Esta tem sido uma semana fértil em acontecimentos e
notícias económico-financeiras, com apresentação de estudos, projectos e dados
estatísticos;
Assistimos à apresentação
de um relatório do «FMI» com sugestões para Portugal, com a continuação da
austeridade, tornando definitivos os cortes em salários, subsídios e pensões,
agravamento nas indemnizações e em várias outras áreas;
O que eu acho é que esta
aposta, pelo que já se viu, numa terapia errada, pode, em vez de curar, matar o «doente»;
Sabemos que o «FMI»
representa os credores de Portugal, mas também sabemos que estes se estão nas
tintas para as dificuldades das famílias portuguesas;
Portugal tem sido cobaia,
ou seja, um autêntico laboratório de ensaio, com a agravante de sermos hoje um
país sem moeda própria o que dificulta irremediavelmente a nossa situação,
advindo daqui uma enorme diferença.
Um dos principais
problemas que nos trouxe até aqui, a seguir às más governações de vários
governos e à própria crise internacional, foi o facto de este governo ter
querido ir muito além da própria «Troika», em muitas das áreas fundamentais,
acrescendo ainda o facto de o Governo ter pouca capacidade negocial e de
pretenderem exibir-se como o bom aluno da Europa.
Europa esta que devia
pensar, isso sim, em soluções globais para dar efectivas respostas aos desafios
que se colocam aos Estados membros.
Esta mesma Europa que
pagou, com a conivência dos nossos governos, para a destruição total ou quase
total da nossa indústria e do nosso aparelho produtivo, com os famosos
subsídios para cortar videiras e logo a seguir para plantar e depois ainda para
voltar a cortar, o mesmo se passou com a produção leiteira, onde os nossos
produtores agrícolas pagavam enormes multas se excedessem as suas quotas, suas
quer dizer, as quotas impostas pela então CEE, as pescas, com o abate da frota
pesqueira e tudo o mais que fosse produção nacional e que concorresse com as
economias daqueles que nos davam tão insuspeitos subsídios.
Fomos na cantiga e somos
hoje praticamente um país sem recursos próprios com a sua subsistência em
causa.
Depois disto, ainda parece
que ficamos muito admirados, com as notícias desta semana de que a Alemanha
está com um excedente comercial nas suas exportações. Foi engraçado ver «José
M. Barroso» anunciar um inquérito para descobrir as causas e os efeitos desta
situação verificada em terras da senhora «Angela».
A minha questão é; Á custa
de quem se está a verificar esta excedente? Todos sabemos, sem a necessidade de
qualquer inquérito, que é muito à custa da generalidade dos países do sul da
Europa.
Então o que é que nos
resta hoje? A cortiça, o vinho, o têxtil e o calçado, alguns serviços
especializados e o… Turismo!
Indústria «pesada», com
ascendente exportador e de valor acrescentado é o que se vê. As nossas
principais, pelo menos maiores, já não são «nossas» e muitas delas até já
transferiram asa suas sedes para outros países, pagando lá os seus impostos,
parece que com claras vantagens financeiras.
O país regista hoje uma enorme
fadiga, por isso urge aproveitar, se é que assim se pode falar, aproveitar esta
crise para encontrar um modelo económico que responda aos novos paradigmas, que
aposta em áreas chave, como o turismo, a agricultura, as pescas e claro está a
indústria, que gerem confiança e promovam a sustentabilidade.
Para isso precisamos de
consensos, não de unanimismos, precisamos de aproveitar os contributos de
todos: Ao governo cabe governar, mas deve fazê-lo, especialmente nesta altura,
aceitando contributos das oposições, que também têm a obrigação de apresentar
as suas próprias propostas, pois afirmam ter alternativas, dos parceiros
sociais e da própria sociedade civil.
A «reforma do Estado»,
deve aproveitar as generalidades há dias apresentadas pelo governo, enquanto
documentos de partida, mas deve ser pensada com base na actual realidade,
corrigindo erros do passado, mas aproveitando muito do que de bem se faz, para
desta forma remover os principais obstáculos que têm impedido o crescimento.
A economia não pode ser pensada só a nível
«macro», porque isso, como se está a ver pelos dados acabados de divulgar pelo
INE, onde se refere que a nossa economia já se encontra a crescer, há dois
trimestres consecutivos, o que sendo importante, nada diz às famílias, muitas delas
em enormes dificuldades para fazer face aos seus compromissos.
Há uma situação que tenho
visto muito pouco debatida, que é o facto de o Estado ter imposto toda esta
gravosa austeridade às portuguesas e aos portugueses, tendo-lhes reduzido os
seus rendimentos, esquecendo totalmente o facto de estas mesmas famílias terem
compromissos assumidos de diversa índole, com prazos e valores definidos, sendo
essa a principal razão porque acho que a carga fiscal deve aliviar tão breve
quanto possível, para estimular o consumo e tornar o crescimento económico mais
sólido.
Sabendo-se hoje mesmo que
a Irlanda pretende abdicar de qualquer ajuda ou plano para o pós-troika, como
fica agora a situação de Portugal que já andava a comparar-se com aquele país?
Sobre este tema deixo mais uma questão: Estará Portugal, daqui por seis meses,
em condições de imitar a Irlanda e livrar-se da troika sem mais programas de
ajuda?
Sobre a recente extinção
das Freguesias, sem critérios, como se viu e como aliás é do conhecimento
geral, que levou às actuais Uniões forçadas, quero dizer que estou expectante
para ver as conclusões do Núcleo de Estudos de Direito das Autarquias Locais,
que vai ser apresentado no próximo dia 6 de dezembro, mas cujo presidente, o
investigador, Doutor Cândido de Oliveira, já vai antecipando as conclusões para
afirmar pelo «CHUMBO» desta reforma, idealizada pelo ex.Ministro Miguel Relvas.
Este mesmo investigador avisa “vai haver problemas, porque… cortes percentuais
dão asneira”. Palavras do presidente do NEDAL.
Uma sugestão para o fim de
semana; Visitem a Casa de Marinhas, a «Casa Museu do Arquictecto Viana de
Lima», agora aberta ao público em horário alargado, de terça a domingo.
Quero aproveitar para dar
os parabéns ao atleta, canoísta, João Ribeiro e ao seu colega de equipa,
Emanuel Silva, pelo galardão de Equipa Desportiva do Ano, recebido ontem na
Gala do Desporto.
Despeço-me com o desejo de
logo à noite ver uma selecção nacional forte frente à Suécia e que o resultado
nos sorria, com uma vitória que nos coloque em vantagem para a segunda mão,
rumo ao Brasil!
Bom fim-de-semana, um
abraço e até à próxima!
MF
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