BRUNO TERRA PRESIDE À “ASSOCIAÇÃO DE
COMERCIANTES DA RUA DIREITA EM ESPOSENDE”
JOVEM
ESPOSENDENSE PRESIDE À MAIS RECENTE ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE ESPOSENDE E QUER
REVITALIZAR O COMÉRCIO DA RUA DIREITA E DAR MAIS VIDA AO CENTRO HISTÓRICO DE
ESPOSENDE
Vamos conhecer
melhor o meu entrevistado de hoje. Um jovem da família “Terra”, uma família com
tradições no comércio esposendense, e com forte presença na Rua Direita, onde
tem vários comércios a par do seu pai e do seu avô.
Bruno Alves
Terra, é natural de Esposende, onde nasceu em 08 de junho de 1984 e reside em
Gemeses. “Mestre em Engenharia Biomédica” gere dois comércios que tem na Rua
Direita. Um é o Café “De Lili & Cª Gourmet”, um espaço de referência no
ramo gourmet e o outro uma loja de informática, a “B7 Clinica informática”. Um
jovem empreendedor, que simpatiza e vibra com as vitórias do Futebol Clube do
Porto e que tem como hobbys o surf e o Golfe.
CARO BRUNO TERRA, O que pensa da cidade e do concelho de Esposende?
Como diz o “slogan”,
é um privilégio da natureza, temos Mar, Rio e Monte. Não há filas de trânsito,
tem excelentes condições para a prática de desporto, quem vive em Esposende
ganha anos de vida.
O que acha que pode ser melhorado no nosso concelho?
A praia de
Suave Mar merece uma intervenção urgente. Se temos um problema de sazonalidade,
sem praia não sei como será. A Zona industrial deve estar mais focada na
captação de indústria e não de comércio. Com mais indústria, conseguiremos mais
postos de trabalho e será mais fácil a fixação de pessoas, que este concelho
tanto precisa. Um exemplo são empresas como a Impetus, Solidal, BBG e MacWin,
precisamos de mais empresas como estas, que empreguem pessoas de Esposende,
diminuindo a emigração de Esposendenses, e fixando os que são de fora. Um dos
grandes entraves a esta fixação é que à noite durante o Inverno, Esposende fica
deserta. Isso poderia ser atenuado com a atracção de um polo universitário, que
há tanto tempo se fala. A Casa da Juventude também está a fazer um excelente
trabalho na elaboração de eventos, não só no verão, mas durante o inverno.
DA ASSOCIAÇÃO
Nome completo da Associação?
Associação
Rua 1º de Dezembro de Esposende, mas também conhecida por Associação dos
Comerciantes da Rua Direita.
Quando foi fundada a Associação?
11 de
Novembro de 2014
De onde e de quem é que surgiu a ideia para a fundação da
Associação?
A associação
surge de uma “conversa de café” entre mim e o Arq. Caldeira Figueiredo, em que
falávamos dos problemas do comércio em fazer face às grandes superfícies. O
Arquitecto falou de um projecto de cobertura de rua que idealizou em tempos e
que seria interessante para esta rua. A partir daí começou-se a aprofundar o
mesmo, chegando a um projecto orçamentado, sem custos nenhuns para a
associação. Esse mesmo projecto foi mostrado aos comerciantes e moradores da
rua em duas sessões, colhendo excelente aceitação. Entretanto, tomada em conta a
sensibilidade dos comerciantes e moradores da rua, vimo-nos na necessidade de
constituir uma associação para dar corpo a tal projecto e materializar algumas
ideias que surgiram para dinamizar a rua nessas reuniões.
Como são constituídos os Órgãos Sociais?
Direcção:
Presidente: Bruno
Alves Terra
Vice-Presidente:
Cipriano Aparício Sousa
Secretária: Luísa
Maria Maranhão Neiva
Tesoureiro: Rui
Manuel Ferreira Teixeira
Conselho
Fiscal:
Presidente: Luís
Filipe Dias da Cunha
Mesa da
Assembleia:
Presidente: José
Eduardo Matos de Almeida Caldeira Figueiredo
Quais são os principais objetivos da Associação, ou seja, aqueles
que constam dos estatutos?
