisamente por estes dias, também aqui na Rua Direita e a atrair milhares de visitantes? Os comerciantes locais aderem à iniciativa, alargando o horário de atendimento?
A data é boa, pois estende um pouco mais o verão, mas como em tudo é do agrado de uns e do desagrado de outros.
O que pensam fazer para que os proprietários de lojas desta rua que hoje estão sem qualquer ocupação possam vir a dar-lhes vida, seja arrendando-as, ou instalando atividade própria?
Ao dinamizarmos a rua, de certeza que haverão mais interessados em arrendar as lojas, e isso será benéfico para todos.
Oficialmente, é a RUA 1º DE DEZEMBRO, sendo mais popularmente conhecida pela RUA DIREITA, não seria melhor adotar só uma das designações para que mais facilmente seja identificada?
O termo até que pretendemos começar a trabalhar é Rua Direita ComVida pois a designação Rua 1.º de Dezembro foi uma forte imposição de registo de designação aquando da constituição da associação.
Aos esposendenses, turistas e visitantes, ou seja, aos Vossos clientes?
Visitem-nos, como sempre teremos muito gosto em vos receber.
NOA FINAL
Trata-se de uma rua com grande importância e com uma história riquíssima. Longe vão os tempos em que o Hotel Nélia era o ponto de encontro dos esposendenses de todo o concelho, independentemente da sua formação ou profissão. Aqui, fazia-se de tudo. Negócios, conversas acaloradas sobre a vida local, o futebol e sobre política. Por aqui passava muita da atividade pública de empresários e comerciantes. O Café Nélia, que se situava no Rés-do-Chão do Hotel recebia gente de todas as paragens e servia de referência para encontros de conhecidos e desconhecidos. Os carros circulavam por aqui, em sentido único e ainda havia uma fila de estacionamento. Não havia nenhuma pessoa que viesse a Esposende [pequeno centro urbano, é certo] e que não passasse na Rua Direita. Noutros tempos com o Hotel e o Café Nélia, o “Terra” das bicicletas e motorizadas [ainda hoje é mais que um simples negócio, mantendo-se um importante ponto de encontro de muitos esposendenses], o “Café Havaneza” e depois o “Marbela” [do Chefe Pasteleiro Rui Costa, que entrevista para a edição anterior], a “Farmácia Monteiro” [atualmente com novas instalações], a “Livraria Cávado”, as extintas “Casa Braga” e “Casa Silva” e vários outros espaços históricos. Comércios de que me lembro da minha infância. Uns desapareceram, mas muitos chegaram e mantêm-se. Atualmente são mais os que chegam e têm sucesso e isso deixa-me contente porque gosto de ver esta rua com muita gente e com os negócios a prosperar. A recuperação de habitações e comércios verificada nos últimos tempos, com a captação de famílias e profissionais de várias áreas, tem vindo a revitalizar e dar nova vida a uma das mais importantes artérias do centro histórico de Esposende. O Largo Rodrigues Sampaio, a Rua Direita e o Largo Fonseca Lima, são hoje o centro e a sala de visitas da cidade de Esposende, locais de passagem e paragem obrigatória.
O meu bem-haja a esta associação, das mais recentes do nosso concelho e o desejo de que cumpra os objetivos que preconiza e dê ainda mais vida à nossa lindíssima cidade e ao comércio local. Um forte abraço ao meu entrevistado de hoje, o meu amigo Bruno Terra e um obrigado pela forma como me recebeu na sua, minha e nossa RUA DIREITA.

Mário Fernandes





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