Os objectivos
são essencialmente os que constam do objeto social:
1 – A defesa,
conservação e valorização do comércio, serviços e património local;
2 – A
melhoria das condições ambientais e de qualidade de vida;
3 – A
participação na gestão de instalações e equipamentos de interesse comum;
4 – A criação
de condições para implementação e conservação de um sistema de cobertura do
espaço público.
5 – Fomentar
a participação da população da sua área na discussão dos problemas que, direta
ou indiretamente lhes digam respeito;
A Associação já tem sede própria? Onde funcionam [ou vão funcionar
os serviços]?
Dentro de uma
pasta.
Quantos associados tem?
De momento
contamos com a generalidade dos comerciantes da rua e alguns moradores.
Existe joia de entrada/admissão? Com que valor?
Não foi
equacionado tal custo.
Qual é o valor da quota anual?
Estamos de
momento a preparar a próxima Assembleia Geral, pelo que nos encontramos a ouvir
as pessoas de modo a que não represente um encargo extra, já que uma grande
parte são também associados da ACICE.
Qual é o relacionamento que têm com a ACICE?
Bom. Contamos
já no natal com a colaboração da ACICE na decoração da nossa rua e esperamos
continuar a contar com isso para o futuro.
Já estabeleceram algum acordo ou algum protocolo com a ACICE para a
realização conjunta de atividades? A vossa atividade veio complementar a
atividade da ACICE, substitui-la ou criar actividade própria?
Somos
associações diferentes, a ACICE para todo o concelho, a nossa para a Rua
Direita. A ACICE não pode privilegiar uma rua, tem todo um concelho para
dinamizar, daí que tentaremos manter uma forte colaboração.
Sabendo que nesta Rua tem atividade pelo menos dois dos atuais
vice-presidentes da ACICE, isso é um fator positivo ou negativo?
Muito
positivo, total transparência.
Qual é o relacionamento com o poder político? Com a Câmara Municipal
e com a Junta de Freguesia?
Bom com
ambos. Têm manifestado total receptividade às iniciativas que temos
concretizado.
O nascimento desta Associação prende-se com a falta de iniciativas
na Rua Direita e na própria zona histórica de Esposende?
A associação
surge pela necessidade de dinamizar a rua, os eventos na rua infelizmente eram
escassos. Os clientes vão diminuindo, perdemos diariamente clientes para as
grandes superfícies, mas não só. Em Esposende foi aplicado o efeito “Donuts”,
encheu-se a periferia mas caiu o centro. A zona industrial, que cada vez mais
se parece uma zona comercial com a grande vantagem do estacionamento, e a
marginal de Esposende, muito bonita, mas que retirou gente do centro. Já vimos
isto acontecer em outras cidades, como o Porto, que agora está a voltar as suas
atenções para o centro.
Porque é que a designação só inclui os comerciantes «ASSOCIAÇÃO DOS
COMERCIANTES DA RUA DIREITA», quando na rua também há muitas organizações que
prestam serviços e alguns profissionais liberais? Os serviços e os liberais
estão de fora?
A
terminologia “associação dos comerciantes da rua direita” já utilizada teve
unicamente em conta o factor de maior identificação da esmagadora maioria dos
intervenientes. Contudo, conforme consta dos estatutos e do que foi a origem da
associação já referida, a mesma engloba desde moradores a profissionais
liberais, prestadores de serviços e todo o qualquer cidadão que se proponha a
colaborar na defesa dos interesses da associação: estatutariamente, a promoção
da Rua 1.º de Dezembro.
De onde provém as principais receitas para fazer face ao plano de
atividades?
Dos
comerciantes e demais sedeados na rua. Realizamos eventos e repartimos as despesas
entre todos.
Uma vez que têm existência recente, que atividades é que já
realizaram?
A principal
actividade foi o desenvolvimento do projecto de cobertura, a decoração de
natal, realizámos um desfile de moda com as lojas da rua, iniciativas para o dia
da mãe e pai, e por último a Noite Branca.
A «Noite Branca» realizada há duas semanas teve um enorme sucesso.
De certeza que é para repetir. Poderá passar por estes eventos, como o Dia da
Mãe, o Dia do Pai, o Dia dos Namorados, a Noite Branca, os Desfiles de Moda e
outros, o grosso da promoção da Rua Direita?
O facto de a
rua ser pedonal e com o problema do estacionamento, diminui a visibilidade das
lojas. A única forma de combater isto, será pela realização de eventos, que
atraiam mais pessoas à rua. Um desses eventos, é a Noite Branca, que
pretendemos repetir, melhorando dentro do que nos for possível.
Quais são as principais atividades ou eventos a realizar este ano,
em especial até ao Natal?
Temos alguns
eventos programados, que na altura devida serão revelados.
Sendo do conhecimento público a ideia de alguns dos comerciantes e
empresários da Rua Direita para levar à prática um ambicioso e arrojado projeto
para a cobertura de toda esta rua pedonal, na tentativa de a transformar numa
espécie de Centro Comercial de Rua [à semelhança do que existe em Milão e
noutras cidades], gostava de saber como está esse projeto?
O que é que pensam fazer para dinamizar a atividade e o comércio
local?
Outro dos
objectivos desta associação é a resolução do problema do estacionamento no
centro, uma vez que o parque existente é insuficiente. Temos clientes que nos
dizem que não vêm tantas vezes ao centro devido à dificuldade de
estacionamento, e que não se importariam até de pagar, aliás nós lojistas, não
teríamos problemas em oferecer o estacionamento. Com uns eventuais parquímetros
em algumas zonas, evitava-se os estacionamentos em segunda fila, e as pessoas
tinham a certeza que conseguiriam estacionar perto da rua, especialmente nos
dias de chuva.
Na Rua Direita encontra-se um dos mais antigos e mais conhecidos
comércios de Esposende, que é a “Casa Terra” e que acaba de comemorar o seu 60º
aniversário. Isto é sinal que a rua tem potencial e que por isso vale a pena
investir aqui?
Já foi a
ligação Porto/Viana, e uma das melhores ruas de comércio com trânsito. Hoje
está um pouco esquecida, mas tem bastante potencial pela qualidade das lojas
existentes.
Outra casa com tradição é a “Sapataria Rose” que no ano passado
celebrou o seu 25º aniversário, e que foi em meu entender pioneira na cidade de
Esposende, e não só nesta Rua, ao por mãos à obra e a tomar a iniciativa “per
si” de realizar um evento com uma grande projeção e sucesso. O 1º Desfile de
Moda da Rua Direita terá sido um bom exemplo, mobilizador e entusiasta para
potenciar a união dos comerciantes?
A Sapataria
Rose realizou um desfile, que foi um sucesso. Este ano decidimos alargar o
desfile ao maior número de lojas da rua, daí termos chamado o 1º desfile de
moda da Rua Direita. Foi um excelente evento, em que todos, uns mais outros
menos como em tudo, se envolveram. Tivemos uma excelente adesão, atraindo
bastantes pessoas para a rua.
Uma rua onde não faltam outros comércios com tradição e pergaminho,
de diferentes áreas como pastelarias, farmácia, talho, quiosques, loja de
fotografias, lojas de vestuário, informática, bicicletas e motociclos,
perfumaria, ópticas, ourivesarias, decoração, lembranças, etc. Numa rua com
este conjunto de NEGÓCIOS, afinal que outras atividades gostavam de ver cá
instalados para aumentar e diversificar a oferta e assim atrair mais público e
com mais regularidade?
Todas as atividades
que ajudem a dinamizar e a enriquecer a rua. A união faz a força.
O que acham que deve ser feito para combater a sazonalidade que se
verifica em toda a cidade, com 4 meses do ano [parte da primavera e verão] com
muita gente na cidade e os restantes meses, em especial no inverno em que há
muito menos gente e por isso também muitos menos negócios e vendas?
O importante
seria a fixação de mais pessoas em Esposende, como referido anteriormente. A
cobertura da rua daria um excelente contributo no combate à sazonalidade. E
claro a eliminação das portagens, é difícil de conseguir mas se não se fizer
força, de certeza que não acontecerá. Precisamos de mais pessoas a circular em
Esposende, durante o Inverno.
Pensam abrir a associação a outras ruas da zona histórica, como a
Conde Castro, a Valentim Ribeiro, a Senhora da Saúde, o Largo Fonseca Lima e o
Largo Rodrigues Sampaio?
Não, aí já
seria concorrência à ACICE. A nossa preocupação é a Rua Direita, com todo o
respeito pelas outras ruas.
O que é que acham que a Câmara pode e deve fazer para ajudar o
comércio local?
Estar
disponível para nos ajudar, no que puderem, quando necessitarmos.
Estando a principal entrada da “CASA GRANDE” na Rua Direita, não
terá a Câmara responsabilidades acrescidas para mobilizar, apoiar e potenciar o
comércio local?
A câmara não
vive do comércio e tem um concelho todo para se preocupar.
E a ACICE, pode ou não fazer mais pelo comércio da cidade?
Há sempre
algo a melhorar, mas tem feito um bom trabalho.
O que acham da Feira Medieval a realizar-se precisamente por estes
dias, também aqui na Rua Direita e a atrair milhares de visitantes? Os
comerciantes locais aderem à iniciativa, alargando o horário de atendimento?
A data é boa,
pois estende um pouco mais o verão, mas como em tudo é do agrado de uns e do
desagrado de outros.
O que pensam fazer para que os proprietários de lojas desta rua que
hoje estão sem qualquer ocupação possam vir a dar-lhes vida, seja
arrendando-as, ou instalando atividade própria?
Ao
dinamizarmos a rua, de certeza que haverão mais interessados em arrendar as
lojas, e isso será benéfico para todos.
Oficialmente, é a RUA 1º DE DEZEMBRO, sendo mais popularmente
conhecida pela RUA DIREITA, não seria melhor adotar só uma das designações para
que mais facilmente seja identificada?
O termo até
que pretendemos começar a trabalhar é Rua Direita ComVida pois a designação Rua
1.º de Dezembro foi uma forte imposição de registo de designação aquando da
constituição da associação.
Aos esposendenses, turistas e visitantes, ou seja, aos Vossos
clientes?
Visitem-nos,
como sempre teremos muito gosto em vos receber.
NOA FINAL
Trata-se de
uma rua com grande importância e com uma história riquíssima. Longe vão os
tempos em que o Hotel Nélia era o ponto de encontro dos esposendenses de todo o
concelho, independentemente da sua formação ou profissão. Aqui, fazia-se de
tudo. Negócios, conversas acaloradas sobre a vida local, o futebol e sobre política.
Por aqui passava muita da atividade pública de empresários e comerciantes. O
Café Nélia, que se situava no Rés-do-Chão do Hotel recebia gente de todas as
paragens e servia de referência para encontros de conhecidos e desconhecidos.
Os carros circulavam por aqui, em sentido único e ainda havia uma fila de
estacionamento. Não havia nenhuma pessoa que viesse a Esposende [pequeno centro
urbano, é certo] e que não passasse na Rua Direita. Noutros tempos com o Hotel
e o Café Nélia, o “Terra” das bicicletas e motorizadas [ainda hoje é mais que
um simples negócio, mantendo-se um importante ponto de encontro de muitos
esposendenses], o “Café Havaneza” e depois o “Marbela” [do Chefe Pasteleiro Rui
Costa, que entrevista para a edição anterior], a “Farmácia Monteiro” [atualmente
com novas instalações], a “Livraria Cávado”, as extintas “Casa Braga” e “Casa
Silva” e vários outros espaços históricos. Comércios de que me lembro da minha
infância. Uns desapareceram, mas muitos chegaram e mantêm-se. Atualmente são
mais os que chegam e têm sucesso e isso deixa-me contente porque gosto de ver
esta rua com muita gente e com os negócios a prosperar. A recuperação de
habitações e comércios verificada nos últimos tempos, com a captação de
famílias e profissionais de várias áreas, tem vindo a revitalizar e dar nova
vida a uma das mais importantes artérias do centro histórico de Esposende. O Largo
Rodrigues Sampaio, a Rua Direita e o Largo Fonseca Lima, são hoje o centro e a
sala de visitas da cidade de Esposende, locais de passagem e paragem
obrigatória.
O meu
bem-haja a esta associação, das mais recentes do nosso concelho e o desejo de
que cumpra os objetivos que preconiza e dê ainda mais vida à nossa lindíssima
cidade e ao comércio local. Um forte abraço ao meu entrevistado de hoje, o meu
amigo Bruno Terra e um obrigado pela forma como me recebeu na sua, minha e
nossa RUA DIREITA.
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